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A CERÂMICA ARISTÉ: A RELAÇÃO DOS GRAFISMOS E SEUS LUGARES

Por:   •  23/4/2018  •  4.675 Palavras (19 Páginas)  •  482 Visualizações

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Como resultado desse projeto, entre outros, Cabral e Saldanha publicaram um artigo que trouxe a discussão sobre como se deu a ocupação dos indígenas pertencentes a fase Aristé nos sítios arqueológicos voltados para fins ritualísticos ou sepultamentos na pré-história tardia da costa do Amapá e Guiana Francesa (2012). Eles verificam que existem espaços específicos, naturais ou não, que foram utilizados para finalidades diferentes.

Neste projeto temos a preocupação de responder se os motivos reconhecidos específicos da fase, na composição da cerâmica como um todo, por exemplo, pinturas policromas, formas, apliques tanto antropo e zoomorfo, podem diretamente se inter-relacionar com os diversos lugares que estas foram encontradas. Partindo da suposição que os espaços são formados por significados e pelas ações sociais dos indivíduos que nela habitam (SALDANHA, 2008). A linguagem iconográfica pode ser abordada como um tipo de código interno, onde a “agência dos objetos” pode demonstrar a complexidade das relações sociais. Como o estilo nas urnas e vasilhas estão temporalmente implicada nesses meios naturais que o homem adaptou para uso em momentos “especiais”, vai observar as semelhanças e diferenças das estruturas dos sítios e como foi feito o depósito em cada tipo de sítio.

Nesse projeto vamos utilizar a nova cronologia proposta por Stephan Rostain na classificação da cerâmica Aristé, o sítio AP-CA-18 está inserido no que tange o Aristé Final- Enfer Polychrome filiado à Tradição Policroma, possui tempero de caco moído, possui decoração principalmente pintada. Tem decorações incisas simples, apliques zoomorfos e antropomórficos muito elaborados. (ROSTAIN, 1994).

Então o objetivo dessa pesquisa é apresentar uma investigação sobre a cerâmica pré-colonial, do ponto de vista da percepção visual, utilizando ferramentas como a reconstituição virtual, análises dos componentes visuais recorrentes na cerâmica, análise bibliográfica sobre arqueologia e apoio também nos documentos etnográficos existente da possível ligação da fase Aristé e com os indígenas Palikur, conforme propõe Hilbert

Para Cristiana Barreto a cerâmica arqueológica é um produto social, que indica contextos culturais, sociais e até ideológicos de uma sociedade. Se pensarmos isso para a ocupação pré-colonial no Amapá, a análise desse trabalho procura entender processos relevantes para sociedade antiga e também para a nossa sociedade atual.

2JUSTIFICATIVA

A arqueologia científica no Brasil e na Amazônia começa nos anos 50, e pressupostos teórico-metodológicos que até hoje norteiam a pesquisa arqueológica. Meggers e Evans estratégias para definir o Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA) que foi responsável pela definição do que hoje dispomos sobre a Fase cerâmica Aristé.

eles argumentaram que pelos limitados potenciais ecológicos da Amazônia, não haveria condições de se formar sociedades desenvolvidas na região, culminando na formação de sociedades que tinham organização simples, com pequenos contingentes de pessoas..Desse modo, na arqueologia, houve certa preferência em explorar aspectos que seriam melhores indicadores dessa suposição.

A arqueologia científica no Brasil e na Amazônia começa nos anos 50, e determina pressupostos teórico-metodológicos que até hoje norteiam a pesquisa arqueológica. O casal Meggers e Evans utilizou de algumas estratégias para definir o Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA) que foi responsável pela definição do que hoje dispomos sobre a Fase cerâmica Aristé.

De forma resumida, eles argumentam que pelos limitados potenciais ecológicos da Amazônia, não haveria condições de se formar sociedades desenvolvidas na região, culminando na formação de sociedades que tinham organização simples, com pequenos contingentes de pessoas que eram ditos “primitivos”. Desse modo, na arqueologia, houve certa preferência em explorar aspectos que seriam melhores indicadores dessa suposição.

A metodologia padronizada utilizada nas pesquisas nesse momento foi baseada no método Ford, onde usava a seriação das amostras para estabelecer cronologias para traçar padrões regionais. É nesse momento que os conceitos “fase e tradição” são formados e os aspectos funcionais e tecnológicos da cerâmica passam a ser os principais meios para estabelecer sequências cronológicas e identificar as suas influências culturais. (EVANS & MEGGERS, 1965, p. 42). Duas obras ilustram essas ordenações são: - Guia Para a Prospecção Arqueológica no Brasil (1965) e Como interpretar a linguagem cerâmica (1970). (DIAS, 1994, p. 16)

Porém é notada que há limitações na abordagem teórica nesse método. A importância dada aos métodos se sobrepõe a teoria. Resultando na incapacidade de explicar de forma abrangente os fenômenos arqueológicos. A definição de fases e tradições acabou que se transformando na ultima finalidade de sua pesquisa. (DIAS, 1994)

Por conseguinte as cerâmicas pré-coloniais têm tido predileção histórica em comparação a outros componentes do registro na arqueologia da Amazônia. Isso se deu pela opção analítica contextualizada nos estudos e possivelmente também pela enorme variabilidade e quantidade que são encontradas.

Entretanto, se em outro momento a descrição e classificação da cerâmica tiveram participação privilegiada nas investigações arqueológicas na Amazônia, hoje a pesquisa está traçando caminhos mais independentes, valorizando a diversidade e multiplicidade do objeto arqueológico. Se no passado Meggers e Evans definiram a fase Aristé no Amapá, dando somente parâmetros descritivos e classificatórios dessa cerâmica, hoje Cabral e Saldanha pesquisam a monumentalidade dos sítios megalíticos, desmistificando a visão “primitiva” que se tinha sobre essa sociedade nas pesquisas anteriores, verificando a apropriação das paisagens e a complexidade das técnicas de manejo na floresta tropical. (LIMA PINTO, 2015)

Novas fontes de informações estão sendo usadas e assim as pesquisas estão tendo caráter mais contextualizados e relacional. Novas formas de interpretação desta categoria de vestígios arqueológicos estão sendo definidas. Outros elementos estão sendo utilizados como testemunhas históricas e culturais. (LATHRAP, 1970, CARNEIRO,2007. ROOSELVELT, 1990, SCHAAN, 2004, SOARES R., 1997, DIAS, 1994, LIMA PINTO, 2015, BARRETO, 2008, CABRAL E SALDANHA, 2006,2008, 2012, )

No Amapá ainda não existem trabalhos científicos significativos sobre o estudo da linguagem iconográfica

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