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Resenha: Campos da violência

Por:   •  17/10/2018  •  1.251 Palavras (6 Páginas)  •  237 Visualizações

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De acordo com Silvia H. Lara o controle social deve ser visto não como uma violência imposta sobre os submissos, fazer isso empobreceria um sistema que não é pobre, um sistema longe de ser baseado em apenas uma relação de poder, mas sim, um sistema baseado em “diferentes formas de controle, nem sempre convergentes, que diziam respeito a diversas formas de dominação entrelaçadas. ”[1]. Sabendo disso, levanta-se a questão: Será que apenas através da violência, como fugas e lutas que os escravos se tornavam autores de sua própria liberdade?

Mas Silvia H. Lara mostra isso de uma forma muita mais inusitada em sua obra, pois ela não faz perguntas tão pertinentes, mas ao invés disso mostra o que é preciso para chegar nas respostas sem ao menos fazer as perguntas, algo que fica claro, por exemplo, na sua análise de dados quantitativos, quando ela discorre sobre a quantidade de processos, em que o escravo era tanto réu quanto vítima, onde, como réu, ele aparece majoritariamente nos crimes de furto, mas mesmo assim, existia uma diferença entre o processo judicial e a prisão desses, revelando aí duas instâncias de controle social, pois nesses casos de furto não havia processo judicial, mas na maioria das vezes apenas prisão, algo que a autora toma como uma forma do senhor de escravos manter sua autoridade sobre esses assuntos. Ainda nesse contexto, percebe-se, através dos mesmos dados, que crimes como assassinatos possuíam escravos com maior presença no âmbito de vítima, mas não necessariamente porque havia uma preocupação maior com a vida dos escravos, na verdade uma boa quantidade desses casos nem foram resolvidos, a preocupação maior aqui era, como foi dito anteriormente, ressarcir o senhor que havia perdido o escravo.

A partir das informações colocadas aqui, conclui-se então, que o caráter de dominação desse sistema é muito mais complexo do que se enxerga o olhar desatento daquele que está de fora. A violência, sozinha, não é capaz de estruturar um sistema como esse. Baseado nisso também pode-se dizer, que talvez o discurso da vitimização não seja o mais adequado para tratar do assunto, pois esse acaba com o potencial de ação daqueles indivíduos, que como foi posto aqui, com certeza agenciavam, de um certo modo, suas vidas e liberdade, entretanto não se deve perder a noção de que o discurso da vitimização, ao menos, denuncia essas práticas.

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