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O ESPAÇO PÚBLICO COMO LUGAR DOS IGUAIS E DESIGUAIS, A PARTIR DA LEITURA DE HANNAH ARENDT.

Por:   •  18/10/2018  •  3.359 Palavras (14 Páginas)  •  485 Visualizações

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Na esfera privada era a necessidade que reinava sobre todas as atividades exercidas dentro do lar, ao passo que a esfera pública era o âmbito da liberdade. A força e a violência foram formas de monopólio criadas pelo Estado.

Arendt conceitua a esfera privada e a esfera pública como complementares – as duas vidas -.Na visão Arendtiana, os problemas sociais se dão inicio a partir da tranferência do modelo para a polis (público) em busca de reconhecimento de outros.Transferir o modelo do lar para a pólis é um equívoco.

Essa busca pela excelência e reconhecimento se dá a partir do momento que o homem sai da esfera privada (oikos) e vai viver na esfera pública (pólis) - o lar e o público (bios politikos). Para Arendt, as atividades humanas fundamentais são: o labor, o trabalho e a ação, pois cada uma delas correspondem as condições básicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na terra

As atividades citadas por Arendt, estão relacionadas a um aspecto de uma determinada concepção do ser humano que pode ser descritas por três maneiras: animal laborans, que é quando o homem se encontra aprisionado em suas necessidades biológicas e trabalha tão somente para prover sua subsistência; homo faber , quando o homem como fabricante de artefatos duráveis, constrói um mundo mediante o domínio de uma técnica, e ora como zoon politikon, neste caso, o homem é o agente da política, o que caracteriza as relações entre eles na esfera pública. A política deveria administrar a “grande família”, que é a sociedade.

No quadro familiar, a política da convivência baseia-se no entedimento e grau de parentesco – fator que pode ligar aos mais diferentes interesses - .No lar há uma convivência entre diferentes com iguais interesses porém ligados pelo parentesco.

Já a politica trata da convivência entre diferentes com iguais interesses sem parentesco. O que une os membros de uma organização política são os interesses em comum.

Outra questão apontada por Arendt é a liberdade, a qual situa-se exclusivamente na esfera política, enquanto que a necessidade é um fenômeno pré-político, característico da dinâmica do lar (esfera privada). A comunidade natural do lar decorria da necessidade de seus membros. A esfera da polis, ao contrário, era a esfera da liberdade, e se havia uma relação entre essas duas esferas era que a vitória sobre as necessidades da vida em família constituía a condição natural para a liberdade na polis. A política, para Arendt, não podia ser apenas um meio de proteger a sociedade – uma sociedade de fiéis como na Idade Média ( Hobbes, Locke e Marx) - .

Em todas as dinâmicas sociais, é a liberdade (e em alguns casos, a pseudoliberdade) da sociedade que requer e justifica a limitação da autoridade política. A liberdade situa-se na esfera do social e a força e a violência tornam-se monopólio de governo (controle social) afim de garantir a previsibilidade de comportamento entre homens.

A compreensão do termo “liberdade” torna-se difícil devido a sua conceituação, pois conforme Arendt, só há liberdade no âmbito particular do conceito intra da política. A preocupação do homem em modificar, remediar o mundo é apolítica em seu sentido mais profundo, pois a política na verdade se preocupa com o mundo, e não com o homem em si.

Em todas as esferas onde homens se agrupam seja na vida privada, social ou pùblica, surge a partir daí, um espaço que os reúne e ao mesmo tempo os separa. Cada um desses espaços tem sua própria estrutura que muda através dos tempos e dos interesses, e se manifesta na vida privada através de costumes; na social através de convenções, e na pública em leis.

O que distinguia o convívio dos homens entre homens e de homens na pólis de todas as outras formas de convívio humano era a liberdade. Para viver na polis, o homem já deveria ser livre em outro sentido: o de não estar subordinado como escravo à coação de um outro nem como trabalhador à necessidade do ganha-pão diário.

A liberdade, segundo Arendt é entendida negativamente como o não ser dominado e não dominar; e positivamente como um espaço que só pode ser produzido por muitos onde cada qual se move entre iguais. Ser livre significava não estar sujeito as necessidades da vida, nem ao comando de outro e também de não comandar.

A igualdade entre homens na Política, deve-se ao fato de pertencerem à mesma espécie, além da possibilidade de comunicação e entendimento mútuos. A presença de cada indivíduo nas ações de caráter público é importante e garante uma condição fundamental à existência humana, segundo Arendt: a pluralidade entre os homens.

Ser livre e agir são uma e mesma coisa, no entanto, essa relação necessita de reconhecimento de singularidade de cada indivíduo. O livre agir é o agir em público, e o público é a esfera original da política.

A politica baseia-se na pluralidade dos homens. Deus criou o homem e os homens são produto da natureza humana. A filosofia,a teologia,a biologia e a psicologia ocupam-se de todo o pensamento cientifico no qual existe apenas o homem.

Os homens se organizam politicamente para certas coisas em comum,essenciais num caos absoluto,ou a partir do caos absoluto das diferenças entre eles.

Na esfera publica não há abrigo para os mais diferentes.A qualidade básica da pluralidade se perde ou se anula através da introdução do conceito de parentesco.

Quando de vê na família a participação ativa na pluralidade, começa-se a bancar Deus,ou seja agir como se pudesse sair de modo natural do principio da diversidade. Ao invés de se gerar um homem, tenta-se criar o homem na imagem de si mesmo. As famílias representam castelos sólidos no qual é necessário o parentesco entre os membros.

“A igualdade política e a liberdade se manifestam naturalmente nos homens através da tolerância e respeito às diferenças numa perspectiva de inclusão”. (HANNAH ARENDT).

Através da idéia de uma Historia Mundial,a pluralidade entre homens é dissolvida em um indivíduo-homem posteriormente chamada de Humanidade.

A política de ação, segundo Arendt, em “A condição humana”, é a única atividade que se exerce diretamente entre os homens e corresponde a condição humana da pluralidade. A ação é exclusiva prerrogativa do homem.

O homem age no mundo real e a conseqüência desta ação codetermina-o. De acordo com as conseqüências das ações, o homem age desta ou daquela maneira.O homem não tem poder sobre si por isso

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