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Enquadramentos midiáticos: Carta Capital uma revista petista

Por:   •  19/9/2018  •  3.196 Palavras (13 Páginas)  •  444 Visualizações

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Em 1970, Mc Combs e Shaw formulam a Teoria do Agendamento, a qual aborda o poder da mídia em determinar os assuntos que serão discutidos na sociedade, a partir de uma hierarquização dos fatos e das fontes (no jargão jornalístico: pessoas que são entrevistadas). E um outro fator perceptível nas abordagens políticas é a forma como os assuntos são transmitidos para o público, a maneira como determinado acontecimento vai ser enquadrado, a isso dá-se o nome de Teoria do Enquadramento ou Framming.

“[...] tomando por base a abordagem de Dietram Scheufle, pode-se dizer que a Teoria do Enquadramento, tal como se dá com o Newsmaking, está sob o guarda chuva da teoria do Agendamento, já que se trata, também, dos efeitos da mídia [...]” (RESENDE apud SOUZA et al RIBEIRO, 2007, p.34).

A REVISTA PETISTA - Na matéria de capa da revista Carta Capital, do dia 2 de agosto de 2006, intitulada “A escalada de HH”, ao tentar atingir a imagem da candidata a presidência da República, Heloísa Helena - a única que com a possibilidade de crescimento junto à simpatia do povo poderia fazer Lula não se eleger no primeiro turno - se contradiz ideologicamente e expõe atitudes dela como se fossem restritas, acreditando na memória curta da população, a qual muitas vezes igualmente a mídia critica a postura e os princípios de Heloísa se esquecendo que Lula tinha discurso semelhante no começo da carreira política, mudando pois para se adequar as exigências do eleitorado, que o via como uma ameaça, por ir de encontro aos interesses da elite brasileira, a qual ele pertence e defende hoje.

Logo no primeiro parágrafo Sergio Lírio, repórter da revista e responsável pela matéria, trata a senadora como “constrangida e penitenciada” ao referir-se à postura que teve ao demitir seu assessor e questiona se a justificativa foi realmente plausível. A matéria inicialmente se propõe a falar sobre a escalada de HH, ou pelo menos é o que sugere título, porém de imediato questiona a postura de Heloísa, provas claras de que da parcialidade do veículo (lógico que não existe imparcialidade, mas a busca por ela deve ser incansável). Durante toda produção textual a senadora é citada como uma figura lendária e utópica. Seria uma forma de desmerecer os ideais e de resumi-los a sonhos, sem fundamentação. Desse modo, “[...] através da seleção e ênfase dadas a certas informações (e da conseqüente exclusão de outras), o enquadramento pode moldar a opinião pública [...]” (IYENGAR apud SHEN apud GUTMAN, 2006, p.31).

No segundo parágrafo continua sem aparecer nada que respalde o porquê da escolha título e ainda traz a fala de um cientista político desmerecendo e de certa forma ironizando a postura de Heloísa. “[...] O discurso ético tem apelo, apesar de os efeitos parecerem limitados. Mas, ao adotar esse discurso, a senadora é obrigada a se comportar como o mais franciscanos dos candidatos” (CARTA CAPITAL, 2006, p.22). Em seguida o repórter aborda dois assuntos bastante delicados e polêmicos: religião e homossexualidade. De orientação católica e “posições feministas” (como está escrito na matéria) a imagem da senadora é construída com uma forte ligação com o radicalismo. Ainda o texto traz um fato acontecido em 1996, quando Kátia Born e Heloísa Helena concorriam à prefeitura de Maceió, e Heloísa processou a primeira por, como diz na matéria, “vida sexual atípica”. Kátia é homossexual assumida e trazer esse caso a tona é mais uma maneira de reforçar o extremismo a que Heloísa é atribuído, e ainda carregado de preconceito.

Sobre essa “escalada” há uma particularidade que deve ser analisada, a foto da página direita à matéria. Nela aparece Heloísa subindo em uma escada, parecida com a do Corpo de Bombeiros, porém esta é bem pequena, com somente três degraus, e ela encontra-se no primeiro, patamar mais baixo. Desse modo, a revista define o alcance da candidata como curto, breve. A legenda da foto vem da seguinte maneira: “Até onde? Pesquisa do Ibope lançou duvidas sobre o ímpeto do crescimento eleitoral de Heloísa Helena”. Apesar de a legenda dizer que o Ibope lançou dúvidas, aquela agregada a foto já traz consigo todo um juízo de valor.

Em suma, essa matéria traz um enquadramento temático, pois se refere às posições da candidata de forma interpretativa. Também pode ser enquadrada como “corrida de cavalos” (horse race frame), uma vez que demonstra tanto através de infográficos, quanto no decorrer da matéria e, principalmente nos últimos parágrafos, como uma forma de enfatizar os números a favor de Lula. Uma boa prova disso é que na última página as fotos que a seguem são de Alckmin e do então presidente, o primeiro com um semblante sério, meio pensativo e preocupado e o outro, sorridente de “mãos dadas” com o povo, demonstrando popularidade e entrega.

“A imagem marca um processo intencional, planejado, de construção do perfil de personagens a serem postos em circulação na esfera pública mediática, e que pretendem distinguir-se na conquista de afetos positivos dos destinatários, conduzindo-os a uma escolha ou adesão face às ofertas simbólicas dos concorrentes” (CARVALHO apud BRAGA, 2007, p. 5)

ELES PROMETEM - Na reportagem intitulada “Promessas. Também na TV”, do dia 9 de agosto de 2006, a Carta Capital fala sobre a cobertura da eleição dada pelos meios de comunicação televisivos brasileiros e sobre a briga entre as principais emissoras. Porém, “curiosamente”, não comenta nada sobre a mídia impressa.

A matéria se detém a criticar enfaticamente a Rede Globo de Televisão, compara esta aos políticos, não diretamente, ela usa o depoimento de Marcelo Parada, vice-presidente da Band, para embasar suas aspirações. O porquê disso? A Globo tem um histórico conhecido de oposição a Lula, quando o momento mais marcante e visível foi no debate político das eleições de 1989, quando este disputava a cadeira do mais alto cargo do Palácio do Planalto com Fernando Collor de Melo, e disputavam acirradamente, entretanto a edição do debate feita pela emissora, que apoiava Collor, privilegiou o último e redeu-lhe a vitória nas urnas. Destarte somando-se as outras candidaturas seqüentes, como a de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e José Serra, a história de apoio se repetiu e, neste momento de eleições em 2006, o partido petista já vinha enfrentando alguns problemas de escândalos entre os membros de seu partido e também integrantes do governo e, a Globo sem fugir da sua historicidade, foi um dos veículos que mais deu ênfase nas denuncias, e isso não era interessante para o PT, logo também não para a Carta Capital.

Defender aqui que a

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