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RESENHA TEXTOS DE PLANTAO PSICOLOGICO

Por:   •  18/2/2018  •  6.986 Palavras (28 Páginas)  •  1.245 Visualizações

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Tal modo de pensar nos faz considerar a subjetividade como um espaço individual cujas significações sociais constituem a história pessoal desse sujeito e os sentidos que ele atribui ao mundo. Desse modo, acolher o outro no seu sofrimento subjetivo, considerando a dimensão social, significa a des-reificação da sua natureza universal, ao se considerar o sofrimento como um momento do sujeito, com sentidos e significações diferentes para cada um, e de acordo com o seu modo de ser e de viver, não conduzindo, necessariamente, a uma patologia. O que significa dizer que a prática clínica tem lugar sempre que o sofrimento do sujeito cria uma demanda, mas não necessariamente quando se instala uma patologia. Com esse raciocínio é possível, agora, considerar que o que caracteriza a prática clínica não pode reduzir-se nem ao lugar, consultório; nem ao número de sujeitos ou a sua classe econômica; nem à técnica utilizada ou à patologia diagnosticada. O diferencial da escuta clínica encontra-se na qualidade da escuta e acolhida que se oferece a alguém que apresenta uma demanda psíquica, um sofrimento, para um outro que se propõe a compreender esta demanda. Representa uma determinada postura diante do outro, entendendo-o como sujeito que pensa, sente, fala e constrói sentidos que se expressam, se criam e se modificam nessa relação de subjetividades, num determinado mundo e num certo momento das suas histórias.

Diante do exposto, podemos dizer que essa forma de ser e fazer do psicólogo exigirá um olhar amplo acerca da realidade do mundo, deve haver um compromisso social com a realidade na qual estamos mergulhados. Significa pensar o mundo vivido e a realidade, nossa e a do outro que acolhemos, não só com a visão da provisoriedade da existência, mas também com o olhar da diversidade, da pluralidade e complexidade que constituem a natureza humana, porém sem perder de vista a singularidade que caracteriza a condição humana.

FICHAMENTO Texto 2: Plantão psicológico: uma prática clínica da contemporaneidade

Sabemos que diante da realidade nos dias de hoje, a prática tradicional da psicologia clínica, restrita apenas a consultórios privados, que coloca o sujeito fora do contexto sócio-histórico, não possui mais espaço, o que implica numa nova postura e olhar mais amplo do psicólogo, levando em conta o contexto social, o qual o indivíduo esta inserido, exercitando sua prática de forma reflexiva com um posicionamento ético e político.

O fazer do psicólogo esta direcionado na escuta e no acolhimento do sujeito, em qualquer lugar que ele esteja, levando em conta seus significados, suas formas de ver o mundo, fim de buscar a compreensão dentro de seu contexto. Diante desta perspectiva contemporânea, surge uma nova modalidade clínica o Plantão Psicológico, como forma de alternativa, não para substituir a psicoterapia, mas sim para atuar num atendimento de caráter emergencial, aberto à comunidade, com a função de proporcionar uma escuta e um acolhimento à pessoa no momento de crise, não para promover a resolução do problema em si, mas para provocar um momento de compreensão do sofrimento, onde o psicólogo se coloca numa posição disponível, estando junto naquele momento para compreender o sofrimento do outro.

A psicologia clinica tradicional, foi instituída tradicionalmente como um método, e para se instaurar como ciência ela precisava se adequar ao modelo metafísico da época, caracterizado pela crença em uma verdade única e imutável. Baseava-se no modelo médico, cuja prática era do psicodiagnóstico e da psicoterapia de cunho psicanalítico. Ela ignorava a complexidade ontológica do homem, não relacionava o homem como ser dentro de um contexto histórico. Com o passar do tempo estes paradigmas foram se transformando, o foco que antes era a busca de uma verdade universal, passou a ser em múltiplas verdades, constituídas a partir da singularidade do ser humano, do seu contexto e de sua história, dentro de inúmeras narrativas. O modelo individualista que ditava o modus operandi da psicologia clínica e o corpo teórico dado a priori não mais satisfaz, agora há um compromisso social, baseado num posicionamento ético e político. Nessa nova concepção, a psicologia clínica é uma atitude, um modo de se relacionar com o outro, um cuidado que possibilitará ao homem sentir-se acolhido numa morada, compreendido a partir de sua singularidade, ou seja, a partir da experiência e dos significados que este atribui ao mundo. Não cabendo mais aprisioná-lo em teorias, mas entendê-lo através da revelação dos seus modos de ser.

Sendo assim, a prática da psicologia clinica contemporânea, colocará em questão teorias e técnicas, pois nos fará estar sempre diante de situações imprevisíveis, e como o compromisso agora é com a ética, seremos eternos aprendizes na medida em que o desconhecido bate à porta de nossos consultórios e nos ensina os caminhos que irão nos levar à revelação da condição humana. A clínica comprometida com a emergência de novos sentidos e com a singularidade tem a obrigação de ousar, arriscar, inventar, enfim, de estar sempre em movimento e em permanente construção.

O plantão psicológico surge como uma modalidade de atendimento proposta pelo Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) em 1969, tendo como coordenadora a professora Rachel Lea Rosenberg, cujo objetivo inicial era oferecer um atendimento diferenciado à clientela que procurava o serviço, constituindo-se como uma alternativa às longas filas de espera. Aconteceu num momento em que se lutava pelo reconhecimento da profissão do psicólogo no Brasil e também com o aparecimento da Psicologia Humanista no país, proposta pelo psicólogo americano Carl Rogers, também chamada de “terceira força”, por se opor às correntes psicológicas até então vigentes, como a psicanálise e o behaviorismo. Baseia-se no modelo de aconselhamento psicológico proposto por Carl Rogers, o qual, inicialmente, esteve atrelado ao exame da personalidade por meio dos testes psicológicos. No entanto, Rogers, a partir de sua prática, começa a questionar esse modelo de aconselhamento e propõe uma mudança de perspectiva, passando a dar importância ao cliente e não ao problema, assim se configura pela abertura do conselheiro para acolher qualquer demanda que se apresente. De lá pra cá inúmeras mudanças tiveram que ser feitas acerca deste tipo de atendimento, problemas como grandes filas de espera devido a várias demandas bem como infra-estrutura fizeram com que houvesse uma reflexão sobre esta prática. Passada a crise, já na década de 90, e apesar da crescente expansão dos serviços

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