ANALISE URBANA, ESPACIAL E AMBIENTAL DO BAIRRO DANIEL EM SANTANA NO AMAPÁ.

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Figura 02: Morador pescando no rio Amazonas[pic 2]

Fonte: Acervo Gomes, 1964.

Santana sempre foi o lugar aonde as ilhas vinham buscar seus mantimentos, e isso não mudou, ainda hoje o município serve de apoio para a alimentação, saúde e educação, não só para as famílias amapaenses, que moram na beira do rio, mas também para muitas ilhas do estado do Pará. O bairro Daniel, tinha seu porto com forte comercio varejista, estaleiro e matadouro as margens do rio Amazonas. O apoderamento da área se deve a duas situações que, segundo Silva (2006, p. 47), ressalta que:

A ocupação desta área, ou seja, as margens dos cursos d’água na Amazônia, é um fato que vem acontecendo desde os primórdios das ocupações, são as preferidas para serem ocupadas devido às facilidades de deslocamento e sobrevivência.

O surgimento do espaço social provavelmente foi por invasão, às pessoas chegavam e ocupavam os terreiros daqueles que já estavam ali. Mas na década de 1950, isso ganha uma proporção maior com a implantação da ICOMI, já que mesmo surge acolhendo a mão de obra terceirizada que servia a empresa ICOMI e seus funcionários. Mas vale ressaltar que essa área não era da ICOMI, pois quando a mesma chega já haviam alguns pescadores região onde hoje é o bairro, pois além de ter a frente o rio Amazonas, há dois Igarapés próximo.

De repente, os moradores do bairro Daniel, estavam ao lado de um bairro planejado, estruturado, com todos os recursos que somente os grandes centros da época teriam, como a área de lazer da empresa que inclusive se localiza no bairro Daniel. Supermercado, hospital, cinema, restaurantes, mas nada disso estava a disposição dessa população que vivia literalmente a margem daquele desenvolvimento, sem poder sequer comprar no supermercado, somente os funcionários tinham o direito de comprar, pois para comprar era necessário apresentar um cartão que somente os funcionários da ICOMI possuíam, quando um morador precisava de algo do mercado precisava contar com a compaixão de um empregado da empresa.

O bairro não possuía planejamento urbano, as casas estavam no meio da mata e se chegava por caminhos, até um dia em que alguns comerciantes receberam a visita do então governador do Território do Amapá, Comandante Anníbal Barcellos. Que enviou um engenheiro para desenhar o planejamento urbano do bairro, e algumas maquinas para abrir as vias. Foi relatado que quando havia uma casa no meio da rua, ela era cerrada e carregada pelos moradores para dentro de um lote.

É um processo de transformação, que envolve mudança na cultura e atitudes que não é tarefa comum, ao contrário, requer habilidade e liderança para a condução do processo, que certamente acontecerá num contexto caracterizado por resistências e ambiguidades. Mas uma etapa necessária para que de fato os equipamentos urbanos cheguem onde mais se precisa.

A única rua que tinha asfalto era a rua que levava a área de lazer que pertencia a ICOMI, o bairro possui três avenidas e duas travessas. Só recebeu capeamento asfáltico no mandato do prefeito de Santana, Tadeu Medeiros, que geriu de 1997 a 2000. Esse é o mesmo asfalto até hoje, isso foi aproximadamente a 17 anos atrás. Hoje esse asfalto já é quase inexistente, devido a falta de manutenção da Prefeitura, as muitas chuvas e o desgaste natural do tempo.

O bairro recebeu grande impacto também com a chegada da Marinha do Brasil, pois no bairro Daniel se encontra também a Capitania dos Portos e a Vila Naval da Marinha, no momento da implantação se instalaram comércios para atender as necessidades dos marinheiros que se instalaram no bairro, grande parte desses comércios estão até hoje. A Marinha mudou bastante a paisagem e função do lugar, pois no momento que a Vila Naval ficou pronta, foi construído um muro isolando mais uma vez o bairro, além de ter sido indenizado um matadouro e uma madeireira que estavam localizados as margens do rio, mudando assim características de emprego e renda no bairro.

O nome dado ao bairro foi uma homenagem feita a um medico chamado Daniel que era funcionário da ICOMI, mas que também atendia aos moradores da então chamada Vila Piscina. Não se sabe muito desse médico, mas com certeza foi alguém que marcou muito essa comunidade, para merecer receber o nome do bairro.

3- O LUGAR COMO CENTRO DE PERCEPÇÃO DA PAISAGEM.

Muito antes de Santana ser decretada município, essa cidade teve sua origem, no ano de 1753, de um conglomerado de pessoas na então conhecida Ilha de Santana, localizada na margem esquerda do rio Amazonas. Os pioneiros a habitarem o lugar foram os portugueses e mestiços do estado do Pará, bem como os índios Tucujus, que naquele período foram comandados pelo desbravador português Francisco Portilho de Melo, que veio para essa região fugido das cobranças fiscais das autoridades paraenses, devido a comercialização de metais e escravos.

Por manter amizade com Mendonça Furtado foi nomeado capitão do pequeno povoado de Santana, sendo esse criado por ordem de Mendonça Furtado em homenagem a Santa Ana a qual era venerada pelos europeus. (IBGE, 2015). Com o passar do tempo a comunidade santanense ganhou uma nova conjuntura e por consequência um aumento populacional.

Devido a descoberta de manganês 1946, em Serra do Navio, por Mário Cruz, um agricultor daquela região, e a implantação da então a Indústria e Comércio de Minérios (ICOMI). No final da década de 1950, a empresa constrói a estrada de ferro de 19 quilômetros para escoamento do minério de manganês, destinado ao mercado internacional, principalmente para o Estados Unidos. Já para a saída via fluvial, foi necessária a construção e instalação de um cais flutuante que encontra-se na orla de Santana e em frente a ilha de mesmo nome. (IBGE, 2015).

Tudo isso devido a posição geográfica estratégica do Canal Norte do rio Amazonas, bem como a sua profundidade, com 11 metros de calado. A instalação do cais ocasionou uma demanda bem maior de empregos, atraindo assim um número expressivo de pessoas e gerando o crescimento de atividades comerciais e pequenas indústrias, desse modo, proporcionando a ampliação do urbano através de pequenas vilas que surgiram na região. (IBGE, 2015).

Figura 03 – Mapa da divisão dos bairros município de Santana-AP

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Fonte: IBGE Diretoria de Geociências Adaptações e destaques de localização dos Bairros

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