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Moda e Globalização

Por:   •  11/4/2018  •  6.620 Palavras (27 Páginas)  •  340 Visualizações

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A moda é o fator transitório do belo presente, em contra-partida ao belo eterno e absoluto, segundo Baudelaire e o belo é constituído por um elemento, invariável. O mesmo ainda diz que a moda é “como uma sublime distorção da natureza, ou como um esforço de renovação constante e permanente da natureza”. Sabe-se que o novo é fundamental, entretanto um novo com elementos reconhecíveis, já que sem isso ele aumentara a dificuldade de assimilação. Essa questão do novo na moda, se confunde com a dinâmica capitalista de inovar constantemente. Pode-se ver isso em duas diferentes instancias: o comercial, o novo reconhecível, ao qual nos adaptamos visualmente com facilidade e o conceitual, o novo que incomoda e nos parece estranho, sem qualquer elemento imediatamente reconhecível.

O que caracteriza a moda é que ela “sobrepõe-se ao corpo como suporte ideal da moda no qual esta constrói e consolida nossos desejos e crenças, atualizando nosso sistema de escritura e valores sociais” segundo Kathia Castilho. A roupa compõe nossa imagem, é um meio de definição do ser social, tornando o corpo humano culturalmente visível. Para Malcolm Barnard, nossas relações sociais estão refletidas na relação que estabelecemos com as coisas, de forma que moda e indumentária podem ser as formas mais significativas pelas quais são construídas, experimentadas e compreendidas as relações sociais entre as pessoas.

É necessário buscar a diferença, as quais se formam e se desestruturam com uma frequência muito maior, devido ao processo de globalização. Trazendo à tona na moda essa questão da identidade, que aparece como um dos primeiros fatores de distinção a partir do século XIX, onde a rápida renovação garante a segmentação dos grupos e classes. Há uma dificuldade cada vez maior em estabelecer referencias de comportamento restritas, onde nos vemos constantemente perdidos em uma dinâmica que oferece de tudo exato uma maneira de ter uma identidade visual única. E no âmbito da moda, cada vez mais torna-se intensa a oferta de possibilidades, não só com roupas mas também no universo gestual, discursivo, no lazer, na comida e na bebida. Já que a moda na industria é voltada para o consumo, estabelecendo assim, como no próprio sistema capitalista, hierarquias.

Temos a questão da subjetividade, que marca a identidade de forma que a moda pode agregar símbolos e transpor a questão das leis desse universo. Se tiver por foco roupa e todo tipo de objeto de desing cujo o suporte é o corpo, pode-se entender que a partir dai o consumidor pode alternar esse objeto conforme seu físico, postura, gestos e maneira de compor sua imagem. Como exemplo, temos um vestido preto: que enquanto pendurado em um cabide tem um significado especifico e quando no corpo, passa a ter mais significados, pois a ele agrega-se a cultura corporal de quem o veste. Além de acessórios que podem o transformar quase que completamente. Segundo Bourdieu, em um estudo sobre diferenciação entre classes sociais e estilos de vida, as nossas diferenças podem tornar-se notáveis pelas roupas que usamos mas também pelos nossos gestos, postura e comportamento. Se somarmos esses dados à todas as modificações deliberadas de aparência, como penteados, maquiagem, barba ou vestimentarias, nelas podemos ter um significado econômico e cultural. Nos dias de hoje, presenciamos diversos outros significados que vão além de posição social: gosto, cultura, atividades que nos definem como um indivíduo na sociedade de consumo.

Entretanto, poderia essa pluralização da moda, significar uma democratização? Uma vez que tem-se toda a liberdade de expressão, trazendo a possibilidade de um indivíduo criar e produzir suas próprias roupas e maneira particular de se vestir, sem seguir padrões estabelecidos pela industria da moda. Mas a imitação é inerente ao ser humano, que desde que existe copia o que há a seu redor. Na decada de 1960, jovens passaram a buscar roupas alternativas, em brechós e quando a industria da moda percebeu a força de tal movimento, passou a adotar novos paramentos e a incorporar o que esses jovens queriam em seu sistema. Com isso, abre-se caminho para a participação de pesquisadores em buscas do surgimento de novos grupos e ideias.

A moda atual não diz respeito apenas à diferenciação de classes, mas também à construção simbolica que forma identidades. Christopher Lasch diz: “a unica realidade é a identidade que ele pode construir a partir dos materiais que lhe são fornecidos pela publicidade e pela cultura de massas, pelos temas dos filmes e da ficção popular e pelos fragmentos arrancados a uma vasta extensão de tradição cultural” (sobre o autor da sociedade de consumo). As atividades triviais da vida, como comer, beber e vestir-se, tomam corpo e se transformam em produtos das mais variadas formas, sendo a elas atribuídas simbologias que farão parte da formação da nossa identidade.

A cada dia mais, a moda se mostra forte e assume papeis importantes em muitas economias. Segundo Frings, a moda atual é caracterizada por seus elementos ligados ao vestuário, ao corpo e ao comportamento desse corpo, e sua ação é sistematizada nas formas de abordagem ao consumidor. Essa sistematização, reflete em um refinamento nas estratégias de produção e venda.

- Organização da industria da moda

A moda contemporânea apresenta-se mais diversificada e profissionalizada, podendo-se dividir a industria da moda em quatro níveis: alta costura, alta moda, prêt-à-porter e a industria da cópia. O surgimento da moda atual, se dá por um grande marco: o surgimento da alta costura e da industria de massa. Sendo a moda monocéfala, ainda que bipolar, já que a alta costura institui os padrões estéticos e a industria de massa copia suas criações que por sua vez, produz roupas prontas em grandes quantidades e buscando copiar os que regiam os gostos, servia como ferramenta para separações de classe.

2.1 Alguns esclarecimentos sobre a industria do luxo

A industria do luxo começa a surgir com a sociedade burguesa industrial, aproximadamente no século XVIII. Uma vez que a moda é uma das primeiras áreas a inaugurar esse “luxo moderno”, a alta-costura apresenta-se como primeiro índice do luxo. Sob a visão do filosofo Lipovetsky, o gosto pelo luxo pode ser visto até nas civilizações mais antigas — como no egito, ao tempo dos faraós. Os representantes de deus na terra na antiguidade, como cacique, reis e os próprios faraós, deveriam estar sempre rodeados daquilo que existia de melhor na terra. O excesso e o luxo estavam presentes nos objetos e nos rituais oferecidos aos deuses, como prece por

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