A IMAGEM E O SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO DOS USUÁRIOS DO SETOR SUL
Por: Rodrigo.Claudino • 1/10/2018 • 4.030 Palavras (17 Páginas) • 331 Visualizações
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de áreas verdes que formavam um cinturão e uma malha intrabairro, através de um elaborado sistema viário que previa a hierarquização de vias, com um desenho orgânico repleto de cul-de-sacs. (GONÇALVES, 2002).
A principal característica do bairro são os jardins internos das quadras, que não são bem utilizados, estão degradados (Fig. 1). Quando utilizados são destinadas as outras atividades não apropriadas para aquele espaço. Nota-se que é mais utilizado por parte de usuários de passagem que usuários fixos.
Figura 1: Praça do Bacião, carente de infra-estrutura.
Foto: Ingridy Rodrigues
A grande problemática do Setor-Sul é uso pós-ocupacional, segundo Mota (1999) o Estado não conseguiu segurar a ocupação do setor, que acabou acontecendo uma década antes do determinado, assim os moradores não foram instruídos como utilizarem e ocuparem aquele espaço, as áreas verdes ainda não tinha sido finalizadas e nem recebido os equipamentos necessários, assim os Estado foi se acomodando, chegaram até vender esses espaços públicos verdes para alguns moradores. Hoje essas áreas verdes do Setor Sul estão em situações críticas, servindo de despejo de lixos e entulhos, não possuem segurança nem equipamentos e quem realmente faz uso desses espaços são os transeuntes, que também contribuem para a degradação dessas áreas.
A maioria dos moradores enxergam essas área inutilizadas do bairro como áreas abandonadas, a mercê da marginalidade do mal uso, e não contribuem para a melhora desses espaços, pelo contrário.
Os usuários de passagem enxergam potencialidades no espaço, utilizam como espaço recreativos e de descanso, contemplam a paisagem e tentam revitalizar esses espaços, por meio de intervenções artísticas, culturais e ocupacionais do espaço.
A maioria das pessoas que se apropriam dos espaços públicos do Setor-Sul não são moradores do bairro, ou fazem parte do contexto do bairro todos os dias, seja como trabalhadores do entorno ou estão apenas de passagem e ficam encantados com a proposta de cidade jardim que está em degradação.
3 JUSTIFICATIVA
Projetado com base em se aproximar do modelo norte-americano de cidade-jardim, um modelo de cidade por Howard, que consistia em uma comunidade autônoma cercada por um cinturão verde num meio termo entre campo e cidade (ANDRADE, 2003), o Setor Sul foi destinado ao uso residencial e possui características marcantes que o diferenciam dos demais setores de Goiânia.
A presença de praças e espaços verdes, o desenho urbanístico do bairro, os espaços urbanos internos, foram construídos para incentivar a convivência no local, tudo pensado nas pessoas que ali habitariam ou ocupariam, à longo ou curto prazo, definitivo ou não, buscando pensar na prioridade das pessoas e não dos carros, entre outras características predominantes no setor, vindas do projeto inicial de Atílio Correa Lima, essas que em conjunto faziam e em alguns locais do bairro ainda fazem, as pessoas se sentirem pertencer ao local que habitavam ou ocupavam.
Segundo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), está em andamento pela UFG, um projeto de tombamento do plano do Setor Sul, que vem para revitalizar e preservar esses espaços, que com o passar do tempo foram sofrendo alterações pelos próprios moradores do setor.
Segundo Lynch (1960), “cada cidadão tem vastas associações com alguma parte de sua cidade, e a imagem de cada um está impregnada de lembranças e significados. ” Sendo assim, essas associações feitas pelos moradores e pelas pessoas que estão apenas de passagem no Setor Sul, se tornam imagens, memórias e as fazem sentir pertencer aquele local, pois começam a levar em consideração o bairro como elas percebem.
Memória, é uma categoria biológica/psicológica que diz respeito a capacidade de armazenagem e conservação de informações (ALMEIDA, 1998). Sem memória não saberíamos quem somos nem para onde vamos, afirma Daniel Libeskind em entrevista à Deutsche Welle.
É necessário trazer à tona a importância de os usuários sentirem pertencer ao local que habitam e/ou ocupam, mostrar o quanto esse sentimento é relevante e o quanto as características do lugar podem influenciar a relação pessoas x espaço público.
Atualmente, são vários os movimentos urbanos acontecendo por Goiânia com projetos que buscam melhorias dos espaços públicos e o aumento da utilização destes espaços, e sua ocupação, se destacando o Setor Sul. Temos hoje o projeto Casa Fora de Casa, que promove encontros de ocupação do Setor Sul.
De acordo com Guimarães, (2016), Casa Fora de Casa pretende estimular o imaginário das pessoas quanto ao tipo de espaço público que querem e precisam, construir uma visão coletiva para o bairro e testar algumas ideias através de intervenções urbanas. O projeto trata a cidade como a extensão de nossa casa e nos alerta para a importância de pensar, cuidar e viver os espaços públicos das cidades.
“Ao transformarmos o cidadão, a forma como olha e atua no seu bairro, estaremos a transformar a cidade. Pela sua especificidade, sua história, sua centralidade, o Setor Sul é um bairro muito especial e de enorme visibilidade” (Gonçalves, 2016)
Apropriar-se dessa realidade é fundamental para entender como funciona a relação das pessoas com o espaço que elas ocupam, como o entorno possui ligação com os sentimentos de quem ali está, esse sentimento é essencial e pode mudar toda a concepção de uso do espaço público, e com isso o modelo de Howard pode sair de uma proposta para o Setor Sul e se tornar uma realidade, ao se sentir pertencer ao lugar, se sentir parte dele, as pessoas mudarão suas atitudes em relação ao espaço, fazendo com que ele seja preservado, ocupado e seu real uso seja feito.
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Goiânia foi criada a partir de novas teorias urbanas, dentre elas segundo Farias; Britto (2017) a de cidade jardim, criada pelo inglês Ebenezer Howard. O Setor Sul, foi o bairro que mais absorveu parte dessa concepção, projetado com ruas curvas, formando vários “cul de sac”, e sempre integrando o homem com as áreas verdes. Os espaços públicos do setor, eram considerados bastantes atrativos para a população que moravam e frequentavam o local.
A maioria das pessoas que utilizam esses espaços, são os moradores do entorno, jovens principalmente nos finais de semana, e alguns trabalhadores do setor. Estes ajudam a compor a imagem do setor, já que um de seus objetivos centrais,
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