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Resenha Crítica - Carta de Atenas

Por:   •  21/11/2018  •  2.258 Palavras (10 Páginas)  •  480 Visualizações

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Diante disso, Le Corbusier, define praticamente o conceito de urbanismo moderno. Conceito esse que surgiu como uma resposta aos problemas enfrentados pelas cidades. Marca uma mudança na forma de encarar a cidade e seus problemas urbanísticos causados pelo rápido crescimento populacional. “As condições de habitação são nefastas pela falta de espaço suficiente destinado à moradia, pela falta de superfícies verdes disponíveis, pela falta, enfim, de conservação das construções (exploração baseada na especulação)”. Ele ainda afirma que o sol, espaço, vegetação, são elementos indispensáveis aos seres vivos. E esta certo, as áreas verdes urbanas são espaços físicos urbanos de grande importância no aumento da qualidade de vida da população, assim como as praças, os parques, complexos recreativos e esportivos, que de proporciona inúmeros benefícios à população. Entretanto, a realidade é outra e o que aconteceu foi o afastamento cada vez maior dos elementos naturais que só aumentou proporcionalmente a desordem, a doença, não existia qualidade de vida, o crescimento das cidades só devorou progressivamente as superfícies verdes. As cidades estão construídas em condições contrárias ao bem público e privado. -“Nossa tarefa é arranca-los de sua desordem por meio de planos nos quais será previsto o escalamento dos empreendimentos ao longo do tempo. É preciso buscar ao mesmo tempo as mais belas paisagens, o ar mais saudável, levando em consideração os ventos e a neblina, os declives melhor expostos e, enfim, utilizar as superfícies verdes existentes, cria-las, se não existem, ou recuperá-las, se foram destruídas.” O autor (Le Corbusier) ainda afirma que, em nome da higiene publica, bairros inteiros devem ser condenados, outros, em função das memorias históricas ou dos elementos de valor artístico que contem, deverão ser parcialmente respeitados. - Nesse caso não tenho como discordar, aquilo que apresenta um perigo deve ser destruído em prol de algo melhor, além de criar e administrar locais que melhore a qualidade de vida da sociedade, propiciando um espaço favorável às distrações, aos passeios; espaços diversos de educação física, esporte e lazer. Portanto, a manutenção e a criação de espaços livres são uma necessidade e constituem uma questão de saúde pública para a espécie.

Le Corbusier classifica as horas livres/lazer em três categorias: Cotidianas, semanais ou anuais. - “As horas de liberdade cotidiana devem ser passadas nas proximidades da moradia. As horas de liberdade semanal permitem a saída da cidade e os deslocamentos regionais. As horas de liberdade anual, isto é, as férias, permitem verdadeiras viagens fora da cidade e da região”. Tudo isso implica a criação de reservas verdes; devem ser escolhidos os locais situados nos arredores imediatos da cidade e próprios para se tornarem centros úteis de lazer semanal. E também deve haver o estudo de diversos meios de transporte possíveis: estrada, ferrovias, etc.

Para compreender a superfície verde necessária à organização e sustentar essa decisão, Le propõe uma legislação: O Estatuto do Solo. -“Esse estatuto terá a diversidade correspondentes às necessidades a satisfazer”. Assim a superfície livre e superfície edificada poderão variar segundo as funções, os locais ou os climas, rompendo com os modelos de cidade e olhar a diversidade da realidade regional, a diversidade das cidades e construir processos próprios à cada uma dessas realidades; olhar a cidade na sua complexidade, na sua malha urbana. Essa nova realidade mudará a textura do tecido urbano; as aglomerações tenderam a tornarem-se cidades verdes.

-“Contrariamente ao que acontece nas cidades-jardins, as superfícies verdes não serão compartimentadas em pequenos elementos de uso privado, mas consagradas ao desenvolvimento das diversas atividades comuns que formam o prolongamento da moradia”. - Entende-se com isso, uma forma de assegurar o direito coletivo sobre o individual. É como assegurar o direito a qualidade de vida a todos, até porque a maneira precária como mora uma parte da população causa, evidentemente, maiores prejuízos a essa população, mas também para o resto da cidade. Uma cidade mais democrática do ponto de vista da moradia é também uma cidade menos poluída, uma cidade melhor de se viver.

É de conhecimento geral que a Revolução Industrial mudou a vida da humanidade e consequência dela ouve a ruptura com a antiga organização do trabalho criando uma desordem indivisível. Mudou a ligação entre a habitação e o local de trabalho, os populares deslocaram-se aos centros urbanos em busca de trabalho nas fábricas, o que levou milhares de trabalhadores a praticamente viver dentro das fábricas. A Revolução Industrial também quebrou as tradições de artesanato e deu origem a uma nova mão-de-obra. A forma de vida em sociedade e o cotidiano da população foram mudados completamente não foi para melhor. As horas de pico dos transportes acusam um estado crítico, uma organização que lhes proporcionava, diariamente, horas de sacolejo somadas a fadiga do trabalho, o que só piorava a condição de vida dos trabalhadores. -É preciso mudar! A concentração de indústrias em torno das grandes cidades já não é mais uma fonte de prosperidade, pois são deploráveis as condições de vida que disso resultam para a massa. Eis a solução de Corbusier: -“As indústrias devem ser transferidas para locais de passagem das matérias-primas, ao longo das grandes vias fluviais, terrestres ou férreas. Um lugar de passagem é um elemento linear. As cidades industriais ao invés de serem concêntricas, tornar-se-ão, portanto, linear”. –Ai sim, haveria uma melhoria nas condições de vida dos trabalhadores. A cidade se tornará mais dinâmica, apesar do aumento da distancia dos locais de trabalho, porem, deve-se levar em conta a nova distribuição dos estabelecimentos industriais e das moradias. A moradia estará agora protegida dos ruídos, poeiras, etc. Os setores industriais devem, sim, ser independentes dos setores habitacionais e separados um dos outros por uma zona de vegetação. Mas, para o autor, poderá ficar situado nos pontos mais intensos da cidade o artesanato, joalheria, costura moda, pois são atividades essencialmente urbanas. Já o centro de negócios deve encontrar-se na confluência das vias de circulação que servem ao mesmo tempo os setores de habitação, os setores de indústrias e de artesanato, o setor de administração pública, alguns hotéis e diversas (estações ferroviárias, rodoviárias, marítimas, aérea).

Sobre as vias urbanas, é importante ressaltar que, a princípio, as cidades antigas eram, por vezes, cercadas por muralhas. Não podiam, portanto, estender-se

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