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A Terra Sonambula

Por:   •  24/12/2018  •  1.816 Palavras (8 Páginas)  •  567 Visualizações

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Na busca de se tornar um guerreiro naparama Kindzu segue pelo mar, em mais um de seus sonhos, viu um anão que um conduziu a um navio encalhado na busca de mantimentos, o que ele não poderia esperar é ali vivia uma mulher, esta estava buscando sair daquela terra, esta se chamava Farida e havia saído de sua vila, pois lá não era aceita, pois de acordo com as tradições locais irmãos que eram gêmeos não eram bem aceitos entre aquela população, a mãe que tivesse teria que matar uma das crianças. E para sua infelicidade ela nasceu gêmea a mãe escolheu ficar com ela e deu a irmã, sendo que na vila todos acreditavam que a irmã de Farida estava morta, além disso, antes da chegada dela ao navio ela viveu com um casal de colonos portugueses Virginia e Romão, ela acabou sendo abusada pelo colono o que a levou a uma gravidez indesejada. Isso piorava a situação de Farida entre seus conterrâneos, forçando-a a ir embora, tendo que deixar a criança sob a guarda de umas religiosas, anos mais tarde o garoto sumiu sem que ninguém mais soubesse do seu paradeiro.

Kandzu e Faride tiveram uma boa convivência, o que os aproximou muito, ela era detentora de considerada beleza o que despertava desejo no rapaz, e acabaram se entregando a esse desejo. Kindzu que leva-la consigo, mas ela achou melhor ficar e lhe fez um pedido que ele trouxesse seu filho desaparecido. Sendo assim ele saiu de lá com a missão de encontrar o filho perdido de Faride e se tornar um grande guerreiro naparama.

Nesse meio tempo Thahir e Muidinga passam por muitas situações diferentes, primeiro eles resolvem deixar o mochimbombo muito por insistência do garoto que não queria ficar mais ali parado, então seguiram nessa caminhada encontraram um velho chamado Siqueleto, que agia de forma indiferente as desgraças que ocorriam por ali, depois conheceram Nhamataca que acreditava ter o poder de cavar e criar um rio, estas experiências iam moldando o garoto fazendo com que ele fosse amadurecendo. E sem falar nas velhas que tiveram o papel de iniciar o garoto a vida sexual, embora isso tenha acontecido de uma forma não muito agradável, pois, Muidinga foi molestado por elas.

Na busca pelo filho de Farida e pelo sonho de se tornar uma naparama Kindzu vive as mais varadas histórias, encontra a irmã gêmea de Faride, reencontra seu amigo indiano, só que este não é mais o mesmo, os terrores da guerra acabaram por deixa-lo com várias sequelas, encontra a uma tia de Faride e dona Virginia que após a morte de Romão passa a se refugiar na sua loucura, o colono mesmo após a morte volta com frequência para mostrar o quanto pode ser ruim. Conhece a realidade dos campos onde ficavam abrigados os refugiados da guerra.

Nos últimos capítulos Thahir e Muidinga não aguentam mais ficar no machimbombo então saem, queriam ver o mar, influenciados pelas estórias de Kindzu. No decorrer do percurso o velho adoece deixando o menino bem preocupado, a morte se aproximava dos dois amigos. Ao chegarem à praia Thahir avista um barco e pede que seja colocado lá para que possa morrer no mar, muito relutante o garoto o coloca ao chegarem ao barco à surpresa, este trazia o nome de Taimo, o pai de Kindzu.

Nesse meio tempo Kindzu fica arrasado ao saber da morte de Farida. Ele reencontra com as pessoas de sua antiga vila. O feiticeiro faz algumas considerações sobre a situação em que se encontrava Moçambique, e lança um feitiço que faz que todos virem bichos, o surpreendente é que o irmão desaparecido de Kindzu o Junito (25 de Junho) aparece e vai perdendo a forma de galo que lhe foi dada no passado, nesse momento os malfeitores aparecem querendo matar Junito, nesse momento Kindzu se vê como um dos guerreiros Naparamas, e tira-os de lá. Kindzu segue seu caminho e acaba encontrando Muidinga que possuía seus cadernos este andava sozinho, sem pensar ele chama o garoto de Gaspar que se sente nascer novamente.

Na obra Terra Sonâmbula fica evidente a grande ligação da população moçambicana com as tradições das suas varias culturas, essa fascinante estória trás o caráter poético de Mia Couto, que trata com maestria os assuntos dolorosos para os africanos. Os sofrimentos, a miséria, a fome tudo isso veio com a guerra, que sem duvidas foi uma terrível doença para a construção e uma nação. O nome do irmão de Kindzu, 25 de Junho, faz referencia a data de Independência do país acredito que seu desparecimento esta relacionado os tempos em que Moçambique não teve paz, o memento em que o país estava nas mãos dos malfeitores caracterizados pelo administrador, Antoninho e Romão. E Kindzu está representando aquelas pessoas que tinham o espirito de que dias melhores estavam por vir.

O terror da guerra acabou por destruir o espirito de nacionalismo que aqueles moçambicanos poderiam vir a ter. O sofrimento, a miséria é o que os que estavam no comando buscavam, uma população demasiadamente destruída seria perfeita para suas pretensões de dominação, isso fica evidente na fala do feiticeiro no ultimo caderno de Kindzu “Porque esta guerra não foi feita para vos tirar do país, mas para tirar o país de dentro de vós” p.201. Nem mesmo os sonhos pertenciam mais àquelas pessoas.

Pude notar que as práticas religiosas são detentoras de muito poder entre a sofrida população de Moçambique, porém a tradição oral ocupa um papel de destaque entre todos ali, não só em Moçambique, mas na África toda, o texto do também autor africano Hampate Bá “A tradição viva” aborda esses assuntos muito bem, a cultura diversificada,

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