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Análise sobre Mato Eles?(1983) de Sergio Bianchi

Por:   •  24/1/2018  •  1.045 Palavras (5 Páginas)  •  374 Visualizações

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O “ultimo Xetá” é introduzido pela música “O Guarani” de Carlos Gomes, eternizada como a vinheta do programa A Hora do Brasil, o que nos remete a dois imaginários: um institucional, como um pronunciamento do Estado, outro do “bom selvagem” de José de Alencar. A composição da ancestralidade do Xetá é construída através de imagens de um filme pseudo-etinográfico, realizado em uma expedição científica feita em 1957 a região da Serra dos Dourados no Paraná com o apoio do Comitê do Filme Etnográfico – Museu do Homem de París e do Centro Nacional de Pesquisa dirigido pelo professor José Loureiro Fernandes.

Logo depois temos um letreiro anunciando a seguna fase da pesquisa em 1982. Após o letreiro vemos a imagem do último Xetá, em diferentes enquadramentos: plano médio frontal, de costas, lateral, depois primeiro plano lateral, frontal seguido de primeiríssimo plano frontal com somente nariz e boca em quadro, neste momento Bianchi saí detrás das câmeras para mostrar o enquadramento ao câmera. O Xetá se sente constrangido posando para a câmera como se fosse um animal em extinção.

Ao mostrar como ele quer o quadro, Bianchi discute a natureza ficcional do cinema, mesmo se tratando de um documentário, pois coloca em cena seu método e também mostra que é o seu discurso sobre os indígenas. Assim se Robert Flahert nos primordios da antropologia visual, lutava por esconder a adequação da vida ao cinema em Nanook (1922), Bianchi as escâncara em todo o filme para refletir não só a questão indígena como também o fazer cinematográfico.

Assim sendo, “Mato Eles”(1983) não propõe um documentário etnográfico ou um relato ficcional da condição indígina deste pedaço do Brasil, mas através de recursos utilizados na composição de documentários e de filmes ficcionais constrói uma obra inquietante, reflexiva e irônica, com o intuito não só de expor a condição de desumanidade vivenciada pelo indígena, mas também de críticar o próprio papel do realizador. Nem mesmo o próprio Bianchi escapa de sua crítica, como vemos na fala do último índio entrevistado: “E tô falando…é que o senhor precisou de dinheiro… agora o senhor correu prá ver se ganha algum dinheiro pra tomar café nas costas do índio…”.

Referências

ANDRADE, Rosane. “Fotografia e Antropologia: olhares de fora-dentro”. São Paulo, EDUC, 2002.

Ferraz, ALMC. A noção de duração no cinema de Jean Rouch. Doc On line. Portugal, 2010

COLOMBRES, Adolfo (org) .“La descolonización de la Mirada: una introducción a la antropologia visual”. Cuba. ICAIC, 2012.

Nichols, Bill. “Introdução ao documentário”. Campinas. SP: papyrus, 2005.

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