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Cultura Moçambicana

Por:   •  18/4/2018  •  4.251 Palavras (18 Páginas)  •  343 Visualizações

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Os ritos e permeiam todo o agrupamento social desde sociedades primitivas ate as modernas. Os antropólogos contemporâneos afirmam que temos um comportamento ritual quando amamos e fuzilamos, quando nascemos e morremos, quando noivamos ou casamos, quando ordenamos ou oramos. Os rituais revelam os valores mais profundos do comportamento humano e o estudo dos ritos tornou-se a chave para compreender-se a constituição essencial das sociedades humanas.

Ritos de passagem

Segundo MELLO (2013.p.409-411) De modo geral, os ritos de passagem denotam a sensibilidade das pessoas com relação ao dinamismo da própria existência humana. O peregrinar do homem através da sua existência envolve uma gama enorme de situações, transformações, de passagem, de metamorfose. No plano biológico o endividou nasce, cresce, se reproduz, envelhece e morre. No plano social acontece algo semelhante. As ocupações de em várias posições sociais implicam modificações substanciais das pessoas. De resto, o dinamismo e o movimento-a vida-atinge todo o cenário em que tenha lugar a vida social dos povos. Por isso adquire-se significados a própria transformação cíclica do ambiente: o movimento da lua e do sol, a mudança dos estacões climáticos (prima vera, verão, Outono e inverno). Como actos sagrados, os ritos de passagem comportam a prática de tabus a troca de bens, a reciprocidade, a confraternização, comensalidade e outras práticas. Os ritos de passagem são como os sacramentos tais como o baptismo, o matrimónio, a confirmação, a eucaristia, são ritos de passagem.

Ritos de passagem são celebrações que marcam mudança de estado de uma pessoa no seio de comunidade. Os ritos de passagem podem ter carácter social, comunitário ou religioso. Os mais comuns são os ligados a nascimento, mortes, casamento. Em nossa sociedade, os ritos ligados a nascimento, morte e casamento são praticamente monopolizados pelas religiões.

Rituais como Mecanismo de Produção social

Os rituais efectuam uma mudança ontológica no homem, transforma-o. Pelo rito, o homem entra num novo modo de ser, é inserido no sagrado através da representação do modelo exemplar.

É de salientar que os ritos têm um impacto muito grande na produção social em particular em moçambique concretamente nas zonas rurais.

Os ritos de iniciação nas zonas rurais.

São cerimónias especiais de aceitação na sociedade rural, estruturados por simbolismo forte, em Moçambique existem cerimónias que são muito semelhantes, mas com procedimentos distintos virados as culturas locais. Cerimónias secretas, longe do olhar de estranhos, de uma forma geral os ritos têm como base os seguintes procedimentos.

A primeira cerimónia

Esta ligada ao nascimento, os pais apresentam a criança aos seus antepassados directos para serem reconhecidos como parte da linha dos seus ancestrais. Onde o nome escolhido será pronunciado de forma solene.

A segunda cerimonia

São os ritos de iniciação, é feita apos os rapazes e as raparigas se tornarem aptos para a procriação, estes ritos tem como regra fundamental, o juramento de manter em segredo toda a aprendizagem. As danças, os cantos e as músicas tradicionais são uma obrigação permanente durante o tempo em que a cerimónia é realizada.

Em relação a mulher, acontece no surgimento da primeira menstruação, a rapariga torna-se apta para a procriação. Para a realização desta cerimónia, há todo um ensinamento desde o questionário da madrinha que obtém as informações detalhadas da jovem.

Em relação aos rapazes, acontece no início da puberdade, a passagem de infância para a idade adulta.

A terceira cerimónia “O casamento”

Em relação aos rapazes, há todo um processo da escolha da rapariga, apos isso, dá-se início as reuniões demoradas entre familiares, negociações serias e com testemunhas. Em relação as raparias, há todo um processo que já vem desde a segunda cerimónia.

Quarta cerimonia

Esta ligada aos momentos fúnebres, que são considerados como momentos da última transição transição, ou seja, aquela que leva a entrada no reino dos mortos, é respeitado e louvada ao longo dos tempos. (wikipedia, publicado 23/04/2009).

Feitiçaria, Ciência e Racionalidade

Feitiçaria

A feitiçaria pode ser descrita como uma acção maliciosa, levada a cabo através do recurso a forças místicas ou mesmo pela violência, resultante de ódios e tensões intensas presentes na sociedade, e que as pessoas interpretam como actuam sobre si independentemente da sua vontade (Ashforth, 2005: 87).

Sendo a feitiçaria uma linguagem de poder (Kapferer, 1997), os supostos feiticeiros, como a maioria dos médicos tradicionais em Moçambique, operam de acordo com normas que assentam em pilares referenciais que não foram integrados nas políticas do estado, que emprega termos de análise e instrumentos políticos na resolução de problemas e conflitos gerados pelo ‘oculto’ que não têm ligação alguma com estes sistemas epistémicas.

As acusações de feitiçaria são uma forma de controlo social face à turbulência das relações sociais provocadas pelo aumento da mobilidade, o êxodo rural, o colapso das expectativas no papel facilitador do Estado e na estabilidade do emprego, com o consequente aumento da insegurança, a desestruturação das relações familiares, a exclusão social, o enriquecimento e o empobrecimento rápidos, a emergência dos valores do individualismo e da autonomia em conflito com os valores da família e da comunidade (um conflito que é muitas vezes geracional), o aumento da concorrência na luta pela ascensão social ou pela promoção no interior dos aparelhos de Estado, etc.

(Gimbel-Sherr e Augusto, 2007). Sendo um processo dinâmico, o terreno de poder revela-se em permanente mudança, onde os atores que nele se movem estão constantemente sujeitos a uma avaliação social. As novas forças económicas e sociais podem exacerbar tensões e hostilidades entre os seus membros, que se tornaram suspeitos de não só causar, mas também beneficiar dos problemas e aflições dos outros. Nestes contextos extremamente voláteis, a feitiçaria (re)emerge como uma forma persuasiva que justifica as doenças, infortúnios ou até mesmo

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