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Hábitos alimentares na cultura brasileira e no mundo

Por:   •  8/5/2018  •  2.650 Palavras (11 Páginas)  •  547 Visualizações

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Será que comida e alimento são as mesmas coisas? Os alimentos são sempre ingeridos sob alguma forma culturalizada. Como por exemplo, o próprio cozimento do alimento ou não cozimento, como acontece em algumas culturas. Já a comida é o alimento, transformado naquilo que se come sob uma forma especifica, com um molho de que gostamos, com o temperinho que só a vó sabe fazer, de preferência com um aspecto visual em um cheiro convidativo. Assim, o que é “comida” em uma cultura, não é em outra, fato derivado não de seu valor (ou não) nutritivo ou perigo a saúde (MACIEL, 1996). Na China, cachorro é uma prato apreciadíssimo, no Ocidente, cachorro na refeição só se for como “cachorro-quente” (pão e salsicha). Enquanto, em alguns países adorarem uma churrascaria, a maioria dos indianos considera uma temeridade comer carne de vaca- um animal sagrado na cosmologia hindu. E, por falar em “ sagrado”, os fatores religiosos influenciaram profundamente certos hábitos alimentares principalmente aos de crenças antagônicas, como é o exemplo dos indianos, e também dos israelitas que não comer carne de porco ou o católico que não comer carne durante a semana santa.

Esses tipos de hábitos alimentares geram um certo tipo de preconceito, que são aversões a certas características de alimentos ou de preparações alimentícias, ou repugnância ao preparo desse alimento. Culturalmente, é normal entre os Wayana a mastigação do beiju pelas mulheres, durante sua melhor fermentação, para outras culturas é, de certo modo, ostil e repugnante.

O que vai à mesa?

A comensalidade é outro aspecto relacionado as ritualizações das refeições. Comensalidade deriva do latim mensa, que significa conviver a mesa e isto envolve não somente o padrão alimentar ou o que se come, mas principalmente, como se come. Comer é realizado pelo individuo em seu interesse mais pessoal; comer acompanhado, porém, coloca necessariamente o individuo diante do grupo, usando-se o ato de comer como veículo para relacionamentos sociais: a satisfação da mais individual das necessidades torna-se um meio de criar uma comunidade. Neste mesmo raciocínio, a origem da palavra companhia deriva da palavra latina companion, que significa: “uma pessoa que compartilha o pão”. Partir o pão e partilha-los com amigos significa a própria amizade, e também confiança, prazer e gratidão pela partilha.

Todo tipo de civilização possui seu comportamento em relação à mesa, como por exemplo, os orientais não admitem a hipótese de comer na mesa que um inimigo; antigamente os indígenas não conversavam durante a refeição (hoje em dia já foram influenciados pelo homem branco); nos antigos banquetes ingleses só se conversava depois do brinde do rei; alguns povos ( e em famílias em particular) rezam antes e depois da refeição. Nos centros urbanos, atualmente, há uma grande informalidade à mesa e pouca apresentação da comida. A “mesa posta” é reservada para situações mais formais e rituais, enquanto no cotidiano as pessoas “fazem o prato” e vão comer em frente a TV, na sala ou no quarto. E apesar de algumas residências a cabeceira da mesa ainda ser reservado ao “chefe da família“, não observamos hierarquias rígidas ou muitas formalidades na composição da mesa. Entre os Wayana, ocorre da seguinte forma,

o convite para a refeição comunitária masculina é feito pelo chefe da família , o primeiro a se instalar no terreiro. Em seguida, convida cada homem, nominalmente. Após um curto tempo as convivas se aproximam trazendo seus bancos de madeira, kololo, pois os homens jamais sentam no chão e se organizam em círculo.

A seleção do cardápio, na maioria das vezes, permanece como funções das mulheres (mães ou esposas). A disposição e composição de alimentos entre os Wayana também ocorre dessa forma:

a principal produtora de alimentos cozidos é a mulher. O homem, produtor de carne crua, recebe na infância, alimentos preparados por sua mãe, e na idade adulta, por suas irmãs ou esposas.

Influências na alimentação brasileira

Em falar em cardápio, temos um leque de opções que se miscigenaram por todo o país, que tiveram varias influencias, entre elas a indígena, africana e portuguesa. Dentre as influencias indígenas podemos destacar a mandioca, o mingau, a paçoca, o pirão, o beiju. Entre as influencias portuguesas temos os vinhos, o gado, a manga, sarapatel, fruta-do-conde e varias especiarias. E por último, a influencia africana, uma culinária que se diversificou no Brasil, principalmente no norte e nordeste. Destaca-se a seguir as principais contribuições africanas: a banana, azeite de dendê, pimenta malagueta, coqueiro, galinha d’angola, o leite de coco ( que segundo Cascudo, é um ingrediente indispensável nas iguarias africanas) e o cuscuz.

Atualmente, por todo o país, costuma-se ingerir cardápios muito semelhantes, com reduzidíssima presença de itens considerados “regionais”, (como esses citados acima). Os trios “feijão, arroz e carne”, no caso do almoço e do jantar, e “café, leite e pão” no caso do café da manhã são os absolutos campeões na maioria dos lares brasileiros.

As bebidas

Os hábitos alimentares não se restringem apenas as comidas, haviam as bebidas, que fazem parte da refeição do ser humano desde muito tempo e vem se difundindo e se transformando ao longo dos séculos, dente os vários povos. Elas são muito apreciadas, fermentadas ou não, fazem muito gosto pela população. Os indígenas tinham a bebida como alimento. Diferente do “homem branco” que vê a bebida como um certo tipo divertimento em horas festivas, tomadas em dia de calor e longe de comidas. No texto de Câmara Cascudo, ele descreve sobre as bebidas que eram mais consumidas entre os negros:

(...) as bebidas mais comuns que o negro mais aprecia são fabricadas de diversas plantas. Os bambaras, segundo, refere Caillé, usam uma espécie de cerveja ou hibromel, feita de mel e milho fermentado; (...) A bebida favorita do negro africano é o vinho de palma (pombé) extraído por meio de uma incisão feita no alto da árvore. A seiva da palmeira fornece um licor muito estimado.

As bebidas que hoje, tomam conta do gosto popular é a cerveja (difundida no brasil pela cervejarias de influências holandesas, inglesas, dinamarquesas e norueguesas que invadiram a cidade do Rio de Janeiro, no fim do século XVIII e inicio do século XIX) e a cachaça ( teve sua popularização durante o período colonial do Brasil). Dentre as bebidas mais refinadas estão o vinho, que foi trazido pelo colonizador

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