Hobbes e Maquiavel
Por: Rodrigo.Claudino • 21/3/2018 • 1.337 Palavras (6 Páginas) • 392 Visualizações
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Através de conselhos que vão de táticas militares à relação entre governantes e governados, o escritor florentino buscava a tão sonhada unificação italiana, o fim dos conflitos internos e a busca do esplendor que um dia atingiu o império romano. A partir de seus escritos desenvolveu-se um novo conceito de “Estado”, de segurança nacional e de governante e, ao contrário do que julga o senso-comum, através deles é que se pode mostrar ao povo como lutar contra a tirania, método de governo este que ele destrinchou e estudou a fundo, mostrando que, às vezes, é necessário um amplo conhecimento da história para uma projeção política positiva no futuro, pois, para o autor, é impossível haver um governo sólido sem que haja o prestígio do povo.
“Os Estados bem organizados e os príncipes hábeis procuram não provocar os grandes e satisfazer a massa, conservando-a contente mesmo porque este é um dos assuntos mais importantes de que um príncipe tenha que tratar”. (Maquiavel, 2004, p. 177)
O Autor questiona-se sobre as razões que levaram a Itália, que antes fora o grande império romano, a mergulhar na corrupção e na decadência. A conclusão é que, uma série de qualidades tinha ocasionado a expansão e a glória política e militar do império romano, qualidades estas que faltavam aos governantes italianos de sua época, dentre elas, a virtú, “a qualidade do homem que o capacita a realizar grandes obras e feitos” (GILBERT, Felix; 1965. p. 179), e a fortuna, a sorte que depende do acaso. A união de valores e sorte fez com que Roma fosse uma fonte de cidadãos virtuosos, e são esses valores que ele pretende levar em seus escritos aos governantes, quaisquer que sejam, de seu tempo ou do futuro.
Em Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, Maquiavel não diz ser unicamente a sorte, esta a que os próprios romanos creditavam suas vitórias, a base para um bom governo, mas sim, instituições sólidas, capazes de garantir a harmonia e a proteção dos direitos do cidadão e minimizar os danos causados pela natureza vil do homem. O bom funcionamento dessas instituições depende de um governante capaz de administrá-las com sabedoria sem que seus interesses individuais sobreponham os da nação, buscando a qualquer custo o bem-estar de seu povo, nem que isso signifique a guerra com outros, de modo que “os fins justifiquem os meios”, e é para esse governante idealizado que Maquiavel escreve.
Suas obras foram as bases de muitos governos importantes e até hoje influenciam nas ciências políticas pela clareza com que suas idéias foram expostas, sendo O Príncipe, a de mais destaque, obra que teve profunda influência sobre o governo de Napoleão Bonaparte. O parágrafo a seguir, tido pelo próprio Napoleão como “Perfeito! Sublime!”, ilustra a idéia de conselheiro pessoal que se tem dos escritos maquiavélicos aos grandes líderes:
“Será preciso, contudo, ser cauteloso com aquilo que fizer, e no que acreditar; é necessário que não tenha medo da própria sombra, e que aja com equilíbrio, prudência e humanidade, de modo que o excesso de confiança não o torne incauto, e a desconfiança excessiva não o faça intolerante.” (Maquiavel, 2004, p. 102)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
WEFFORT, F. “Os clássicos da política VOL I”
São Paulo: 2001. p. 13-94
SOUZA, Sharon Cristine Ferreira de; OLIVEIRA, Thiago Mathias de. “A filosofia política de Hobbes e o estado absolutista”. Disponível em: . Acesso em 04 dez, 2010.
MAQUIAVEL, Nicolau. “Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio”
p. 190-298
MAQUIAVEL, Nicolau. “O Príncipe”
São Paulo: Editora Martin Claret, 2004.
ALVES, Randolph Frederich Rodriges. “Maquiavel, o estado moderno e a fundação da ciência política”. Disponível em: . Acesso em 05 dez, 2010.
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