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ATENDIMENTO INTEGRAL À MULHER CLIMATÉRICA

Por:   •  28/10/2018  •  3.305 Palavras (14 Páginas)  •  264 Visualizações

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ASPECTOS CONCEITUAIS DO CLIMATÉRIO

De acordo com De Lorenzi e Saciloto (2006), o climatério se caracteriza pela fase da vida feminina, em que ocorre a transição do período reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo. Tal situação se dá pela diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. A produção insuficiente desses hormônios por sua vez decorre do esgotamento dos folículos primordiais, constituintes do patrimônio genético da mulher.

Os níveis hormonais começam a diminuir por volta dos 40 anos, sendo um processo que ocorre com todas as mulheres. Não há um padrão nessas ocorrências, ou seja, algumas mulheres podem apresentar os sinais e sintomas mais cedo ou mais tarde, entretanto a interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, denominada menopausa chegará para todas. Essa interrupção dos ciclos menstruais constitui a delimitação das fases do climatério, pré- menopausa e pós-menopausa, que em média ocorre depois dos 50 anos de idade. No entanto pode ocorrer dos 48 aos 55 anos. Sua ocorrência antes de 40 anos é chamada de menopausa prematura.

A diminuição ou a falta dos hormônios sexuais femininos podem afetar várias áreas do organismo, acarretando sinais e sintomas, gerando o que se denomina síndrome climatérica ou síndrome da menopausa. Além dos sintomas físicos, o climatério também afeta as mulheres emocionalmente.

CONTEXTUALIZAÇÃO DO CLIMATÉRIO NA VIDA DA MULHER

Na concepção de Gonçalves et. al. (2003), a construção da auto-estima da mulher climatérica é afetada negativamente, em virtude de uma cultura que vincula a beleza à juventude e a não valorização da pessoa idosa, quase sempre vista como improdutiva. Embora sejam mudanças físicas que fazem parte do desenvolvimento feminino, elas carregam em si um peso emocional, gerando o medo da rejeição e o desalento pela falta de perspectivas nesse contexto cultural.

O climatério na literatura especializada, de acordo com o referido autor, quase sempre é abordado mais como questão patológica, quando deveria ser referido como uma fase fisiológica da vida.

Nos últimos tempos, a temática acerca do climatério e suas implicações têm figurado em reportagens e em publicações leigas e não-especializadas, possibilitando uma visão mais condizente a essa etapa da vida. As pesquisas de profissionais da saúde que abordam a mulher climatérica, buscando a compreensão do fenômeno e os fatores a ele associados, em sua maioria são incipientes e não recebem divulgação efetiva.

Nesse sentido, Gonçalves et. al. (2003) argumenta que a assistência à saúde dirigidas a essas mulheres segue o mesmo caminho, uma vez que no contexto das Políticas Públicas de Saúde, a mulher somente tem prioridade enquanto ser reprodutivo. O autor assevera que ao entrar no climatério, o sistema de saúde vigente se volta para uma ação “curativa”, priorizando a medicalização em detrimento de um atendimento mais abrangente.

Constata-se nesse cenário, que um trabalho educativo no que se refere à participação ativa da mulher acerca do auto-cuidado, não se configura como prática dos serviços de saúde. Observa-se nesse contexto, quão contraproducente tal postura, pois relega a um terceiro ou quarto plano a prevenção nas questões de saúde. Segundo Silva (2006) esse descaso com a educação para a saúde assume maior proporção de grandeza no caso das mulheres das classes populares, uma vez que a baixa renda se torna impeditivo para o acesso a esses serviços, sendo tão ou mais difícil no climatério.

Na concepção de Gonçalves et. al. (2003), por suas características e seus aspectos definidores tais como o declínio da função reprodutora e da potência sexual, o climatério por si só já impõe às mulheres um peso emocional muito grande, concomitantemente, a conotação desse período nos textos técnicos não abrange as implicações e nem as causas, além de conter uma visão negativa. Tal afirmativa encontra consenso, quando o caráter de transição biográfica é reduzido a uma questão de “sintomas” do climatério, cuja entonação se volta para a questão dos sintomas, referindo-se a essa fase fisiológica como uma doença, fazendo supor erroneamente, que uma ação curativa através de intervenção medicamentosa seja suficiente.

Mendonça (2004) argumenta com propriedade, que é preciso ter em mente que se existem sintomas, necessariamente existem “causas”, e estas são as que necessitam de intervenção, especialmente a intervenção através de práticas educativas.

Os sintomas típicos do climatério, em sua maioria são provenientes da queda dos níveis de estrogênio circulantes, dos quais, a instabilidade vasomotora, distúrbios menstruais, atrofia gênito-urinária e sintomas psicológicos são os de maior frequência, sendo que em longo prazo podem se somar a estes, a osteoporose e alterações cardiocirculatórias. A esse respeito, Gonçalves (2003) relata que a intensidade dessas alterações depende do nível de privação estrogênica, bem como se relaciona ao ambiente sociocultural e condições de vida da mulher. Sendo importante que tais causas recebam atenção mais acurada.

Considerando o aumento da expectativa de vida, e tendo-se em mente que o climatério tem início por volta dos cinquenta anos, uma mulher que atinge os 70 anos passa 20 anos de sua vida no climatério. Diante desses dados, Gonçalves (2003) enfatiza que iniciativas de atenção integral se tornam de fundamental importância, iniciativas que incluam ações educativas de saúde, acesso a informações sobre o auto-cuidado e troca de experiências, buscando oferecer à mulher climatérica, qualidade de vida, auto-estima, bem-estar, saúde e dignidade.

POLÍTICAS DE SAÚDE ATINENTES Á MULHER

Inicialmente, as primeiras políticas públicas direcionadas à saúde da mulher estiveram voltadas ao ciclo gravídico-puerperal, ou seja, o atendimento à mulher ficava restrito à saúde materna ou à ausência de enfermidade associada ao processo de reprodução biológica. A partir do ano de 1984, uma proposta de atendimento integral ganha visibilidade através do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), cujos princípios e diretrizes foram discutidos em parceria com diversos segmentos da sociedade, em especial com o movimento de mulheres.

Esta proposta foi formulada, tendo por base a avaliação das políticas anteriores e, a partir de então, buscou contemplar o preenchimento de lacunas deixadas nas políticas anteriores, tais como o climatério/menopausa;

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