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Liberdade Somos Realmente Livres?

Por:   •  12/3/2018  •  2.556 Palavras (11 Páginas)  •  340 Visualizações

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Já a nossa alma é eterna, imortal, imaterial, e sonha em livrar-se do corpo, sempre cheio de necessidades. É superiora. Em suma, a alma, diferente do corpo “nos eleva para o alto”. A alma se relaciona com o corpo de três formas: Ela sente, reage e pensa.

- A parte da alma que sente é a alma apetitiva ou concupiscente, que busca comidas, bebidas, sexo, prazeres, isto é, tudo o que é necessário para a conservação do corpo e para a geração de outros corpos e está situada no baixo-ventre. Esta alma ou faculdade termina com a morte do corpo. - A parte da alma que reage é a alma colérica ou irascível, que se irrita contra tudo quanto possa ameaçar a segurança do corpo e da vida, tudo quanto cause dor e sofrimento; porque incita a combater perigos contra a vida, é a faculdade combativa, situada no peito", isto é, no coração; também é mortal.

- A alma parte da alma que pensa é a racional, faculdade do conhecimento, parte espiritual e imortal, sede do pensamento e situada na cabeça; é a faculdade ativa e superior, o princípio divino em nós, e é superior às demais partes.

- E qual a relação entre corpo/ alma e liberdade em Platão? A parte da alma que pensa em Platão é superior às demais, e possui autonomia, liberdade. Posso sentir fome, ou seja, o corpo (parte da alma apetitiva) clama por comida. Porém, a alma (parte superior) diz par eu comer depois, seja porque estou atarefado, ou estou fazendo um jejum, etc. Posso querer agredir alguém que me faz mal (parte da alma colérica). Todavia, posso me controlar sob a orientação da parte superior da alma. Em resumo, o homem consegue refletir frente aos desejos do corpo (comer, brigar, etc.), logo a nossa parte superior da alma é livre (determina a si mesmo), pois pode contrariar os nossos desejos corporais, diferente dos outros animais e fenômenos da natureza, que só fazem aquilo que condicionados são a fazer.

Sartre:

- Sartre (1905 - 1980) foi um pensador existencialista: Para ele primeiro existimos, depois nos definimos. A máxima que define isso é “a existência precede a essência”. Não existe uma ideia de natureza humana, ou Deus que criou o homem dotado de uma essência de homem, alma, etc. O homem primeiramente não é nada. Por ser ateu, Sartre afirmava que a nossa existência é gratuita. Primeiro precisamos existir, depois nos definimos (nossa a essência). Por exemplo, quem é o prof. Ricardo? Ele é a aula que ele dá. Primeiro exista (o professor existe), depois se defina (ele é a aula que ele dá). Ora, é impossível definir algo que não existe. O prof. Ricardo não é nada antes de existir.

- Para o filósofo, nós somos diferentes dos animais. Rousseau (1712 – 1778) afirmava que o animal já nasce com o seu instinto, e isso lhe basta. Ele é o que poderia ser, e só. Sartre afirma o mesmo sobre a couve-flor, pois esta só pode ser o que é, ou seja, a couve-flor não escolhe (daí liberdade) sobre sua própria existência. Diferente dos animais e da couve flor, o prof. Ricardo – que existe- tem mil possibilidades de escolha em sua vida, e daí através de suas escolhas livres é que ele se define. O homem é o seu projeto, aquilo que ele decide para sua vida. Em resumo, define-se vivendo; o caminho se faz caminhando. Não há nada anterior a isso. Logo, em Sartre o homem está condenado a ser livre. Não adianta querer culpar as circunstâncias exteriores, o famoso “eu não poderia ter feito de outro jeito”. Para Sartre, isso é um recurso para fracassados. Ora, quando agimos bem nos vangloriamos; quando algo dá errado culpamos Deus, o sistema, etc.

-Todavia, ser livre inclui ser responsável. Para Sartre, o homem não é só responsável por si mesmo, pois suas escolhas incidirão sobre outras pessoas. Se o professor Ricardo não se prepara para a aula, os alunos serão prejudicados em sua formação.

b) Representantes do determinismo: Santo Agostinho e Espinosa.

Santo Agostinho.

- Para Agostinho (354- 430) o pecado original (início da Bíblia) é um dado incontestável, transmitido para todos os homens. Segundo o apóstolo Paulo ( Rm, 5-12) “Eis porque, como por meio de um só homem [Adão] o pecado entrou no mundo, e, pelo pecado entrou no mundo a morte, assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Somos pecadores pelo simples fato de nascermos.

- Agostinho em sua obra “Confissões” analisa os seus próprios pecados, seu desinteresse pelos estudos, bem como sua preferência pelo teatro, jogos, amores casuais, e coisa vãs. Agostinho também relata o furto das peras, segundo o qual ele com alguns amigos roubaram frutas pelo simples prazer de roubá-las, pois os frutos não eram atraentes, nem pela beleza, nem pelo sabor, bem como Agostinho e seus amigos não sofriam nenhum tipo de restrição alimentar, e, portanto, roubaram pelo prazer de roubar. As frutas roubadas foram jogadas aos porcos, e o prazer consistia apenas em fazer o que era proibido (roubar).

- O caso das peras acima citado ilumina outra citação do apóstolo Paulo (Rm 7-19), que influenciou Agostinho “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que eu não quero esse eu faço”. Isso nos mostra que queremos fazer o bem (Agostinho não deveria roubar as frutas, pois delas não precisava), porém o mal que não queremos, este fazemos, e isso deixa claro que existem duas forças antagônicas dentro de nós. Em outras palavras, possuímos o querer em fazer o bem, porém, fazemos o mal que não queremos (consequência do pecado; roubo das frutas), e isso não deixa de ser uma restrição em nosso tema central, a saber, a questão da liberdade, aqui restringida somente a praticar o mal que não quer.

- Somente a graça sobrenatural – dom exclusivo de Deus – que pode resgatar no homem a possiblidade deste fazer o bem.

- O livre-arbítrio/vontade atende a motivos. O principal é amar a Deus (que não conseguimos mais fazer por conta própria após o pecado, mesmo que mantenhamos esse desejo de louvar à Deus, além de cumprir seus desígnios que se resumem em fazer o bem, além de amar o ato de fazer o bem.

- Portanto, a diferença entre quem tem e quem não tem a graça não tem uma relação direta com o livre-arbítrio e sim com a eficiência. Em outras palavras, quem não tem a graça não quer fazer o bem, e caso queira não consegue realiza-lo (o bem que eu quero eu não consigo, conforme o apóstolo Paulo disse acima). Por outro lado, quem tem a graça quer o bem, e o realiza (sentido duplo).

- Logo, só possui liberdade, os homens (pouquíssimos) que são

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