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CONCEITO DE CULTURA E O MÉTODO DE PESQUISA ETNOGRÁFICO

Por:   •  16/5/2018  •  1.613 Palavras (7 Páginas)  •  304 Visualizações

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estar em contato direto com a cultura em questão. Não havia métodos ou técnicas para a pesquisa de campo, o que significa inconsistência do ponto de vista cientifico. Essa era a conhecida ‘‘antropologia de gabinete’’. Malinowski tem o mérito de ser conhecido pela sua contribuição ‘rigorosa’ para se fazer uma boa etnografia. Em sua obra ‘‘Argonautas do Pacifico Ocidental’’ ele fala de seu longo período ao lado dos nativos que conviveu em aldeias, afastado do maior convívio com homens brancos ele aprendeu a língua nativa e desenvolveu um novo método de pesquisa etnográfica, chamado hoje em dia de observação/participante. Consiste basicamente em não substituir os chamados informantes, mas sim substituí-los, em grande parte, por uma observação direta, que somente seria possível com a convivência diária, pleno entendimento do que os nativos estavam falando e participando dos acontecimentos da vida da aldeia. A partir de Malinowski a pesquisa social adquire um caráter mais envolvente, visto que as partes dela agora possuem um novo tipo de relação: o pesquisador passa a participar diretamente daquele cotidiano do qual ele quer escrever, ou seja, é a ‘antropologia participante’.

‘‘...o objectivo do trabalho de campo etnográfico deve ser alcançado através de três vias:

1) A organização da tribo e a anatomia da sua cultura deve ser registada num esquema firme e claro. O método de documentação concreta e estatística é o meio a utilizar para a definição desse esquema.

2) Dentro desta trama, devem ser inseridos os imponderabilia da vida real e o tipo de comportamento. Os respectivos dados devem ser recolhidos através de observações minuciosas e detalhadas, sob a forma de uma espécie de diário etnográfico, só possível através de um contacto íntimo com a vida nativa.

3) Deve ser apresentada uma recolha de depoimentos etnográficos, narrativas características, ocorrências típicas, temas de folclore e fórmulas mágicas sob a forma de um corpus inscriptionum, como documentos da mentalidade nativa.

Estas três linhas de abordagem levam ao objectivo final que um Etnógrafo nunca deve perder de vista. Este objectivo é, resumidamente, o de compreender o ponto de vista do nativo, a sua relação com a vida, perceber a sua visão do seu mundo.’’ ( Malinowski, 1922, pag. 36)

Para Malinowski a pesquisa etnográfica deve se pautar em três pilares, como já descritos na citação acima: a primeira é a produção de documentação estatística por evidencia concreta; a segunda é a captura do tipo de comportamento da vida tribal a partir da coleta de dados da vida habitual, onde o pesquisador deve identificar a rotina do trabalho, a maneira de comer, os tipos de cuidados que a aldeia tem com o corpo, etc; e o terceiro pilar é buscar a mentalidade do nativo e dos seus modos de pensar e sentir. o que o autor quer dizer também é que para se estudar o homem é preciso estudar e entender ‘‘aquilo que o liga à vida’’ (Malinowski, 1922).

Malinowski e Laraia compartilham do mesmo pensamento ao afirmar que as culturas possuem valores, aspirações, códigos, linguagens diferentes, etc, logo, ao ansiar por algo, esse ‘‘algo’’ será diferente para cada tribo:

‘‘Em cada cultura encontramos diferentes instituições através das quais o homem persegue os seus interesses, diferentes costumes pelos quais satisfaz as suas aspirações, diferentes códigos de leis e moralidade que recompensam as suas virtudes ou punem os seus erros. Estudar as instituições, costumes e códigos ou estudar o comportamento e a mentalidade sem o empenho na compreensão subjectiva do sentimento que as move, sem perceber a essência da sua felicidade é, em minha opinião, desprezar a maior recompensa que podemos esperar algum dia obter a partir do estudo do Homem.’’ (Malinowski, 1922, pag. 36)

O etnocentrismo é a visão colonizadora de estudiosos sob outros povos, onde eles tomam por verdade que o grupo deles é o centro de tudo, e todos os outros grupos são pensados de acordo com a maneira deles de pensar e agir. Se o estudioso age dessa forma acaba que as outras culturas podem ser chamadas de absurdas, deprimentes ou imorais. Quando um etnólogo inicia o seu estudo de um povo estranho ele nunca está em situação similar, e no caso de uma sociedade desconhecida ele pode exatamente ser escrito como culturalmente cego ou o famoso ‘‘sem cultura’’. Malinowski fala sobre os informadores brancos o desencorajaram, mesmo com todas as oportunidades de melhor compreensão daquela tribo que eles tinham, simplesmente as desperdiçaram:

‘‘...a maneira como os meus informadores brancos falavam dos nativos e expunham as suas opiniões era, naturalmente, a de mentes destreinadas e pouco acostumadas a formular os seus pensamentos com algum grau de consistência e precisão.’’ (Malinowski, 1922, pag. 20)

Por mais diversas que as culturas sejam, elas seguem uma ordem elementar e genérica, que podem e devem ser estudadas com seriedade e cientificidade, se utilizado do método eficaz para realizar a etnografia. O pesquisador

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