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A GEOGRAFIA TRADICIONAL

Por:   •  15/3/2018  •  4.665 Palavras (19 Páginas)  •  522 Visualizações

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Geografia Radical ou Crítica Outra tendência nos estudos geográficos, que se iniciou na década de 1960, está relacionada com a Geografia Radical. Em virtude do ambiente contestatório nos Estados Unidos, nos anos sessenta, em função da guerra do Vietnã, da luta pelos direitos civis, da crise da poluição e da urbanização, surgiu uma corrente geográfica preocupada em ser crítica e atuante. Vários adjetivos são mencionados para caracterizá-la, tais como geografia crítica, de relevância social, marxista e radical. Dentre eles, considero ser a denominação Geografia Radical mais abrangente e significativa, designando tudo o que seja de tendência esquerdista e a postura contestatória de seus praticantes. Através de pequenos grupos de professores e alunos em diversas universidades americanas (John Hopkins, Clark, Simon Fraser e outras), a leitura e a análise das obras de Marx e Engels foram aspectos destacados no movimento da Geografia Radical, a fim de procurar focalizações para a análise marxista do espaço. Em 1974 fundou-se a União dos Geógrafos Socialistas (Union of Socialist Geographers), em Toronto, que se encontra organizada com base em federações locais e sem possuir uma sede central. A partir de 1975, ela se tornou responsável pela publicação da revista U. S. G. Newsletter. Outro ponto importante na evolução da Geografia Radical foi a publicação do livro de David Harvey - Social Justice and the City, 1973 -, que foi a primeira tentativa de apresentar uma síntese e um marco teórico para a análise marxista do espaço urbano. Representando a linha da relevância social surgiu em 1977 a obra de David M. Smith - Human Geography: a welfare approach -, propondo a reformulação da Geografia Humana. Nos Estados Unidos desde 1969 está em circulação a revista Antipode: a radical journal of Geography, com periodicidade semestral, que representa o veículo mais constante desse movimento geográfico, embora importantes contribuições tenham sido publicadas por diversas outras revistas geográficas. Na França, o movimento da Geografia Radical é liderado por Yves Lacoste, cujo grupo se tornou responsável pela revista Hérodote, que vem sendo editada desde 1976. No Canadá, recentemente o Cahiers de Géographie de Québec (vol. 22, n° 56, 1978) dedicou um número especial ao estudo do marxismo e geografia. Na Inglaterra, diversos trabalhos significativos estão inseridos em seus tradicionais periódicos. Richard Peet, um dos mais eminentes geógrafos radicais, organizou uma coletânea a propósito da Radical Geography, em 1978, exemplificando os vários temas analisados pelos geógrafos radicais. O desenvolvimento da Geografia Radical nos Estados Unidos foi delineado por Richard Peet, em 1977. A Geografia Radical também visa ultrapassar e substituir a Nova Geografia. Os seus propugnadores consideram a Nova Geografia como sendo pragmática, alienada, objetivada no estudo dos padrões espaciais e não nos processos e problemas sócioeconômicos e com grande função ideológica. Desta maneira, ela procura analisar em primeiro os processos sociais, e não os espaciais, ao inverso do que se costumava praticar na geografia teorético-quantitativa. Nessa focalização, encontra-se implícito o esforço na tentativa de integrar os processos sociais e os espaciais no estudo da realidade. A Geografia Radical interessa-se pela análise dos modos os de produção e das formações sócio-econômicas. Isto porque o marxismo considera como fundamental os modos de produção, enquanto as formações sócio-econômicas espaciais (ou formações econômicas e sociais) são as resultantes. As atividades dos modos de produção constróem e geram formações diferentes. Cada modo de produção, capitalista ou socialista, por exemplo, reflete-se em formações sócio-econômicas espaciais distintas, cujas características da paisagem geográfica devem ser analisadas e compreendidas. Para a análise dos modos de produção e das formações sócio-econômicas, os geógrafos radicais tem por base a filosofia marxista. Inserida no contexto radical do movimento cientifico, ela tem por objetivo colaborar ativamente para a transformação radical da sociedade capitalista em direção da socialista, através do incentivo à revolução. Por essa razão, a Geografia Radical deve ser marxista (Folke, 1972). Com o fito de atingir tais objetivos, surge a ênfase sobre os temas de relevância social, a fim de incentivar os mecanismos das lutas de classe, tais como: a pobreza, as desigualdades e as injustiças sociais, a deterioração dos recursos ambientais, as desigualdades espaciais e sociais nas estruturas urbanas e outros. Nesta perspectiva, o tema do "bem-estar social" não surge como novo ramo da Geografia, mas para definir "uma geografia humana nova" (Smith, 1977). Considerando que a Nova Geografia provocou uma "revolução teorética e quantitativa", o posicionamento radical e a preocupação com a "relevância social" vem sendo propostas como indicadoras da "segunda revolução na geografia humana" (Smith, 1971, 1977). Pressupondo que as injustiças e as desigualdades sociais e espaciais são estigmas das sociedades capitalistas, e diante dos objetivos visados, compreende-se por que a Geografia Radical surgiu e se desenvolveu no seio dos países capitalistas, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. Embora existam acentuadas desigualdades sociais e espaciais nos países socialistas (Fuchs e Demko, 1979), elas não são mencionadas nem estudadas pelos geógrafos radicais. Costuma-se criticar a ciência positivista de ser ideologicamente engajada e de não apresentar a neutralidade analítica muitas vezes propugnada. Nesse conjunto, a Nova Geografia recebe a sua parcela de admoestação. Todavia, a Geografia Radical não se comporta de modo diferente, mas está ideologicamente vinculada e sendo elemento para um objetivo político predeterminado. Outro aspecto importante refere-se à questão metodológica. A Nova Geografia baseia-se nos procedimentos da metodologia cientifica, enquanto a Geografia Radical se assenta nos procedimentos metodológicos do matemáticos dialéticos. É tema polêmico mostrar qual dos procedimentos é o mais adequado. A fim de considerar que os procedimentos metodológicos baseados no positivismo lógico são inadequados, em vários textos radicais o termo "cientifico" surge com conotação pejorativa. Por outro lado, digladiam-se temas como a objetividade e a exigência de verificação e refutabilidade na metodologia cientifica, e o dogmatismo e a impossibilidade de se verificar e refutar as explicações marxistas dadas aos fenômenos sócio-espaciais. Na perspectiva positivista as respostas e as soluções podem ser erradas e modificadas; procura-se melhorá-las e verificar sua validade pela refutação. Na perspectiva

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