Resenha crítica: O homem cordial - do livro Raízes do Brasil
Por: Jose.Nascimento • 13/12/2018 • 873 Palavras (4 Páginas) • 455 Visualizações
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Encontramos cargos públicos ocupados pelos interesses pessoais, quando deveriam ser na base da meritocracia. O nepotismo, embora exista leis que punam essa prática, ainda existe no cenário político atual. O “jeitinho brasileiro” está impregnado na cultura brasileira, acontece quando se dá um jeito para não pagar os impostos como deveria, quando a verba pública é usada para custear gastos pessoais que deveriam ser pagos com dinheiro próprio, inclusive o próprio “jeitinho brasileiro” se justifica para burlar as normas impostas pelo Estado. É certo que tais posturas corriqueiras somente podem ser compreendidas mediante a releitura dos processos históricos culturais que norteiam e fizeram o povo brasileiro ser o que é.
A atual ira vivenciada contra a corrupção nos confronta com a particularidade cordial. Partimos da “civilidade” para a selvageria num instante quando o nosso lado é contrariado, esse cenário tem sido um momento assustador no país. As agressões gratuitas nas redes sociais deixam claro diferentes tipos de conservadorismo. A forma como o debate político tem sido visto nos últimos anos vem forçando uma separação entre “petralhas” e “coxinhas”, encarnando a velha prática política patrimonialista. A passionalidade no ataque agressivo e na defesa radical do lado político demonstra que estamos defendendo a política como se fôssemos salvar a honra da própria família. Era exatamente disso que Buarque de Holanda tratava quando escreveu Raízes do Brasil há mais de 80 anos. O conceito de “homem cordial”. Por cordial, não se refere ao acolhimento ou simpatia como aptidões naturais, e sim ao hábito de agir predominantemente com a emoção do que com a razão. É um exercício permanente de adaptação da nossa realidade. O “homem cordial” que habita nos brasileiros é resultado de uma sociedade estruturada sob o primitivismo da família patriarcal. Mas como no ano de 1936, o Brasil está passando por uma falta de razão, e devido a isto, seu futuro certamente encontra-se em maus lençóis.
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