Periodos Literarios - Artigo
Por: Kleber.Oliveira • 23/4/2018 • 1.493 Palavras (6 Páginas) • 304 Visualizações
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Segundo Cadermatori (1990):
A poesia cortês medieval é uma poesia convencional: a amada é dotada sempre das mesmas características, e festejada de uma única maneira, dando a impressão de que o objeto da cantiga não é uma mulher determinada, com traços individuais, mas uma imagem ideal, ou seja, um modelo literário referido de modo uniforme, como se todas as composições fossem obra de um mesmo poeta. Antes de ser a manifestação do amor a uma mulher determinada, o idealismo do amor cortês, sem disfarçar seu sensualismo, constitui-se numa rebelião contra o mandamento religioso da continência, numa época em que a Igreja detinha o grande poder repressor, conclamando os homens para a negação de seu corpo e de qualquer prazer que não fosse espiritual. (CADEMARTORI, 1990, p. 12)
As cantigas eram produzidas de variadas formas e por conta disso tiveram subclassificações, em: cantigas d’amor, cantigas d’amigo e cantigas de escárnio e maldizer. Determinadas em cada uma delas a depender do objeto central da temática literária produzida.
Ainda na Idade Média, a medida que a sociedade se sentiu mais livre dos modelos autoritários impostos pela Igreja e gozou de uma maior liberdade de produção. O divino deixou de ser o foco das produções e o homem passou a ser cultuado. “Esse antropocentrismo, oposto ao teocentrismo medieval, caracteriza o Renascimento, identificado pela valorização da razão, pelo culto aos valores da Antiguidade Clássica e pelo humanismo.” (CADEMARTORI, 1990, p. 16)
Nesse sentido, o Renascimento buscou como critérios fundamentais a ordem, regularidade e precisão formal em sua escrita. Além de valorizar a natureza humana e sua autodeterminação na personalidade. A religiosidade do povo não foi esquecida, apenas não mais predominou.
Também com o Renascimento surge pela primeira vez a idéia de “gênio”, que trouxe consigo uma outra, a da propriedade intelectual. Na Idade Média, faltando essa idéia, faltava também a preocupação em ser original. Sendo a arte concebida como manifestação da idéia de Deus, e o artista somente um instrumento pelo qual se fazia visível a ordem eterna e a sobrenaturalidade das coisas, não poderia haver a idéia de propriedade do artista sobre sua obra. Portanto, a idéia de propriedade intelectual só se tornou possível com a desintegração da cultura cristã. Cessando o domínio absoluto da Igreja sobre todos os setores culturais, houve lugar para a autonomia da expressão. (CADEMARTORI, 1990, p. 19)
Foi também no Renascimento que surgiu a ideia de um “público de arte”. A arte deixou se ser consumida por apenas obrigação imposta a todos que tinham direito a seu acesso, mas também por um público ávido pelas criações. “O público passa a julgar a arte não somente do ponto de vista da vida e da religião, mas também a partir do ponto de vista da própria arte.” (CADEMARTORI, 1990, p. 19)
Como busca de uma convergências entre as forças da Idade e do Renascimento, surge o Maneirismo, entre 1515 e 1600, para romper as barreiras da objetividade Renascentista e trazer uma perspectiva mais subjetiva do artista. Os artistas Maneiristas se colocam mais nas obras. Bem como busca inserir o leitor quando passa a pensar na experiente dele no ato da leitura. Essa fase busca trabalhar com a natureza, ao invés de apenas retrata-la.
a fusão do cômico e do trágico; a dupla natureza do herói, ora ridículo, ora sublime; a alusão do narrador à narrativa como sendo algo fictício; a presença do grotesco; a mescla de elementos realistas e fantásticos no relato; a união dos traços das novelas idealistas de cavalaria com traços picarescos vulgares; o convívio do diálogo cotidiano com recursos retóricos elaborados; o descuido com a execução da obra. (CADEMARTORI, 1990, p.23)
Cademartori (1990) também apresenta outras características marcantes desta escola.
o trabalho com mescla de temas trágicos e cômicos; na síntese de elementos sensuais e intelectuais; na ornamentação da composição; na acentuação do ilógico, do insondável, do absurdo da vida; na concepção da teatralidade da vida; na linguagem carregada de metáforas, assonâncias e jogos de palavras. (CADEMARTORI, 1990, p. 23)
Concluindo, podemos entender que a literatura desde sempre mostrou ter um papel social muito importante. Embora nem sempre fosse modeladora ela se mostrava influenciadora dos modelos considerados mais adequados para viver nos primórdios dos Períodos Literários.
Assim como a visão de mundo e de moral e imoral para determinadas sociedades muda a literatura também muda. Muda por fatores externos a obra ou até mesmo por fatores pessoais dos artistas. Uma leitura nova de algum escritor acerca de algum tema pode fortemente influenciar o surgimento de uma nova Fase.
Dessa forma concluímos que a função social da literatura é tão importante quanto sua função artística. Na verdade, não dá para imaginar uma literatura completamente separada de sua época. Embora muitos autores tenham conseguido ultrapassar os séculos ainda assim suas obras carregam traços de quando foram escritas.
Referencia:
CADEMARTORI, Lígia. Períodos Literários. Série
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