A Era da Big Science
Por: SonSolimar • 3/5/2018 • 2.790 Palavras (12 Páginas) • 335 Visualizações
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- Pesquisa Básica e sua influência na formação do mundo contemporâneo
Após a segunda guerra mundial foi necessário rearranjar as diretrizes do papel da ciência em tempos de paz, já que outrora, durante o período da grande guerra, ela teve destaque nos investimentos dos países centrais. Para tal, nos EUA, o então presidente Franklin D. Roosevelt solicitou a Vannevar Bush, diretor do Office of Scientific Research and Development (OSRD), que lhe escrevesse sobre o futuro da função do Estado na ciência. Apesar de Roosevelt ter morrido não muito tempo após esse pedido, Bush o realizou e entregou o seu relatório “Science, the Endless Frontier” para o presidente Harry Truman.
Esse relatório feito por Bush se tornou um marco, pois ele instituiu os rumos do investimento estatal em pesquisa e ciência nas décadas que seguiram o pós guerra. Nele, foi criado um novo termo, muito usado posteriormente, o qual foi a base de todo documento: Pesquisa Básica. Bush, definiu pesquisa básica como o ramo da ciência voltado ao conhecimento em geral e ao entendimento da natureza e suas leis. Assim, para ele, o governo deveria investir em pesquisa básica sem pensar, diretamente, em quais resultados práticos para a sociedade aquele investimento resultaria.
Dessa forma, criou-se um modelo linear do processo de inovação, que é uma visão unidimensional do modelo dinâmico proposto por Bush. Esse modelo predizia que a pesquisa básica poderia acarretar em algum momento em uma pesquisa aplicada e em desenvolvimento e, em seguida, em inovação de produtos e processos. Assim, segundo Bush, para um país atingir desenvolvimento pleno era necessário investir em pesquisa básica, pois, “uma nação que depende de outras para conseguir seu conhecimento básico novo será lenta em seu progresso industrial e fraca em sua situação competitiva no comércio mundial”.
O documento de Bush também recomendava ao governo uma intervenção mais direta do Estado na produção científica como mecanismo de promoção do desenvolvimento econômico e do bem estar da sociedade moderna. Essa intervenção estatal já vinha ocorrendo desde a segunda guerra mundial e continua após o seu fim. O principal indicador de tal intervenção é o fortalecimento das universidades públicas e instituições ligadas à pesquisa em geral (seja ela básica ou aplicada), o que culminou na formação de mais engenheiros, criação de mais laboratórios e na valorização do cientista, conforme pode se ver na tabela abaixo:
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Durante as décadas de 40, 50 e 60 o Big Science vive seu ápice, porém já na década de 70, o investimento governamental maciço em pesquisas que não necessariamente resultam em impactos positivos para a sociedade começa a mostrar suas fragilidades. A principal delas foi a necessidade da política científica e tecnológica responder a desafios mais imediatos que surgiam para a sociedade como na área de saúde e de energia.
A crise do petróleo fez surgir novas urgências para a sociedade americana e assim os programas de pesquisa na área nuclear e de energias alternativas ao petróleo da década de 1970 preencheram a agenda de pesquisa do governo americano. Percebe-se assim um investimento do governo maior em pesquisas aplicáveis do que em pesquisa básica, e sua participação só fui diminuindo, se estabilizando no final do século XX.
O setor público que representava 67% do financiamento de P&D nos Estados Unidos, em 1965, irá definhar progressivamente até alcançar, em 2000, 27%, ao passo que o financiamento de origem empresarial ocupará o espaço deixado pelo Estado. Essa mudança ocorrerá em função de um progressivo estancamento dos gastos públicos e da expansão do gasto privado em P&D.
- Big Science no Brasil
A política científica e tecnológica brasileira deu menos ênfase aos grandes programas tecnológicos do que em países desenvolvidos. A chamada Big Science ocupou menor espaço no país e a Big Technology, que recebeu forte apoio durante os governos militares com os programas aeroespaciais, militares e nuclear, perdeu progressivamente espaço a partir do processo de redemocratização do país.
Um dos motivos que explicam a menor atuação brasileira no contexto mundial do Big Science durante o século XX, foi o fato do pais acompanhar tardiamente, e de forma muito mais limitada, a evolução das nações líderes ocidentais. O sistema de C&T brasileiro era muito mais incipiente quando se cristalizou a mudança de postura do Estado no pós guerra. O apoio público sistemático à atividade de pesquisa organizada começa a ocorrer a partir da década de 1950 com a criação do CNPq e da Capes e de instituições de pesquisa como o CBPF. Ainda assim, esse sistema era de pequeno porte até o final da década de 1960, quando ocorreu a formação de numerosos institutos públicos e a promoção da pós-graduação nas universidades públicas. Nesse período, consolida-se o financiamento à inovação tecnológica com a criação do FNDCT e da Finep. O sistema de C&T brasileiro assume uma dimensão próxima da atual durante esse período.
- Principal Projeto do Big Science: Projeto Manhattan
- Contexto Histórico:
Em 1939, Albert Einstein advertiu o presidente Franklin D. Roosevelt do perigo do ditador Hitler construir a primeira bomba atômica na Alemanha, fazendo com que o então presidente dos EUA emitissem uma ordem que levaria os americanos ao pioneirismo em armamentos nucleares. Sendo assim que nasce o Projeto X, mais conhecido como Projeto Manhattan, cujo objetivo era colocar fim à Segunda Guerra Mundial a partir da construção da primeira bomba atômica, com o apoio do Reino Unido e do Canadá.
- Estabelecimento do Projeto:
Considerado um dos maiores segredos da história, o Projeto Manhattan custou bilhões de dólares, tendo agregado, aproximadamente, 400 000 pessoas, sendo que 95 % dessas não sabiam no que estavam trabalhando, por ser confidencial, e ocupou uma área de mais de 202 000 hectares; simplesmente a maior construção do mundo. Devido ao sigilo do empreendimento, as cidades destinadas ao projeto eram secretas, uma destas era Oak Ridge (Tennessee), e havia algumas bases no Novo México e no estado de Washington.
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Figura 1 - Locais Importantes para o Projeto Manhattan nos EUA e no Canadá
As áreas destinadas ao projeto foram pontualmente escolhidas;
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