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A cosmovisão Judaico-Cristão no Imaginário Poético de Murilo Mendes

Por:   •  27/8/2018  •  19.539 Palavras (79 Páginas)  •  420 Visualizações

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Apresentação de Murilo Mendes

Ninguém melhor que o próprio autor para dizer quem ele é, pois apesar de não haver o distanciamento necessário, ele tem uma visão privilegiada acerca de si, tendo acesso pleno à sua vida interior. Por esse motivo, transcreveremos e analisaremos o perfil que Murilo Mendes fazia de si mesmo e também a sua "Microdefinição do autor", que aparece no livro Poliedro.

2.1 Perfil de Murilo Mendes

Na seção "Flash" do jornal "A Manhã", em 15 de maio de 1949, o poeta Murilo Mendes escreveu seu perfil, com humor e ironia, dando mostras de sua personalidade, gostos e idiossincrasias:

Nome: Murilo Monteiro Mendes.

Nasceu em 1901, Juiz de Fora, Minas.

Casado, sem filhos.

Altura: 1,83m.

Colarinho n.º 39.

Sapato 41; pesa 80 quilos.

Usa óculos só por causa da luminosidade.

Tem cabelos, mas com entrada.

É católico romano e relaxado.

Assiste à missa habitualmente às 10 horas aos domingos no Mosteiro de São Bento.

Não suporta os vizinhos que usam rádio alto.

Sofre de fotofobia, calor e da falta de árvores do Rio de Janeiro.

Não fuma e nunca fumou.

Gosta muito de beber vinho, com exceção do nacional.

Sua fruta predileta: banana-prata.

Gosta de fazer e receber visitas.

Jogou no bicho, antigamente.

É nervoso, mas se controla muito.

Seu prato predileto: tutu de feijão à mineira.

Gosta de passar temporadas nas cidades antigas de Minas.

É indiferente ao futebol.

Dorme cedo e acorda cedo.

Gosta de andar a pé e de avião.

No momento está apaixonado pela igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto.

Responde cartas com atraso, mas responde.

Tolera tudo, menos a vulgaridade.

Gosta de três bichos: panda, cavalo e boi.

Cultiva a amizade como uma das belas-artes.

Poetas brasileiros que lhe são mais familiares: Castro Alves, Alphonsus de Guimarães, Raimundo Correia, Manuel Bandeira Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Jorge de Lima, Vinícius de Moraes, Dante Milano, Ledo Ivo, Marcos Konder Reis, João Cabral de Melo Neto, Dantas Mota e Alphonsus de Guimarães Filho.

Se pudesse recomeçar a vida, gostaria de ser arquiteto.

Sente-se expulso de sua cidade adotiva, o Rio.

Tocou piano de ouvido em criança.

Coleciona imagens antigas de santos.

Seus teólogos preferidos: São Paulo e São João.

Ajuda a mulher em casa, devido ao seu senso de ordem.

Só toma banho de chuveiro e frio.

Antigamente achava que mamão lhe causava resfriados.

Seu escrito preferido: Stendhal.

Pintores brasileiros de sua predileção: Portinari, Pancetti, Cícero Dias, Ismael Nery, Di Cavalcanti, Guignard e Djanira.

Compositores prediletos: a trindade una e indivisível - Bach, Mozart e Beethoven. Também gosta muito de Haydn, Haendel, Debussy, Stravinski e Villa-Lobos.

Escuta música diariamente das 9 às 10 da noite.

Escultores brasileiros preferidos: Aleijadinho, Celso Antonio e Bruno Giorgi.

Gosta também de música popular, de blues e sambas.

Gosta de qualquer canto, inclusive de pregões cujo desaparecimento lamenta; gosta de escalas de piano.

Sente-se cada vez mais universal e mineiro.

Dos seus livros publicados prefere somente o último.

Só escreve à mão e muito rapidamente.

Leituras prediletas: livros de religião, poesia e jornais.

Romancistas brasileiros que lhe são mais familiares: Machado de Assis, Cornélio Pena, Lúcio Cardoso e Octavio de Faria.

Dá nome às suas gravatas e vitrolas.

Santos de sua devoção: São Francisco de Assis, Santa Catarina de Siena.

É amigo pessoal de Mozart, Stendhal, William Blake, El Greco e o Aleijadinho.

Considera a dança uma das supremas expressões religiosas.

Tem medo de morrer.

É sócio fundador da sociedade dos Três Reis Magos.

Coloca a poesia muito acima da política.

É inimigo pessoal de Hitler e de outros palhaços parecidos.

Seu passeio predileto: livrarias, casas de música e antiquários.

Publicou seu primeiro poema com 24 anos de idade.

Acha que o Brasil perdeu o sentido da banana, vendo mesmo nisso um dos indícios de sua decadência.

Lamenta ser o antitécnico por excelência.

Sonha com a criação do estado mundial cooperativo.

Gostaria de escrever ao menos um poema hermético.

Acredita em almas do outro mundo, viu certa vez Mozart estendido no chão do seu quarto às 16 horas, vestido com fraque azul.

Foi um grande carnavalesco. Não se conforma com a liquidação do carnaval.

Foi o único brasileiro a vaiar exposições

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