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Questões Sexo e Temperamento

Por:   •  23/10/2018  •  2.980 Palavras (12 Páginas)  •  211 Visualizações

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A vida da criança, entretanto, depende da atenção especial e constante, tanto do pai quanto da mãe. O pai deve dormir toda a noite com a mãe e o bebê, e há um tabu rigoroso quanto às relações sexuais, não só com a mãe da criança, como também se tiver duas esposas, com a outra mulher. Todavia, embora se acredite ser a freqüência de relações entre seus pais necessário ao crescimento da criança durante as primeiras semanas de sua vida pré-natal, uma vez solidamente composta, todo contato com o sexo por parte de um dos progenitores é julgado prejudicial à criança, até que atinja aproximadamente um ano de idade. Se uma criança é franzina e doentia, ou se tem os ossos fracos e não anda cedo, é culpa dos pais, que não observaram o tabu. Raramente, porém admite-se terem os pais realmente infringido o tabu, quando escolhem conservar a criança, sabem o que implica educa-la.

Os Arapesh guardam o tabu das relações sexuais até que a criança dá seus primeiros passos, quando é considerada suficientemente forte para suportar outra vez o contato penoso com a sexualidade dos progenitores. A mãe continua a amamenta-la até que atinja os três ou quatro anos de idade, se não engravidar outra vez. O tabu é suspenso após um período de retiro

Menstrual. A mãe volta da choça menstrual, e ambos, pai e mãe, jejuam durante um dia. Depois, podem manter relações e o esposo poderá dormir com a outra esposa, se o desejar; sua imediata presença todas as noites não é mais essencial à criança. É desejável que as mulheres não tenham filhos muito em seguida; além de desmamada porque outra virá logo depois. Quando a criança é desmamada gradativamente, a mãe não sente culpa ao dizer o seu rebusto rebento de três anos: você, nenê, já teve leite suficiente.

Quando se indaga os Arapesh a respeito da divisão de trabalho, respondem: cozinhar o alimento cotidiano, trazer lenha e água, capinar e transportar – é trabalho feminino; cozinhar o alimento cerimonial, carregar porcos e toras pesadas, construir casas, costurar folhas de palmeiras, limpar, cercar, esculpir, caçar e cultivar inhames – são tarefas masculinas; fazer ornamento e cuidar dos filhos – é trabalho de ambos, homens e mulheres. Se a tarefa da esposa é mais urgente - o esposo fica em casa e cuida do bebê. Ele tem tanto prazer nessa tarefa e é tão pouco severo com sua criança quanto à esposa.

O escrupuloso cuidado diário com as crianças pequenas, com sua rotina, suas exasperações, seus choramingos de infelicidade que não podem ser corretamente enterpretados é tão apropriado ao homem quanto à mulher Arapesh.

4. PRIMEIRAS INFLUÊNCIAS QUE MOLDAM A PERSONALIDADE ARAPESH

O modo como homens e mulheres tratam seu filhos é uma das coisas mais significativas acerca da personalidade adulta de qualquer pessoa, e umdos pontos em que aparecem com mais destaque os contraste entre os sexo. Somente podemos entender os Arapesh, e o temperamento cordil e maternal tanto dos homens como das mulheres, se compreendermos sua experiência de infância e a experiência que eles, por sua vez, impões a seus filhos.

Durante seus primeiros meses de vida, a criança nunca está longe dos braços de alguém.

Para a mãe, o período mais difícil é aquele em que o filho de três ou mais anos já é grande demais para ser confortado com o seio e muito pequeno e inarticulado para dizer claramente as razôes de seu choro. A criança vive continuamente envolta numa cálida sensação de segurança. É submetida a apenas dois choques, e ambos têm suas repercussões no desenvolvimento posterior da personalidade. Depois das primeiras semanas, durante as quais é banhada cautelosamente com água aquecida, a criança toma banho sob um jato violento de água fria. Os bebês quase sempre se ressentem deste tratamento, e continuam a odiar o frio e a chuva por todas as suas vidas. Na vida futura, os Arapesh têm um controle esfincteriano notavelmente baixo, e consideram normal perde-lo diante de qualquer situação altamente carregada.

De resto,a vida do bebê é muito cálida e feliz. Nunca é deixado sozinho; a reconfortante pele humana e as reconfortantes vozes humanas sempre estão a seu lado.

Quando a criança começa a andar, o ritmo continuo e sossegado de sua vida se altera ligeiramente.

A mãe deixa a criança na aldeia, com o pai, ou com algum outro parente, enquanto vai trabalhar na horta ou busca lenha. Muitas vezes, ao voltar, encontra um bebê choroso e indisposto. Arrependida, desejosa de compensa-lo, senta-se e amamenta por uma hora. Assim, toda a nutrição se transforma em ocasião de grande afetividade e é, inclusive, um meio pelo qual a criança desenvolve e mantém a sensibilidade a caricias em todas as partes do corpo. Ao contrário, a amamentação é, para mãe e filho, um jogo longo, gostoso e bastante carregado, no qual se alicerça a afetividade feliz e cálida de uma vida inteira.

Entrementes, à medida que vai crescendo, a criança apresenta a substituir os seios maternos por novos prazeres durante suas ausências cada vez mais longas. Aprende a brincar com ao lábios.

Uma centena de diferentes formas estilizadas de brincar com a boca estão presentes nos folguedos das crianças mais velhas e são trnsmitidas, pouco a pouco, às crianças em desenvolvimento.

Esta brincadeira com os lábios é a linha de conduta que firma a vida emocional da crianças, que liga a segurança feliz que sente nos braços da mãe complacente ao gozo plácido das longas noites diante da fogueira entre seus pais, e finalmente a uma vida sexual satisfeita, não-especifica.

Aos meninos que foram iniciados, os homens mais velhos aconselham cessar com as brincadeiras labiais; por acaso ainda serão crianças para brincarem desse modo? Ao mesmo tempo, permite -se- lhe que as substituam pela mastigação de bétel e pelo fumo.

Enquanto a criança pequena permanece no colo materno, aquecida e excitada pela sua atenção, ai constrói a confiança no mundo, uma atitude receptiva e hospitaleira para com o alimento, para com cachorros e porcos, para com as pessoas.

Do mesmo modo, todos os parentes da criança são recomendados, à sua confiança e os próprios termos de parentesco são dotados de feliz conteúdo. Tão completo é este treino que as próprias palavras acabam por trazer tanta segurança que a criança age sob sua compulsão, quase contra a evidência dos sentidos.

O fato de ser o segundo ou terceiro filho é frequentemente mencionado.

Tais reparos acerca

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