Zizek - O espectro da ideologia (anotações)
Por: Juliana2017 • 2/10/2017 • 1.184 Palavras (5 Páginas) • 469 Visualizações
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-Se é tão difícil definir uma linha que trace a separação entre a ideologia e o extra-ideológico, se a própria ação de definir essa linha é tratada como ideológica, não devíamos então renunciar a possibilidade de existencia de qualquer “realidade” e assumir que tudo é ficção simbólica, universo discursivo? NÃO! Essa é a solução fácil do pós-modernismo. Há de se sustentar a tensão que mantêm viva a crítica a ideologia. (22)
-Para Marx a ideologia só passa a existir com a divisão do trabalho e a cisão de classes, que permite a aparição dos “ideólogos” e suas idias para legitimar as relações de dominação. A ideologia para Marx era sempre do Estado, por isso o feticihismo da mercadoria não entrou no conceito (24)
-Ou seja, há uma tensão sobre o quanto a ideologia é espontânea ou imposta! (24/25)
-O ideológico nunca se dá esse adjetivo (25)
-O Espectro: A realidade não existe senão como contrução social (ou simbólica, dirá Zizek) - “A realidade nunca é “ela mesma”. Só se apresenta através de sua simbolização incompleta/falha. As aparições espectrais emergem justamente nessa lacuna que separa perenemente a realidade e o real, e em virtude da qual a realidade tem o carácter de uma ficção (simbólica): o espectro da corpo àquilo que escapa à realidade (simbolicamente estruturada).
Por tanto, o “cerne” pré-ideológico da ideologia consiste na aparição espectral que preenche o buraco do real. (…) para que emerja (o que vivenciamos) como a “realidade”, algo tem que ser foracluído dela – em outras palavras, a “realidade”, tal como a verdade, nunca é, por definição, “toda” (26).
Luta de classes:
“não há luta de classes na “realidade”: a “luta de classes” nomei o próprio antagonismo que impede a realidade (social) objetiva de se constituir como um todo fechado em si mesmo” (27) – o paradoxo é que a sociedade mantem-se coesa pelo próprio antagonismo → “Embora a “luta de classes” não esteja diretamente dada em parte alguma como uma entidade positiva, mesmo assim, ela funciona, em sua própria ausência, como ponto de referência que nos permite situar qualquer fenômeno social – não ao relacioná-lo com a luta de classes como seu sentido úitimo (o “significado transedental”), mas ao concebê-lo como (mais) outra tentativa de ocultar e “remendar” a brecha do antagonismo entre as classes, de apagar seus vestígios” (27)
-Não existe nada fora da luta de classes – não é possível isolar um processo objetivo cuja lógica não implique na dinâmica subjetiva da luta de classes. (28)
Conclusão:
A questão da idologia trouxe-nos de volta a Marx, a centralidade do antagonismo social (a “luta de classes”), mas nesse retorno surge uma lacuna no cerne do materialismo histórico, essa questão nos levou ao incompleto. Alguma coisa precisava ser foracluida para que a realidade social se constitua. A localização desse buraco diz respeito ao antagonismo social, a luta de classes como o limite que atravessa a sociedade e a impede de se constituir como uma entidade positiva, completa, fechada em si mesmo.
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