Estação da Luz
Por: SonSolimar • 18/12/2017 • 2.459 Palavras (10 Páginas) • 392 Visualizações
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Atraída pelos lucros a primeira empresa interessada em construir a estrada desistiu ao ver os obstáculos que teriam que enfrentar.
Irineu Evangelista de Souza, que foi Barão de Mauá e depois visconde, dono de cafezais no interior e maior empresário do império conseguiu com banqueiros ingleses o dinheiro necessário para driblar a serra do mar. O capital negociado foi de 2.000.000,00 de libras e o direito de exploração da ferrovia por 90 anos, pelos ingleses.
Mais de 5.000 homens trabalharam para ligar a Luz a Santos, pregando dormentes em despenhadeiros, todo o processo durou mais de sete anos interruptos de trabalho.
A primeira estação da Luz foi construída em 1867 sob a tutela da São Paulo Railway, empresa inglesa responsável pela construção da linha férrea que ligava Santos a Jundiaí, a estação era uma edificação acanhada, mas teve seu funcionamento apenas durante três anos e já não dava conta do fluxo de carga e pessoas.[pic 2][pic 3]
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Em 1870 houve uma nova construção bem maior, e sua entrada localizada na Rua Mauá, essa fora uma ampliação da primeira estação, maior e mais aconchegante, segundo relatos da época.
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Em menos de 30 anos, a Luz voltou a ficar pequena, e em 1895 o arquiteto inglês Charles Henry Driver, projetou a nova Estação da Luz (a Inglesa como ficou conhecida), o projeto foi idealizado em estilo Neoclássico com fortes referencias Vitorianas.
A construção de deu entre os anos de 1895 a 1901 quando em 1º de Maio deste ano a Luz abriu. Uma enorme edificação formada por estrutura de ferro trabalhado, enormes telhas de vidro e zinco fazendo sua cobertura, cobertura essa que se apoia nas paredes de tijolos aparentes.[pic 8]
Em 1934, começaram a circular entre São Paulo e Santos, as composições “Cometa” (esquerda) e “Planeta” (direita), as quais, por terem apenas três vagões, desciam a serra em uma única vez, tornando a viagem mais rápida (cerca de 1 hora e 50 minutos).[pic 9][pic 10][pic 11][pic 12]
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O Arquiteto da Luz
Charles Henry Driver (1832 – 1900) foi um arquiteto britânico da era Vitoriana, com uma reputação pioneira na utilização de trabalho de ferro ornamental. Ele também era um especialista em sua fundição e fabricação. Joseph Paxton The Crystal Palace Great Exhibition Hyde Park London Ele consultou nesta área por Joseph Paxton no The Crystal Palace projeto como parte da Grande Exposição de 1851 em Hyde Park, Londres. Neste projeto ele projetou o Laranjal e o Aquário. Ele também foi pioneiro no uso de azulejos ornamentais em interiores industriais.[pic 15]
Suas obras ainda existentes de trabalhos de design são Westminster Embankment icônico pelas casas do Parlamento, em Londres (1864 – 1900).
Ele trabalhou também em muitos projetos ferroviários em toda a Inglaterra e América do Sul, além de edifícios individuais de importância, tais como Dorking Câmara Municipal, ele projetou vários tipos de edifício, tais como prefeituras, estações de bombeamento, e numerosas estações ferroviárias.
Trabalhando com o engenheiro Joseph Bazalgette na construção massiva do sistema de esgotos de Londres, ele completou o projeto arquitetônico para o Tamisa e as grandes casas de bombagem em Abbey Mills e Crossness, que eram templos decorativos para engenharia vitoriana e energia a vapor.
Driver era efetivamente um arquiteto de relevância no projeto de estações ferroviárias na Inglaterra, sendo ainda mencionado como auto das estações de Kettering (1857) em Northamptonshire, Wellingborough (1857), Preston, e Soutporth Central (1882).
*Nasceu em 23 de março de 1832
+Morreu 27 de outubro de 1900
Materiais e operários estrangeiros
A febre das ferrovias alterou os costumes, a economia do país e as relações de trabalho, a sociedade acostumada a escravidão viu surgir exércitos de homens livres que dia após dia abriam passagens para os trilhos deixando ao lado deles vilas e cidades, para dar cabo de tantas obras o governo abriu as portas ao capital privado e estrangeiro, cerca de 77% do dinheiro externo investido no Brasil entre os anos de 1860 e 1902 era inglês, sendo que grande parte foi aplicado na construção das ferrovias.
A fartura de empregos com a abolição dos escravos e a industrialização fez do Brasil terra prometida para imigrantes de varias partes do mundo, eram italianos, ingleses, alemães, espanhóis a São Paulo do final do século XIX era estrangeira por todos os lados ouviam-se ecos de dialetos europeus. Na São Paulo Railway não era diferente, os técnicos e operários das oficinas quase todos ingleses, foguistas, maquinistas e os homens da tração italianos e espanhóis e os chefes das estações brasileiros.
A Estação da Luz veio pelo Oceano Atlântico desmontada, os materiais utilizados na construção vieram todos de navio e de diversas partes da Europa são eles:
Tijolos aparentes (Inglaterra);
Aço da estrutura que forma um arco 155m de comprimento na cobertura (Escócia);
Chapas de Zinco - 1200 chapas como peso aproximado de 36 toneladas;
Chapas de Pinho de Riga – Cerca de 4.000 chapas (Letônia);
Telhas cerâmicas (França);
Telhas de vidro para Claraboia (Brasil);
Maquinário do relógio (Inglaterra);
Em sua torre uma replica do Big Bang de Londres, um relógio, era um sinônimo de hora certa para todos que ali passavam. Os ingleses trouxeram para São Paulo três relógios, um instalado na Estação da Luz, outro na Estação de Paranapiacaba e o por fim um na Estação de Santos.
Com exceção do relógio da Luz que pereceu em um incendia em 1946 os demais estão em perfeito funcionamento até hoje.
A edificação ocupa uma área de 7520m² dividida em duas plataformas cobertas, três vias e uma edificação que abriga diversos serviços, no limiar do novo século foi interligada a Linha 1 Azul e no ano de 2010 recebeu a nova Linha 4 Amarela ambas do metrô e tem capacidade para receber mais
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