O Resumo Bourdieu
Por: eduardamaia17 • 30/10/2018 • 2.195 Palavras (9 Páginas) • 287 Visualizações
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Bourdieu escreveu “Argélia 60”, que é sobre o encontro da sociedade argeliana tradicional com o capitalismo. Em 1962 publicou o artigo “Celibato e condição camponesa” onde ele defende que não somente o capitalismo foi responsável pela crise, mas diversos fatores como até mesmo a reprodução biológica dos indivíduos. Posteriormente lançou o que foi seu primeiro sucesso, “Os estudantes e a cultura”, escrito com Jean - Claude Passeron.
Em 1966 publicou “Amor pela arte”, obra em que ele introduz a noção de capital cultural, dois anos mais tarde, 1968, funda seu próprio laboratório de pesquisas. Em 1970 publica “A reprodução” que foi um grande sucesso, mas também um dos mal-entendidos. Na década de 1970 realiza estudos sobre os processos de diferenciação social, que contribui para formação de uma teoria geral das classes sociais e em 1979 publicou “A distinção”.
Antes de publicar “A distinção”, Bourdieu lança o artigo “O mercado dos bens simbólicos” em 1971, em 1975 retoma estudos sobre o sistema de ensino e publica “A especificidade no campo científico e as condições sociais do progresso da razão” onde introduz conceitos como campo e capital científico. Em 1980 lança “O senso prático”, posteriormente em 1984 publica “Homo academicus” retratando da vida acadêmica e a crise de 68.
Em 1989 Bourdieu lança “Grandes escolas e corporativismo”, mais tarde em 1992, 10 anos antes de sua morte, lança “As regras da arte” onde propõe uma teoria geral dos campos, aborda o que é revolução simbólica e a função social dos intelectuais. Em 1993 unido com um grupo de sociólogos publicou “A miséria do mundo”, um livro de quase 1000 páginas, que possibilitou o recebimento de uma medalha e em “É sobre televisão” viu-se diante de uma polêmica pela má interpretação do título de sua obra.
Vale ressaltar que trata-se único e somente de um resumo das obras de Bourdieu citadas por Patrick, devendo ter em mente então que os feitos de Bourdieu em contribuição à ciência são tão maiores que os supracitados, mas complexos à um leitor não-especializado e mui numerosos para serem todos abordados em uma breve introdução.
Introdução
Bourdieu agradece e elogia o trabalho feito por Patrick Champagne ao introduzi-lo, ressalta o quão se sente honrado em fazer parte das conferências, pois acredita ser exemplar adotar de uma “reflexão coletiva sobre si própria” à uma instituição científica e propõe como método duas indagações elementares, uma acerca do que é a lógica própria do mundo científico e a outra sobre como essa lógica se comporta no INRA.
Para realizar reflexão científica não basta reunir um grupo de intelectuais, como feito por sindicatos, organizações responsáveis por influenciar a sociedade, mas dotar de uma nova maneira de reflexão, jamais utilizada antes. Dessa forma, examinar criticamente as representações que o INRA tem sido objeto e fornecer instrumentos de conhecimento importante para uma boa representação.
Abordagem dos conceitos engajados em sua obra
São fundamentais e intrigantes algumas perguntas que Bourdieu levanta, como se é possível fazer uma ciência da ciência e até mesmo quais são os usos sociais da ciência, para obtenção da resposta é preciso analisar alguns conceitos engajados por ele como, por exemplo, o de campo.
Todas as produções culturais são objetos de análise da ciência, por exemplo, ao tentar compreender um texto são propostas interpretações internas ou externas, ou seja, para alguns basta ler o texto que é suficiente para sua compreensão, sendo o texto tratado como o início e o fim, mas outros acreditam que é necessário analisar o contexto do mundo social e/ou financeiro em que o texto foi escrito para que haja entendimento de seu conteúdo. Para Bourdieu o que é necessário para compreender o texto é o que liga os dois métodos supracitados de entendimento, o campo.
Bourdieu define campo como:
“Universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura, ou a ciência. Esse universo é um mundo social como os outros, mas que obedece às leis sociais mais ou menos específicas”
O idéia de campo descarta a possibilidade de que a ciência gera a si mesma, ou seja, não há intervenção do mundo social em seu desenvolvimento. Há diversos tipos de campo como o literário, o artístico, o jurídico e o científico, podemos assim concluir que campos são as disciplinas.
Como nosso enfoque é no campo científico, é importante saber sua definição engajada por Bourdieu:
“...um espaço em que pesquisadores disputam o monopólio da competência científica, cujo funcionamento pode ser comparado a um jogo, onde os princípios do funcionamento são dominados por seus participantes.”
O autor metaforicamente associa campo como um microcosmo dotado de suas próprias leis, porém que é de alguma maneira influenciado pelo macrocosmo, sendo assim autônomo de maneira parcial. Dentro do campo há os agentes, pesquisadores ou instituições de pesquisas, mas tão importante quanto é saber que mesmo os campos tendo certa autonomia é muito difícil saber ao certo qual o grau de autonomia que eles têm.
Bourdieu define autonomia dos campos científicos como:
“Quanto mais os campos científicos são autônomos, mais eles escapam às leis sociais externas"
Uma das grandes questões da ciência da ciência é quanto o confronto entre as ideias de ciência pura e ciência escrava, qual delas realmente existem em um dado momento, lugar, se elas são onipresentes, qual tem maior força ou até mesmo se as forças são iguais. Para que haja o desenvolvimento da ciência pura ou escrava, é preciso saber quais mecanismos são mais fortes na batalha do campo, isto é, as pressões externas (ordens, contratos, créditos) são mais ou as resistências internas (que visam libertar o campo das pressões externas) são mais fortes. Esses mecanismos determinarão se a ciência desenvolvida é pura ou escrava.
Outra questão importante é a relação direta entre a autonomia de um campo e sua capacidade de se refratar, para melhor compreender isso é importante entendermos o que Bourdieu define como refração do campo:
“Quanto mais autônomo for um campo maior será o seu poder de refração e
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