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Trabalho Comparativista entre o Livro e o Filme O Retrato de Dorian Gray

Por:   •  12/4/2018  •  2.247 Palavras (9 Páginas)  •  474 Visualizações

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A próxima comparação que se pode fazer é uma alteração que o diretor faz em relação a obra, o trecho do livro é o seguinte:

- Há anos, quando eu era um menino – disse Dorian Gray, triturando a flor nas pontas dos dedos –, tu me lisonjeaste e me ensinaste a envaidecer-me da minha beleza. Um dia apresentaste-me a um de teus amigos, que me explicou o milagre da mocidade, e fizeste-me esse retrato que me revelou o milagre da beleza. Em um momento de loucura, que, mesmo agora, não sei se lamente ou não, fiz um voto que talvez denomines uma prece... (Wilde, 2009 pag. 151,152).

No filme Dorian fala para Basil, que por causa da sua pintura (a cena mostra Dorian pegando a mão de Basil e colocando em sua face), o seu rosto nunca ia envelhecer. No contexto do filme, não se passa os anos, como aconteceu no livro. Dorian Gray ainda é um jovem. Outro detalhe importante é o posicionamento de luz, está somente nos atores fazendo a face dos próprios se destacarem mais que o cenário.

Outro fato importante a comparar é que, a última parte desse trecho em que Dorian se refere ao termo prece, significa o pacto que fez para manter-se jovem. Um pacto com Diabo, mas não fica tão evidente, precisa se ler mais alguns parágrafos para poder chegar a tal conclusão. Quando Basil fala que no retrato não era a imagem de Dorian: e sim de um sátiro (pag. 152), podemos notar a intertextualidade presente. O fator da mitologia grega “sátiro”, tende a ser relacionado principalmente na Idade Média como uma das representações do Diabo. E seguindo um pouco mais o pintor fala que a pintura: tem os olhos do demônio. Na adaptação quem nos influência a suspeitar que há uma pacto com o diabo é Basil. O pintor fala para Dorian que poderiam conseguir ajuda, com um padre ou um curandeiro para destruir “isto”, referindo ao retrato. Nessa parte da cena o diretor proporcionou mais a situação de suspense que na obra. Há novamente o olhar da posição do retrato para os personagens. Continua o aspecto escuro (pouca luz) e lúgrube. A música de fundo se torna mais rápida e é adicionado o som do vento sussurrando no sótão, o que transmite a sensação de medo para o espectador.

- O ASSASSINATO

Na obra o narrador descreve-o assim:

Dorian Gray olhou o retrato e, súbito, um indefinível sentimento de ódio contra Basil Hallward apoderou-se dele, como se lhe fosse sugerido por essa figura pintada na tela, sibilado ao ouvido por esses lábios em esgares... Os selvagens instintos de um animal acuado despertavam nele e então detestou esse homem assentado junto à mesa, mais do que nenhuma outra coisa na sua vida!...

Observou ferozmente ao redor de si... À sua frente, faiscava um objeto sobre o cofre pintado. O seu olhar parou nele. Lembrou-se do que era: uma faca que fizera subir, dias antes, para cortar uma corda e que se esquecera de reconduzir. Avançou docemente, passando pelo perto de Hallward fez um movimento, como para levantar-se da poltrona... Dorian saltou sobre ele, enfiou-lhe a faca atrás da orelha, cortando-lhe a carótida, rachando-lhe a cabeça contra a mesa e desferindo-lhe golpes furiosos... (Wilde, 2009 pag. 153).

No filme há pequenas mudanças no jeito que Dorian Grey acaba assassinando Basil Hallwark. Dorian se dirigia ao espelho que estava no sótão quando, o pintor se dirigia a ele, tentando o convencer que queria ajuda-lo. Essa parte se torna engenhosa, o espelho estava quebrado. E enquanto Basil falava (os dois olhavam para o espelho, mais precisamente pra o reflexo de Dorian). Diferentemente do livro a expressão de Dorian não era de ódio ou raiva. A face era de extrema calma e frieza. Outro aspecto diferente é que não tinha nenhuma faca, e tão pouco procurava algum objeto. Dorian simplesmente retira um pedaço do espelho que estava quebrado. Mas o enquadramento da imagem não mostra Dorian retirando, nem seu olhar mostra que ele está pegando esse pedaço do espelho. E quando ele faz tal movimento o enquadramento da câmera está em Basil. O que faz entender é o efeito que a sonoplastia faz; o barulho da retirada desse pedaço de vidro. Logo em seguida aparece o enquadramento dos dois personagens, e então é possível notar o pedaço do espelho faltado. Outro efeito e quando Dorian pega o pedaço de espelho o efeito reflexo da luz no espelho maior causa uma pequena luminosidade. Isso nos dá outro indicio que ele irá usar para algum fim de maldade.

Houve um gemido abafado e o horrível gorgulho do sangue na gorja. Três vezes os dois braços se suspenderam convulsivamente, agitando grotescamente no vácuo duas mãos com dedos crispados... Dorian feriu duas vezes ainda, mas o homem não se mexeu mais. Qualquer coisa começou a escorrer pelo chão. Ele estacou um instante, sustentando sempre a cabeça... Depois atirou a faca sobre a mesa e pôs-se a escutar.

Não ouviu senão um ruído de gotas tombando da escada a cãs estava absolutamente tranqüila. Não havia ninguém. Conservou-se alguns instantes curvado sobre a baluastra, procurando varar a obscuridade profunda e silenciosa do vácuo. Depois tirou a chave da fechadura, voltou ao quarto e nele fechou-se... (Wilde, 2009 pag. 153,154).

No filme quando Basil dá as costas, com um movimento de ir embora desse lugar, Dorian vira-se rapidamente e golpeia Basil no pescoço, este por sua vez, dá um gemido alto de dor, encosta-se a uma das madeiras de sustentação do telhado e cai vagarosamente, encostando-se no chão e agonizando. Dorian acaba dando uns passos para trás e olhando a figura de seu amigo. A cena seguinte mostra Dorian indo em direção a Basil (neste momento a câmera foca, como se estivesse em Basil olhando para Dorian). O assassino acaba por tirar a lâmina cravada em seu pescoço. Esta cena o diretor do filme acrescenta, para dar um tom mais dramático à circunstância. Logo em seguida Dorian fica sobre o corpo de Basil e acrescenta três novas punhaladas com a lâmina do espelho em seu peito. Para dar uma cena mais horrenda, a câmera foca no personagem Dorian enquanto recebe os esguichos de sangue do morto. A sensação que passa é como se o assassino banha-se em sangue. O barulho do vento batendo e o aspecto frio do personagem torna-o uma espécie de carniceiro (ainda mais que na sequência o assassino acaba pegando uma peça do traje de Basil sujo de sangue, e cheira com prazer para sentir o sangue). No fim a última cena mostra, o enquadramento de Dorian cheirando a peça suja de sangue, com o retrato finalmente aparecendo no fundo, pouca luz nesse enquadramento. Som sepulcral na cena. A câmera sai desse enquadramento e começa a focalizar somente o quadro, e aproximando cada

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