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Participação nas Rádios Comunitárias no Brasil (Cicilia M.Krohling Peruzzo)

Por:   •  16/12/2018  •  5.364 Palavras (22 Páginas)  •  422 Visualizações

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...

concentrados nas mãos de

grandes grupos econômicos e políticos.

3 Muito Mais Vozes no Ar

Em 1995 o Brasil descobriu as rádios comunitárias,

no formato de rádios livres. Atualmente

existe um grande número de emissoras

desse tipo. Os números são controversos:

para uns 5.5001, para outros 7.000, mas existem

estimativas que falam na existência de

10.000 emissoras no país. Elas ousaram iniciar

a “reforma agrária no ar”, enquanto no

Parlamento se discutia propostas de leis para

a radiodifusão de baixa potência, com visível

atraso em relação as demandas sociais para o

setor.

Trata-se de algo inédito na história do

país, não enquanto experiência de rádio livre,

cujo pioneirismo remonta o início da década

de setenta, mas pela elevado número de

emissoras demonstrando uma disposição de

ocupar as ondas, numa aberta contestação ao

controle oligopolizado dos meios de comunicação

de massa .

Rádios livres são emissoras que entram no

ar, ocupam um espaço do dial, sem concessão,

permissão ou autorização de canal por

parte do Governo, sendo portanto caracterizadas

como ilegais. Costumam ser chamadas

também de clandestinas ou piratas. São

consideradas ilegais com base na Lei 4.117,

de 27 de agosto de 1962, e no Decreto-lei

236 de 1967. Os quais, proibem a instalação

ou utilização de telecomunicações sem

1 “Comissão Aprova Projeto de Rádios Comunitárias”.

A Gazeta, 5 de dezembro de 1996, pp.8

autorização do Governo, mas são omissos

quanto a tipificação das rádios de baixa potência.

Porém, a Constituição Brasileira de

1988, Art. 220, garante que “manifestação

do pensamento, a criação, a expressão e a informação,

sob qualquer forma, processo ou

veículo não sofrerão qualquer restrição”, e

no Art. 5o assegura: “é livre a expressão da

atividade intelectual, artística , científica e de

comunicação, independente de censura ou licença”.

O Brasil também é signatário do Pacto de

San José da Costa Rica, celebrado por ocasião

da Convenção Americana sobre Direitos

Humanos, em 1969, que declara ser o exercício

de liberdade de pensamento e expressão

“não pode estar sujeito a censura prévia, mas

a responsabilidade ulteriores, que devem ser

expressamente fixadas em lei” e que “não se

pode restringir o direito de liberdade de expressão

por vias e meios indiretos, tais como

abuso de controles oficiais ou particulares de

papel de imprensa, de frequência radioelétricas

ou de equipamentos e aparelhos usados

na difusão de informação, nem por quaisquer

outros meios destinados a obstar a comunicação

e a circulação de idéias e opiniões”.

Historicamente as rádios livres são ativadas

por amantes do rádio que, apesar de não

terem autorização para funcionar, entram no

ar correndo os riscos de serem submetidos

aos rigores da lei das telecomunicações que

vem sendo aplicada, que prevê prisão de

quem estiver operando, lacre e apreensão dos

transmissores.

Suas matizes, também ao longo da história,

tem sido bastante diferenciadas. Podem

ser de caráter político-ideológico, de serviço

comunitário, religioso, comercial, ligadas a

interesses das minorias ou a movimentos sociais,

ou simplesmente colocadas no ar com

www.bocc.ubi.pt

Participação nas Rádios Comunitárias no Brasil 3

a intenção de oferecer uma programação alternativa,

porém similar a das emissoras convencionais.

No entanto, tem em comum

a contestação aos sistemas de controle dos

meios de comunicação de massa.

3.1 Origens das Rádios Livres no

Brasil

No Brasil2, as rádios livres começaram a

aparecer nos anos setenta, numa época em

que o regime militar estava em vigor e os

meios de comunicação

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