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A Proclamação da República, Emilia Viotti da Costa

Por:   •  17/5/2018  •  3.887 Palavras (16 Páginas)  •  322 Visualizações

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Os novos grupos

- Ligados à indústria pleiteando proteção do governo, como saída econômica à instabilidade libertando-se da monocultura, diminuindo as importações, aliviando a balança comercial e alcançando a independência econômica.

- Pequena e média burguesia, ligados às atividades mercantis, às profissões liberais, à administração pública, aos meios de transporte, bancos etc., que crescia progressivamente e gerava uma massa urbana, com perspectivas próprias, abandonando muitos dos valores tradicionais, apesar de ainda ligadas aos senhores rurais. Fazer sua distinção é muito difícil, porquanto alguns acumulavam pecúlio e afazendavam-se, tornando-se senhores de terras e escravos, mas ainda há que conhecer sua existência urbana diferenciada, pois comportavam-se de outras maneiras sobre abolição, eleições diretas e República, revelando o caráter de sua posição.

- Camadas urbanas mais pobres, provavelmente ligadas ao trabalho livre.

Os grupos tradicionais

As transformações econômicas também afetam os grupos tradicionais. Nas zonas pioneiras, os fazendeiros aperfeiçoam os métodos e introduzem o trabalho livre (SP), já nas zonas mais antigas que se apegavam a formas tradicionais de produção e trabalho escravo, a produção diminuía (RJ). Estas últimas estavam decadentes desde os anos setenta, mas principalmente oitenta, por não substituírem a mão-de-obra escrava; a baixa produtividade condenava ao abandono e decrepitude. Endividados, não conseguiam melhorar a produtividade, pois não tinham chances de competir com o nível salarial das regiões próximas. “Não podiam melhorar o sistema de produção porque não dispunham de capitais e não dispunham de capitais porque era baixa a produtividade de seus cafezais.”

- Cafeicultores do Oeste Paulista: pretendiam estimular a imigração e construir ferrovias em sua região.

- Vale do Paraíba: faziam oposição, acusando os paulistas de confundirem interesses particulares com provinciais onerando os cofres públicos. As divergências repercutiam no plano nacional.

A oposição entre “progressistas” e “tradicionais” se deu também em outras áreas do país, dificultando o processo de modernização da economia, inclusive na produção açucareira no Nordeste e a mesma coisa se verificou na produção no RS. Acentuavam-se as diferenças entre os setores mais arcaicos e incapazes de se modernizar e os mais progressistas. O enfraquecimento dos grupos tradicionais que tinham sido suporte da Monarquia durante todo o Império, abalou as bases do trono. A abolição seria um golpe para esses grupos. Enfraqueciam-se ainda mais as bases sociais já debilitadas sobre as quais se apoiava a Monarquia.

AS CONTRADIÇÕES DO SISTEMA E AS NOVAS ASPIRAÇÕES

O ideal de federação

Sistema federativo como solução para as contradições do sistema (linhas progressistas versus linhas tradicionais), pois o excesso de centralização administrativa imperial era considerado por uma parcela do país um entrave ao desenvolvimento do país e solução dos problemas mais urgentes.

A identificação entre poder político e econômico e a ausência de conflitos fundamentais entre os grupos dominantes favoreceram a sobrevivência do regime imperial, até que os conflitos e contradições gerados pelas transformações econômicas e sociais do país e o desequilíbrio entre poder econômico e político puserem em xeque as soluções tradicionais, trazendo de volta a ideia federativa pelo Partido Liberal no Manifesto Republicano de 1870, onde aparece o modelo de estados ligados pela nacionalidade e defesa da soberania. Como argumentos, havia a dificuldade de comunicação para uma administração eficaz e as diferenças regionais (uma máscara para a intenção de maior autonomia local). A federação iria pôr fim às ideias separatistas e seria uma transição segura para um regime democrático e para a República; São Paulo (novidade!!!) consubstanciava o separatismo como anseio e aspirações de zonas progressistas.

Contradições entre o poder político e o poder econômico: separatismo

Ideias separatistas eram oriundas do profundo desequilíbrio entre poder político e poder econômico, onde as regiões mais produtivas se viam como pouco representativas no governo, isto é, os declinantes barões do café do Vale do Paraíba ainda detinham o poder político, enquanto as oligarquias do Oeste Paulista, lideranças econômicas em exportação, tinham uma representação política pequena, contando com 3 dos 59 senadores em 1889, por exemplo, e até mesmo o presidente da província era oriundo de outras regiões.

Por tais fatores, os paulistas estavam profundamente descontentes, eram orgulhosos de seu poder econômico, mas prejudicados nos seus interesses pelo cerceamento de suas iniciativas oriundo de uma administração excessivamente centralizada. A ideia de federação, assim, encontraria entre eles numerosos defensores, os mais extremos ainda falariam em separação e a maioria consideraria a República como solução ideal. Circulava-se entre alguns a ideia de que era mais prezado o título de ser paulista do que de ser brasileiro. Entre suas principais queixas, figuravam a exiguidade da representação paulista e a [grande] má distribuição da renda arrecadada na Província (que se evadia para os cofres do governo geral), e pareciam-lhes suficientes para justificar a linguagem separatista. Separação ou Federação, entendida como completa autonomia administrativa, política e econômica, é o dilema que se coloca a partir de então e que nem mesmo a República resolveu totalmente.

Nem todos se manifestavam em 1889 a favor da solução radical do separatismo e no próprio diretório do Partido Republicano acabou prevalecendo a ideia federativa como solução mais indicada, por recolher os conflitos sem pôr em risco a unidade nacional e acabou prevalecendo sobre as demais.

O MOVIMENTO REPUBLICANO

O ideal republicano

Este ideal não é novo, mas já foi utópico, pois não constituiu nas passagens de regime uma ação organizada, um Partido Republicano e/ou um planejamento revolucionário. Porém, em 1870, com as novas condições sociais e econômicas, esta situação mudará e lhe trará novo prestígio com a criação do Partido, oriundo de uma cisão, sendo ala radical, do Partido Liberal e difundiu-se por várias províncias do

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