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Resenha 18 de Brumário

Por:   •  5/11/2018  •  2.457 Palavras (10 Páginas)  •  244 Visualizações

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Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram. A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem estar empenhados em transformar a si mesmos e as coisas, em criar algo nunca antes visto, exatamente nessas épocas de crise revolucionária, eles conjuram temerosamente a ajuda dos espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem, o seu fi gurino, a fi m de representar, com essa venerável roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empréstimo, as novas cenas da história mundial. (MARX, 2011, p. 26)

Marx prova em seu livro que os "heróis", assim como os partidos da Revolução francesa, buscam instaurar uma sociedade burguesa moderna se utilizando de "disfarces" e "frases romanas". Porém, essa nostalgia, irá se adequar ao ambiente francês reavivando assim o espírito revolucionário transcendente em todoas as épocas. Contudo, é preciso ter um conhecimento relevante sobre a Revolução Francesa de 1789 para compreender a poderosa escrita de Marx, que além de ácida, é poética e lúcida. Além disso, é importante salientar que em 1848 a França promulga uma nova constituição, através de uma nova revolução, na qual Luis Bonaparte sai como vencedor das eleições estabelecidas. Após quatro anos, chegando o momento de novas eleições, assim como seu tio - demonstrando que a história se repete, como farsa -, dará um Golpe de Estado para se manter no poder. É daí que Marx concebe o título de sua obra, na qual o Golpe de Estado seria o 18 de Brumário de Luís Napoleão Bonaparte.

Foi com o fi gurino romano e a fraseologia romana que os heróis Camille D esmoulins, Danton, Robespierre, Saint-Just, Napoleão, mas também os partidos e as massas da velha Revolução Francesa, enfrentaram a missão da sua época, a saber, a de desencadear e erigir a moderna sociedade burguesa. (MARX, 2010, p. 26)

Marx divide o período analisado em três momentos fundamentais: 1) período de fevereiro, considerado o prólogo da revolução; 2) de maio de 1848 à maio de 1849, período da Assembleia Nacional Constituinte; 3) de maio de 1849 à 2 de dezembro de 1851, período da república ou da Assembleia Nacional Legislativa.

No primeiro período tudo foi proposto como provisório. Entretato, com o levante de feveiro e suas propostas como reforma eleitoral com o intuito de derrubar a aristocracia financeira, o levante é sufocado, melhor dizendo, massacrado, pois, enquanto o proletaria de Paris se entregava às discussões políticas, velhos grupos e velhas forças políticas da sociedade se uniam com um apoio inesperado dos camponeses e pequeno-burgueses, agentes agora presentes no cenário político, para matar o espírito revolucionário da classe proletária já em seu berço.

A obra demonstra claramente a dissimulação do espírito revolucionário, na verdade, não do espírito, mas sism do conteúdo revolucionário. Isso acontece devido ao pavor de uma revolução vinda das classes trabalhadoras, que naquele momento estavam em plena agitação revolucionária. Foi assim que diversas classes se uniram com a intenção de conservar seu privilégios. Isto posto, Marx nos atenta que como forma de reação, o Estado, impossibilitando consquistas e demandas das classes trabalhadoras, une diversas classes e agentes políticos e fazendo retornar à sua forma antiga de dominação, segundo Marx, "desavergonhada", com um poder central.

A Revolução de Fevereiro foi um atropelamento que pegou de surpresa a antiga sociedade, e o povo proclamou esse ataque-surpresa como um feito que teria inaugurado uma nova era na história mundial.

[...]A própria sociedade deveria ter conquistado para si mesma um novo conteúdo; em vez disso, foi meramente o Estado que retornou à sua forma mais antiga, ao domínio despudoradamente simples da espada e da batina. Assim, a resposta ao coup de main [ataque-surpresa] de fevereiro de 1848 foi o coup de tête [cabeçada, ação impensada] de dezembro de 1851. (MARX, 2010, p. 29)

Marx vai enfatizar durante todo o livro as diversas lutas de classes que se dão neste momento de efervescência política. Assim, nos atenta sempre para a manipulação das classes sobre as outras. É assim que a classe operária, por exemplo, se rebela e se coloca em luta armada, incitada inicialmente pela alta burguesia republicana. A falta de uma estratégia própria, faz com que a classe operária tenha vitórias, mas não conquistas, i. e., a classe operária vence brigas que não são verdadeiramente suas. Ora, a força que poderia ter uma classe operária unida já era analisada pela alta burguesia que tentava livrar-se desse agente político poderoso, fazendo coligações com diversas classes e camadas sociais. Assim, os insurretos são massacrados brutalmente quando seu levante se direciona ao então formado Partido da Ordem.

Enquanto o proletariado parisiense ainda se comprazia na contemplação da ampla perspectiva que se lhe descortinara e se entregava a discussões bem-intencionadas sobre os problemas sociais, os velhos poderes da sociedade se reagruparam, reuniram-se, ponderaram e receberam o apoio inesperado da massa da nação, dos camponeses e pequenoburgueses, os quais se lançaram todos de uma só vez à arena política após a queda das barreiras da Monarquia de Julho. (MARX, 2010, p. 33)

No segundo período, se funda a república burguesa através da Constituição. Em 15 de maio o proletariado tenta dissolver a Assembleia, e em junho, na insurreição, são massacrados, passaando ao pano de fundo no cenário político revolucionário. As classes se uniam perante o discurso de combater um mal maior, um mal que ameaçava a família, a igreja e a ordem. Assim como hoje, foi usado o discurso de inimigo comum, do partido da ordem frente à anarquia, ao socialismo e ao comunismo, todos representado pela classe operária.

À monarquia burguesa de Luís Filipe só poderia seguir a república burguesa, isto é, ao passo que, em nome do rei, o governo foi exercido por uma parcela restrita da burguesia, em nome do povo, a totalidade da burguesia passaria a governar. As exigências do proletariado parisiense eram baboseiras utópicas que deveriam ser detidas. A resposta do proletariado parisiense a essa declaração da Assembleia Nacional Constituinte foi a Insurreição de Junho, o mais colossal acontecimento na história das guerras civis europeias. A república burguesa triunfou. Ela teve o apoio da aristocracia fi nanceira,

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