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Estudo de Caso Banco Palmas

Por:   •  16/10/2018  •  4.181 Palavras (17 Páginas)  •  286 Visualizações

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2 SOCIOECONOMIA E NOVAS ORGANIZAÇÕES PRODUTIVAS

Segundo Sampaio (2010), a “socioeconomia privilegia problemas microeconômicos com soluções de base territorial’ , ou seja, se busca solucionar as demandas da comunidade através dos recursos que a mesma possui e na valorização do conhecimento popular, através de uma gestão participativa, descentralizada, social e flexível. Desdobrando-se a partir deste conceito surge novas formas de se desenvolver a economia a partir do olhar social.

A Economia Social é uma atividade econômica que não visa somente o lucro, mas também o crescimento do coletivo como um todo, ela está ligada ao terceiro setor da economia e é constituída por associações, cooperativas, mutualidade, fundações. Que tem como princípios a adesão livre e voluntária, controle democrático, autonomia de gestão e dos poderes públicos.

Para André Guélin (1998), é difícil rotular economia social, pois durante séculos esta serviu para definir várias realidades, porém o se aproxima da conceituação de economia social atual é a de que:

Ela é composta por organismos produtos de bens e serviços, colocados em condições jurídicas diversas no seio das quais, porém, a participação dos homens resulta de sua livre vontade, onde o poder não tem por origem a detenção do capital e onde a detenção do capital não fundamenta a aplicação dos lucros (Guélin, 1998: p.13).

A Economia Solidária é um conjunto de atividades econômicas (produção, distribuição, consumo e créditos), organizada como associações, cooperativas e clubes de trocas, entre outros e caracteriza-se pela autogestão e pela igualdade entre seus membros. Para Laville (1994) a economia solidária é um conjunto de atividades econômicas, que ao contrário do capitalismo que visa o acumulo de capital e relações competitivas, tendo como objetivo o alcançar interesses individuais, a economia solidária visa o favorecimento das relações humanas, estreitando os laços com a sociedade e valorizando a reciprocidade.

A Economia social e solidária permite que seja pensando novas maneiras de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Ambos termos não diz respeito somente a problemas econômicos, mas também a sociabilidade territorial, a preservação ambiental, afirmação da identidade cultural e participação política (MORAIS, 2013)

3 ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CONJUNTO PALMEIRAS (ASMOCONP)

A ocupação do bairro Palmeiras localizado na periferia de Fortaleza/CE, começou na década de 70, devido ao remanejamento de famílias que moravam em locais de risco. Devido a falta de infra estrutura do bairro e por se caracterizar uma região pantanosa os moradores se mobilizaram para criar condições favoráveis para se viver na região, a primeira ação foi a criação da Casa de Parto que acabou por que tornar o primeiro pilar para a fundação da Associação de Moradores que a partir do final da década de 70 criou escolas e centro sociais na região.

A Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras (ASMOCOMP) foi fundada em 1981 a partir da necessidade de se unificar em uma organização os moradores que através do esforço coletivo e planejamento, reivindicaram frente aos órgãos públicos água encanada, energia elétrica e pavimentação para a comunidade.

Uma de suas iniciativas fora a organização de seminários para a comunidade como o “Habitando o Inabitável I” que tinha como objetivo mostrar para a comunidade como o bairro estaria nos próximos 10 anos, sua primeira edição ocorreu em 1991 e fora um marco na organização comunitária (Matsumoto; Geraisse, 2007). Seis anos após o primeiro seminário os moradores se deparam com a redução das famílias originais do bairro.

30% das famílias tinham menos de dois anos de residência no bairro. Isso trazia uma realidade nova: os moradores do Conjunto Palmeiras que durante 20 anos lutaram pela urbanização, não podiam mais viver no próprio bairro que construíram. Antes não existiam taxas de luz, água, esgoto, telefone e IPTU. Agora tudo fazia com que morar no Palmeiras fosse um “luxo” para uma população desempregada, vivendo de biscates e sub-empregos. E tinha mais um agravante, a especulação imobiliária também havia chegado no Palmeiras e os mais pobres vendiam suas casas para os que tinham melhores condições financeiras.(Matsumoto; Geraisse, 2007)

A comunidade organizou novas reuniões para definir novas estratégias para solucionar este quadro que se formava, chamaram de “Habitando o Inabitável II”. Após cerca de 40 reuniões verificou-se que mais que a falta de crédito era a comercialização dos produtos produzidos que gerava a evasão da comunidade por parte destes moradores. Então no processo de se repensar o consumo e geração de renda que os projetos de acesso ao crédito, capacitação e sistemas de trocas deram a luz ao Banco Palmas, Incubadoras Femininas entre outros.

4 BANCOS COMUNITÁRIOS

Os Bancos Comunitários são instituições financeiras de serviço solidário com objetivo de gerar renda e desenvolver comunidades economicamente precárias. Através de redes de consumo e produção, fomentam a economia local seguindo os princípios da Economia Solidária na qual visa a renovação e modernização da Economia Social (PASSOS, 2007). Kondo et al. (2016) os caracteriza bancos comunitários como instrumento de potencialização do crescimento dessas comunidades através da aplicação do microcrédito, de ações que vinculam a oferta com a demanda e capacitação dos indivíduos da comunidade.

Silva Júnior (2007) afirma que os princípios dos Bancos Comunitários é expandir a renda no território, que são gerenciados pela própria comunidade na forma de serviços fundamentais como: crédito solidários, moeda social e feiras de produtores . De acordo com o autor estes bancos são qualificados como projetos financeiros solidários que visam fomenta a economia de uma localidade com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), tendo como princípios a Economia Solidária.

Um dos precursores do Banco Comunitário foi Muhammad Ynunus, o professor de economia, conhecido como “banqueiro dos pobres” que devido a escassez de alimentos que Bangladesh sofre na década de 70, decidiu emprestar dinheiro a cerca de 42 mulheres, para que essas fabricarem banquinhos que seriam vendidos e contribuiria na renda da família. Com o sucesso da iniciativa, Yunus criou uma empresa de microcrédito em 1977, que viria ser no futuro o Banco Gramen em 1983. A experiência de Yunus serviu como estimulo para

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