Filosofia para o esclarecimento

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Para Alves, esta proposta tem finalidade de aproximar os alunos dos textos clássicos, sem que se tornem-se demasiadamente pesados. Essa proposta é fundamental, pois ter-se-á que haver um contato direto com os textos que possibilite o aluno a melhorar sua capacidade interpretativa e que auxilie no desenvolvimento de uma leitura filosófica, pelo menos, introdutória. O autor defende que para que se aprenda a filosofar deve-se aprender filosofia, não estando ambos dissociados, pelo contrário, de forma conjunta ambos se complementam, logo que o ensino da filosofia leva a um ato de filosofar.

A essas ideias propostas para uma nova educação o autor utiliza do clássico pensamento marxista de Antonio Gramsci, fundamentando uma escola que trabalhe com perspectivas tanto tecnicistas como libertadores. Libertador seria a palavra correta para explicar a índole do texto apresentado por Alves, uma proposta de inclusão da Filosofia que a coloca como uma disciplina integradora, que auxilia no âmbito da emancipação individual do sujeito. Uma belíssima proposta, mas a questão que fica é: a proposta se adequa ao contexto?

Partindo de uma noção evidenciada pela história e abordada pelos mais distintos filósofos, é notória a falta de interesse das próprias pessoas em sair da sua zona de conforto. Kant adentra a conceituação de Aufklärung (KANT, 1784) para indicar uma noção de emancipação, mas não garante que todos sejam capazes de emancipar-se intelectualmente. Nietzsche conceitua uma filosofia para o übermensch, e é conciso quando relata a queda do trapezista da corda bamba, indicando que a corda é o caminho para a superação das adversidades enquanto o comodismo e a fraqueza insistem em tentar derrubar o sujeito (NIETZSCHE, p.20, 2009).

Essas noções de que o sujeito por muitas vezes não se interessa em alterar a sua condição intelectual interfere diretamente no âmbito escolar. Diante disso, talvez a proposta do autor tenha problemas sérios para a concretização, em contraparte, a própria proposta se faz em alternativa, possibilitando que o sujeito vá além, tenha a sua disposição as maiores críticas do pensamento, que realize um esforço mediante as dificuldades que se apresentam e assuma, junto com a mediação do professor e da disciplina, uma postura mais ativa no que concerne ao seu próprio meio social, auxiliando e sendo auxiliado pela proposta inclusiva da filosofia no currículo escolar.

REFERÊNCIAS

NIETZSCHE, W.F. Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo; Editora Escala, 2009.

KANT, I. Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento? Tradução de Luiz Paulo Rouanet. Disponível em: . Acesso em: 27/06/2015.

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