Geografia das Regiões Polares: Uma análise do gelo marinho antártico
Por: Rodrigo.Claudino • 6/12/2017 • 3.721 Palavras (15 Páginas) • 527 Visualizações
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Os leads são grandes fraturas dentro da extensão do gelo marinho, podem chegar a dezenas de quilômetros de comprimento. Essas rachaduras no gelo marinho permitem a troca de calor entre o oceano e a atmosfera no inverno. A quantidade de leads é crucial para a quantidade de calor perdido para a atmosfera. O albedo menor pode vir a derreter cada vez mais o gelo circundante, tornando um ciclo de retroalimentação positiva. Essa troca de energia ocasiona a formação de nuvens e precipitação, alterando o clima local no gelo marinho. Essas rachaduras também permitem a navegação e à alimentação de focas, pinguins na Antártica.
As polynyas são aberturas no gelo marinho onde a água do mar aflora. Elas são encontradas no meio do gelo marinho normalmente de forma circular ou oval. São fontes de alimento para a vida selvagem como pinguins e focas. Além disso, são também acesso entre a atmosfera e o oceano, formando durante o verão uma das áreas mais ricas em nutrientes do mundo. As polynyas são formadas pela transferência de calor entre dois corpos: a água do mar e o gelo marinho. Elas ocorrem normalmente quando a topografia no fundo do oceano faz com que a água quente suba impedindo a formação de gelo. A água mais quente do oceano transfere calor sensível para o gelo marinho que derrete e impede a formação de um novo gelo marinho. Assim como os leads, as polynyas são muito importantes para o clima. São fontes de umidade e calor para atmosfera, podendo alterar todo o clima daquela área.
Como analisamos anteriormente, o clima do planeta é resultado das diversas trocas de energia no mundo. O oceano e a atmosfera são grandes sistemas de energia que percorrem o planeta sempre em busca do equilíbrio. Transporte de calor, de massas de ar e correntes marítimas são formas naturais de estabelecer um equilíbrio. Nesse sentido, podemos analisar como o gelo marinho também interfere em toda a dinâmica das águas oceânicas, sendo mais uma vez determinante do clima.
Durante o congelamento da água do mar, o sal é expulso formando uma camada abaixo do gelo mais densa. A água polar densa e fria viaja até o equador. Enquanto a água quente e menos densa do equador viaja até os pólos. Esse processo de transporte de calor entre o equador e os pólos é chamado de circulação termohalina. Em busca pelo equilíbrio, as interações percorrem enormes distâncias. A mudança de extensão ou massa de gelo marinho pode alterar toda essa dinâmica de circulação das águas oceânicas.
Apesar da relação entre diminuição do gelo marinho e aumento da temperatura, em setembro de 2014o gelo marinho Antártico bateu o recorde em extensão, mesmo em um contexto de aquecimento global. Ele chegou a cobrir uma área de mais de 20.000.000 km². Dados fornecidos por satélites mostram que o gelo cresceu 1,1% por década. Os estudos das causas desse crescimento do gelo marinho antártico são muitos. Uma pesquisa divulgada na revista NatureGeoscience revela uma nova perspectiva sobre o aquecimento global, entendendo que o mesmo pode ser o culpado pelo desenvolvimento do gelo. Eles explicam que o derretimento acelerado das massas de gelo continental tem se estendido sob o oceano formando uma extensa camada de gelo marinho. Outros estudos acreditam que o vento, as massas de ar podem ser as culpadas do aumento de gelo marinho na Antártica. Pela mudança de circulação dos ventos, o gelo pode ter ficado mais compacto e mais difícil de derreter.Uma outra explicação para o fenômeno é a suposição de que um buraco na camada de ozônio influencia nas baixas temperaturas na Antártica e na extensão do gelo marinho. Causado pela emissão de gases CFC, o buraco na camada de ozônio se forma na Antártica durante o inverno e primavera. É formado um vórtice que diminui a mistura do ar no meio da Antártica impedido a reposição do ozônio na atmosfera. As grandes diferenças de temperaturas fomentadas pela menor absorção da radiação pela camada de ozônio, forma diferenças de pressão entre o centro e a costa da Antártica, promovendo ventos muito fortes do continente para o oceano. Esses ventos estariam formando uma barreira, impedindo que as correntes de ar mais quentes chegassem à Antártica. Todo esse processo resultaria numa extensão do gelo marinho. Essas são as explicações de maior representatividade na academia para explicar o aumento da extensão do gelo marinho e ainda estão em fase de análise.
Fica nítida a importância do gelo marinho Antártico para as trocas de calor, de correntes marítimas, de salinidade e umidade. Tanto em grandes extensões, quanto em poucas extensões, o gelo marinho afeta todo o planeta terra. No entanto, a preservação desta fundamental localidade do planeta se encontra em perigo. Mesmo que a Antártica esteja isolada, com pouca ocupação humana, a poluição está presente tanto no gelo, quanto nos componentes bióticos. Os compostos poluentes presentes nas áreas de latitudes baixas evaporam e por um mecanismo conhecido como “destilação global”, chegam às altas latitudes e condensam. Os poluentes passam a fazer parte da cadeia alimentar afetando toda a fauna presente no gelo marinho. Assim como a poluição advinda de outros locais, os poluentes dos esgotos, combustíveis dos navios jogados ao mar, combustíveis utilizados nos centros de pesquisa também são grandes ameaças a preservação de toda a área Antártica.
O gelo marinho e o clima no Brasil
Embora ainda tenha a necessidade de estudos mais conclusivos quanto à relação do clima Antártico com o clima da América do Sul, algumas pesquisas atentam para essa questão. As pesquisas apontam que possíveis mudanças no clima Antártico antecederiam a mudanças no clima do Brasil, como na região Sul, em que sistemas frontais dependeriam tanto daposição da margem do gelo marinho como do clima Antártico. Segundo estes estudos, massas de ar produzidas no Mar de Weddell, (maior expansão do gelo marinho para todas as estações do ano)em alguns casos, podem trazer precipitação e frio no inverno para todo o Brasil.
Dinâmica do gelo marinho
O gelo marinho nem sempre derrete no mesmo lugar de sua formação. Ele está continuamente em movimento, exceto na região costeira, muito próxima à costa.A seguir, serão descritas as principais forças que atuam na dinâmica do gelo na ordem de maior influencia.
- Vento: é a principal força responsável pelo movimento do gelo marinho. Sua escala de tempo é de dias ou semanas. À medida que o vento sopra na superfície do gelo marinho, este começa a se movimentar na direção de sua força. A relação entre o vento e deriva do gelo marinho é tão forte que
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