A Filosofia de Tobias Barreto
Por: remata • 27/11/2018 • Trabalho acadêmico • 488 Palavras (2 Páginas) • 296 Visualizações
Os primeiros momentos da produção de Tobias Barreto, remontados à sua época como estudante na Faculdade de Direito, demonstram uma viva crítica à sobreposição da teologia à filosofia. A crítica religiosa, aliás, seria uma característica marcante desse seu período. Tobias, ainda antes da década de 1870, já teria se mostrado também contrário ao espiritualismo, como muitos de seus contemporâneos (PAIM, 1997). No fundo desses posicionamentos, estava a crença do autor em uma distinção dos territórios da filosofia e da religião.
Em meio ao processo que, no pensamento da segunda metade do século XIX, identificou filosofia e ciência, Tobias Barreto se afastou do espiritualismo e da concepção de razão como concessão divina. Acreditava na razão como fator de modernização e em concepções científicas da política e do direito. Mas não aderiu completamente ao positivismo, o que explica sua cisão posterior com essa corrente. Para o pensador (apud PAIM, 1997, p. 13), não seria possível rejeitar completamente a reflexão sobre o que está além do mundo sensível: “releva notar que não sentimos pela metafísica em geral o profundo e sistemático rancor do positivismo”.
As outras duas facetas de Tobias Barreto apontam de forma importante para esse distanciamento em relação ao positivismo. A perspectiva culturalista adotada por ele aprofundaria suas ressalvas às ideias positivistas; não se podia compreender o homem apenas como um resultado de processos naturais (PAIM, 1997). Nisso se incluía o Direito, que segundo Barreto, era um “produto histórico, um produto cultural da humanidade” (apud GOMES, 2015, p. 7).
Sua adoção de um incipiente neokantismo estaria ligada a questões relativas à teoria do conhecimento. A filosofia seria, portanto, epistemologia (PAIM, 1997) preocupada com o limite do que é possível conhecer, com o que é pressuposto da ciência. Novamente, seu posicionamento serve de munição contra o positivismo: “os positivistas não querem compreender que uma coisa é a metafísica dogmática, que converte sonhos em realidade, [...] e outra coisa é a metafísica reservada e consciente, que há de sempre existir, se não como ciência, como disposição natural e inerradicável do espírito, segundo Kant” (BARRETO apud PAIM, 1997, p. 58).
Como aspecto dominante do pensamento na segunda metade do século XIX, o positivismo – dentre outros elementos correlatos da época, como o darwinismo social –se impunha de tal maneira que, mesmo quando criticado, permanecia como importante fonte intelectual ou temática da época. Submersa nessas ideias, a Escola do Recife não conseguiu se desvencilhar totalmente delas, mesmo quando as aceitava parcialmente ou se dedicava à sua crítica.
Essa situação é bem ilustrada pela questão do neokantismo. Tobias Barreto tomou a dianteira de um posicionamento que se tornaria corrente no século seguinte, mas seu pensamento
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