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A morte na filosofia

Por:   •  31/1/2018  •  3.168 Palavras (13 Páginas)  •  338 Visualizações

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Graças ao símbolo que o corpo ganha sentido para si e para os demais: Espinosa diz que pra existirmos em sociedade precisamos de uma definição simbólica = precisamos de uma definição discursiva, com palavras, que permita uma IDENTIFICAÇÃO em relação a todos os demais. Complica tudo: por uma exigência social monta-se uma definição de si, mas o corpo muda ininterruptamente. O discurso que se tem sobre si tende a manter-se pra atender as expectativas dos demais, e o corpo vai ao sabor dos encontros. Caduca a definição que se tem de si, não sendo mais representativa do corpo afetivo e apetitoso de que se dispõe. Num dado momento, precisa-se ajustar um ou outro: o discurso que se tem sobre si não dá conta da efervescência afetiva que constitui o corpo: EU NÃO SOU AQUILO QUE DIGO QUE SOU! Ou conserta o discurso ou os afetos. Como consertar os afetos? Não se deixando mais afetar: suicídio. Legítima defesa da representação de si. Exigência de relações éticas = que fique o discurso. Toda essa perspectiva se desenvolve porque o ponto de partida da filosofia de Espinosa é o seguinte: somos uma instância de luta e proteção da própria potência: o cara que se mata protege a própria potência ao fazer a legítima defesa de algo que procuramos proteger a qualquer preço, por ser fonte das nossas sinceras alegrias: nossa representação que temos de nós mesmos.

- Durkheim: em “O Suicídio”, final do séc. XIX: suicídio é um fato social. Mas não seria um ato privado? Ele explica: todo indivíduo que se suicida é triste, e não é qualquer tristeza. Cogita a abreviação de uma existência concreta (de carne e osso) por considerá-la insuportável. Porém, nem todos os tristes apertam o gatilho. Portanto, as variáveis que determinam a opção pelo suicídio, em detrimento de outras soluções de preservação da vida, são variáveis sociais. [Faz-se pesquisas a partir das variáveis propostas por Durkheim especialmente em Estolcomo e no Japão, onde há um interesse muito grande pelo tema suicídio].

- A variável que determina a opção pelo suicídio é a força ou a fragilidade dos laços sociais: suicídio mais provável quanto menores os laços sociais do indivíduo triste. Força ou fragilidade dos laços sociais: casados suicidam-se menos que os solteiros = a mera existência de um cônjuge é o que ele chamava de fator protetivo da vida. Segunda variável: filhos (ainda menos quando eles são economicamente dependentes). /São meus filhos que tomam conta de mim/. Terceira variável: pais vivos (se é arrimo de família, então...). Inserção profissional etc, etc, etc. Suicida-se por não ter o direito de jogar, e não por perder uma batalha. Japoneses se interessam por isso: economia muito formal -> ou é ou não é, e quando não é, o cara se mata por não ter existência social. Indivíduos que não frequentam cultos religiosos se suicidam menos, porque a frequência aos cultos permite a construção de laços sociais. Os católicos se suicidam menos, porque o culto deles pressupõe mais tempo na igreja (hoje em dia mudou, né). O suicídio nada tem a ver com pobreza, pois sua causa não é econômica. Causa tristeza, mas o que determina mesmo é a sensação particular de isolamento e solida = não ter o que dizer sobre si. Pior que ser derrotado é estar excluído das competições.

- A morte, embora seja o fim da existência, tem um valor social definido por variáveis tipicamente sociais: algumas mortes valem mais do que outras, porque conferem ao morto uma existência social que transcende a orgânica. As instâncias consagradas para legitimar os mortos – os meios de comunicação – condecoram alguns cadáveres: nem todos que morrem viram notícia. Há critérios de noticiabilidade que são classistas -> dependendo da posição ocupada no mundo social em vida, adquire-se um direito de existência social pós-morte. A morte do corpo não põe fim à vida dos símbolos e discrusos. De tempos em tempos, cada vez mais esparso, lembra-se dos que não foram privilegiados dessa continuidade existencial, que só permanece na memória de alguns poucos.

- A morte interessa para que a nossa existência permaneça no mundo dos símbolos, embora não nos afetem mais, seguindo a memória de um corpo que existiu com maior ou menos dignidade.

- É possível até que a eternidade do herói continuará sendo lembrado: a eternidade é para poucos: Aquiles, Ulisses, Átila: aqui neste instante são lembrados. Para os demais, outra reorganização de matéria = vira o Keyboardcat e tenta ehoahouehouahouhea.

- Enfim: sobre a morte nada pode se dizer, mas é a partir dela que se pensa tudo o que se pensa e decidir sobre como se quer viver: a cada instante que se decide fazer algo se pensa: sou finito, então...

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