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EaD e Redes Sociais Educativas: Uma proposta para o caso brasileiro

Por:   •  5/2/2018  •  6.226 Palavras (25 Páginas)  •  356 Visualizações

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Nosso objetivo será tecer uma visão paranômica da EaD, com enfoque no ensino superior, mas não exclusivamente, desde os primórdios até a era digital, e propor uma solução centrada no gerenciador de conteúdo Wordpress mais seu plugin para redes sociais, o Buddypress, que denominamos BuddyPressEaD. Todos licenciados como Software Livre 2.

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2 A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E O CONTEXTO SOCIO-EDUCACIONAL

No Brasil, na era pré-internet, a EaD esteve por muito tempo focada na correspondência como força motriz. Estava destinada a estudantes em pleno ingresso no modelo fordista de produção e frustrados com a falta de perspectiva do esquema Escola Nova de Rui Barbosa, cuja intenção era transformar o país, adequando-o ao florescimento industrial e as transformações sociais por que passou o Brasil a partir da década de 20 do século passado (EDUCACIONAL, 2007).

Num contexto mundial, apesar de controversa, a educação a distância teve muito mais força que em terra brasilis, principalmente devido aos serviços de postagem. A correspondência foi tão importante para a EaD que seu marco inicial talvez tenha sido a Faculdade Sir Isaac Pitman, em 1840, a primeira instituição europeia de ensino a distância. A partir daí, a demanda cresceu assustadoramente, sempre alicerçada no método analógico mais barato e até hoje funcional: a utilização de impressos via postagem.

No âmbito universitário, tivemos a Universidade de Chicago em 1892, (Divisão de Ensino por Correspondência para formação de docentes em Extensão); a Índia, que em 1985 implantou a Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi (com 242.000 alunos) e o mais citado caso de sucesso, a Open University surgida em 1969 na Inglaterra e que contou, a época, com 200.000 alunos (VASCONCELOS, 2007).

No Brasil, coube às Forças Armadas (Exército e Marinha), o papel de progenitoras de um curso em EaD, no ano de 1939. Posteriormente, surgiu o clássico IUB (Instituto Universal Brasileiro) em 1941, responsável pelo envio de fascículos de cursos tecnicistas para o Brasil inteiro (ROCHA, 2010). Ademais, tivemos o primeiro advento eletrônico, que foi o rádio, através do projeto Minerva em 1970, cuja transmissão de cursos ocorria em cadeia nacional.

De 1974 a 1995, o foco da EaD brasileira era a TV, cujo marco inaugural foi a transmissão de cursos voltados ao ensino fundamental através da TVE do Ceará, uma inovação que fugia do eixo Rio/São Paulo. A partir daí, tivemos uma portentosa participação do SENAC em 1976, com seu sistema nacional de Teleducação, extensivo até 1995, a 2 milhões de alunos.

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De se destacar o programa Telecurso 2º Grau, criado pela Fundação Roberto Marinho e pela Fundação Padre Anchieta (Detentora da TV Cultura) em 1978. Posteriormente, a mesma emissora criou o Telecurso 1º Grau. Doravante, houve uma reestruturação do sistema para um novo formato, em 1995, com o acréscimo da Metodologia Telessala, onde o professor é mediador do conhecimento, utilizando material didático fornecido pelas fundações (TELECURSO, 2008).

2.1 O Impacto das Novas tecnologias

A influência dos recursos digitais na EaD, começou com o PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação - uma tentativa do governo Fernando Henrique Cardoso de mitigar o atraso tecnológico que grassou no Brasil durante os anos 80, período da reserva tecnológica (IKEHARA, 1997, p. 7), introduzida pela “Lei de Informática” (restrição a importação de produtos da área pela Lei 7.234/84), através da implantação de laboratórios de microcomputadores em escolas públicas rurais e urbanas de educação fundamental.

Nessa época, nos anos 90, era comum associar tecnologia a inovação e computadores em termos de educação (MAGDALENA; MESSA, 1998). Porém, embora não se consiga quebrar a sinergia informática/EaD, entendemos que o computador não é tudo em termos didático-pedagógicos. Para Moraes (2012, p.17) é preciso pôr fim a conceitos errôneos que associam EaD a computadores e meios virtuais, pois a mesma está vascularizada por paradigmas mais amplos, como a organização das tarefas de ensino-aprendizagem, autoinstrução e a presença da Academia, para certificar, avaliar e formar o profissional; muito além do que a máquina pode prover em termos educacionais.

Nesse sentido, forma-se uma rede de bibliotecas, laboratórios para aulas presenciais, professores, monitores, tutores, assistentes, videoconferências e parafernálias mil, que colocam em cheque a profissionalidade docente tradicional, criticada por Ramos (2008, p.53) por estar centrada apenas no domínio disciplinar e não expandir-se para a construção e expansão das competências profissionais.

2.2 EaD no Ensino Superior: evolução e polêmicas

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Finalmente, chegamos a inserção do ensino superior brasileiro na EaD, em 1996, com a Lei 9.394, de Diretrizes e Bases para a educação nacional (BRASIL,1996), onde, especificamente no artigo 80, lemos “O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada ” (LDB, 1996, art. 80). Esta lei foi um divisor de águas, pois permitiu o surgimento de uma nova modalidade de ensino no país, focada em IES (instituições de ensino superior).O fato é que esta lei coincidiu com o “boom” da informática nos anos 90 (época marcada pelo lançamento do Sistema Operacional Microsoft Windows 95) e com o surgimento e popularização da Internet Civil com o protocolo de Hipertexto http3 e o “World Wide Web (www)” (BERNERS-LEE, 1990 ). Prontamente, os arautos da EaD viram nas novas tecnologias uma grande possibilidade de expansão, que pôde ser vislumbrada estatisticamente pelo crescimento exponencial do número de estudantes matriculados em cursos de graduação e pós-graduação desta categoria: De 2001 a 2011, houve um aumento de cerca de 5000 alunos para aproximadamente 930 mil, no Brasil (MACHADO, 2012), representando 15% de todas as matrículas em cursos de graduação do país.

Muitos desses números, são o resultado da política UAB (Universidade Aberta do Brasil), uma política pública que visa inserir, através da EaD, estudantes residentes em regiões longínquas do país no ensino superior, com a instalação de polos tecnológicos por prefeituras e governos destes lugares, numa estrutura de educação semipresencial (UAB, 2006), ainda que sob severas críticas de muitos autores.

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