RESENHA DE: Marcuschi, Luiz Antônio– Produção textual, análise de gêneros e compreensão

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aborda o fato de ser relevante para o ensino de língua o aspecto intercultural dos gêneros, pois eles não têm a mesma circulação situacional em todas as culturas. No caso do Brasil, um país grande territorialmente e com uma cultura bastante heterogênea ele levanta uma questão importante: como isso pode e deve passar para o livro didático? É um tema polêmico e não há consenso. Sua posição sobre o assunto é:

“Creio que se deveria oferecer um ensino culturalmente sensível, tendo em vista a pluralidade cultural. Não se deveria privilegiar o urbanismo elitizado, mas frisar a variação linguística, social, temática, de costumes, crenças, valores etc.” (Página 172, MARCUSCHI).

Contudo, o que realmente acontece é que os livros didáticos atuais não estão ainda dessa forma, mas já estão mais abertos a essa visão e já até sugerem atividades extraclasse que conduzem a esse caminho.

Outra discussão considerável e ainda em andamento é a que diz respeito ao suporte dos gêneros. É uma questão complexa que ainda não tem decisão clara e há estudos sistemáticos sobre o assunto. Mas não podemos esquecer da importância do suporte, pois ele é indispensável para a circulação do gênero na sociedade.

Há duas categorias de suportes textuais: a dos suportes convencionais e a dos suportes incidentais e em seu texto Marcuschi detalha e dá exemplos de cada uma dessas categorias.

O autor aborda ainda os gêneros emergentes na mídia virtual e a relação com o ensino, pois como há uma grande inserção de novas tecnologias no momento atual. Então, é pertinente indagar-se se como a escola deverá se ocupar dos gêneros do discurso virtual ou se isso não é sua atribuição. É um ponto interessante que ele discute e analisa em seu texto.

Por fim, Marcuschi nos apresenta o ensino por sequências didáticas, criado por Joaquim Dolz e Bernard Schneuwly, que é uma metodologia com base nos gêneros textuais diversos, ou seja, “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (DOLZ e SCHNEUWLY 2004:97).

O autor também nos apresenta a proposta de Bronckart e o seu trabalho com os gêneros.

Por todos esses aspectos, podemos considerar que essa obra do Luiz Antônio Marcuschi é de total relevância para o entendimento do papel dos gêneros textuais no ensino, no funcionamento da sociedade, no controle social, na oralidade e também na escrita.