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Os Impactos do comercio nas sociedades de agricultores em Moçambique

Por:   •  9/11/2018  •  2.644 Palavras (11 Páginas)  •  340 Visualizações

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Os diversos autores estão em plena concordância que os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os Khoisan, que eram caçadores e recolectores. Há cerca de dez mil anos a costa de Moçambique na altura era uma região de grande fertilidade e as grandes extensões de savana onde abundavam animais indígenas e com condições essenciais para a fixação de povos caçadores-recolectores e até de agricultores.

A partir dos séculos I a IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu, que eram agricultores e já conheciam a metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era a agricultura, principalmente de cereais locais, como a mapira (sorgo) e a mexoeira; a olaria, tecelagem e metalurgia, mas nessa época a manufactura destinava-se a suprir as necessidades familiares e o comércio era efectuado por troca directa.

2.Conceptualização (Estado)

Estado vem do latim “status”, que tem o significado de situação, condição, modo de estar. Quando a palavra é grafada com letra inicial maiúscula define uma organização de natureza política.

Estado é um conjunto de instituições formado por um governo, as forças armadas e o funcionalismo público que administram e controlam uma nação, tornando-a um país soberano, tendo estrutura própria e sendo politicamente organizado, numa área territorial perfeitamente delimitada por fronteiras respeitadas internacionalmente (PENA, s/d).

Neste caso, Estado seria uma comunidade organizada politicamente, ocupando um território definido, normalmente sob Constituição e dirigida por um governo.

2.1.Formação dos primeiros Estados de Moçambique e o comércio com os árabes (séc. IX-XV)

A necessidade de expandir na religião Islâmica foi devido a desertificação da parte da Arábia, a procura de mercados seguros, dadas suas tradições comerciais, foi entre outras razões que levaram a que grupo Árabes, deixassem a sua terra natal – região do Golfo Pérsico e se fixassem na costa oriental africana a partir do século VII, tendo se sustentado que a primeira fixação em Moçambique tenha ocorrido nos anos 800 (século IX). Os mercadores asiáticos traziam consigo missangas, porcelanas, tecidos, vidros, banana, câmaras, perfumes e em troa recebiam ouro, marfim e escravos e em menor escala Âmbar, Cerra, etc.

De acordo com SERRA (1983), foi a partir do século IX E.C, que começou fixar-se na costa oriental de África em geral e na costa de Moçambique em particular, pequenos grupos de Árabes que, através do comércio e de casamentos sucessivos com mulheres locais, deram origem a núcleos linguísticos suailizados e a comunidades politicamente estruturadas. Estes povos fundaram entrepostos na costa africana e começaram a se dedicarem a um activo comércio com as "terras de Sofala", incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e outros metais.

A respeito da importância do uso do ferro na época, salienta MACHADO (1970):

“De facto, o ferro era tão importante que se pensa que as "aspas" de ferro - em forma de X, com cerca de 30 cm de comprimento, que formam abundantes achados arqueológicos nesta região, eram utilizadas como moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda" foi substituída por outra: tubos de penas de aves cheias de ouro em pó - os meticais cujo nome deu origem à actual moeda de Moçambique”.

Com o crescimento demográfico, novas invasões e principalmente com a chegada dos mercadores, a estrutura política tornou-se mais complexa, com linhagens dominando outras e finalmente, formando-se verdadeiros estados na região. Um dos mais importantes foi o primeiro estado do Zimbabué.

3.Os primeiros estados de Moçambique

3.1.O estado do Zimbabué

O primeiro estado do Zimbabué existiu aproximadamente entre 1250 e 1450 na região da actual República do Zimbabué. O seu nome deriva dos amuralhados de pedra que a aristocracia fazia construir à volta das suas habitações e que se chamavam madzimbabwe.

Em Moçambique conhecem-se também ruínas de madzimbabwe, a mais importante das quais chamada Manyikeni, a cerca de 50 km de Vilankulo, na província de Inhambane, e a cerca de 450 km do Grande Zimbabué. Para além da grande fertilidade da região onde este estado se estabeleceu, o apogeu do primeiro estado do Zimbabué deve estar ligado à mineração e metalurgia do ouro, muito procurado pelos mercadores originários da zona do Golfo Pérsico que já demandavam as "terras de Sofala", pelo menos desde o século XII.

Segundo RITA-FERREIRA (1982, p. 44), entre 1300 e 1450, o Estado do Grande Zimbábuè atingiu o auge da sua prosperidade, intensificando o comércio externo e aumentando as suas manadas. Aperfeiçoou as técnicas de construção e organizou a mobilização da grande quantidade de mão-de-obra indispensável à extracção. As muralhas asseguravam a defesa, a distinção e a privacidade dos dirigentes. Até a sua olaria se diferenciava da dos súbditos. Também dispunham de cerâmica importada e de uma notável variedade de outros produtos ultramarinos, incluindo sedas e bordados. Entregavam parte do ouro a artífices especializados que confeccionavam jóias de apurado gosto.

Ainda salienta DA COSTA (s/d): “O Estado Zimbabwe começa a desenvolver-se no planalto do Zimbabwe e regiões circunvizinhas cerca do ano 1000 da nossa era. Atingiu o seu maior desenvolvimento a partir do ano 1200. É por esta altura que foram construídas as muralhas de pedra como as do Grande Zimbabwe ou as de Manhiquene. Através da exploração da actividade produtiva da população, a classe dirigente do Estado Zimbabwe tornou-se cada vez mais rica. Trocava ouro e outros metais, bem como marfim e peles de animais, com os comerciantes árabes que, entretanto, se tinham fixado nas regiões costeiras. Em troca obtinha bens que apenas serviam para o seu prestígio. como tecidos, missangas coloridas e objectos de vidro e porcelana. Este comércio é um factor importante para a compreensão do rápido desenvolvimento do Estado Zimbabwe”.

Aproximadamente no ano 1450, devido ao grande número de pessoas e gado existentes em Grande Zimbabwe, a capacidade da terra para a agricultura e para as pastagens do gado tornou-se insuficiente. Por essa razão, as populações que ali viviam tiveram necessidade de se deslocar para outras áreas. Também por esta altura começa a diminuir o comércio com os árabes da costa, que entretanto tinham iniciado contactos e trocas com outras populações. Isto marca o início

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