DIAGNÓSTICO DE CRESCIMENTO ÍNDIA: ANÁLISE E CONTEXTUALIZAÇÃO ECONÔMICA
Por: kamys17 • 18/9/2018 • 4.887 Palavras (20 Páginas) • 315 Visualizações
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2 Metodologia
O respectivo trabalho foi feito baseando-se no modelo de diagnóstico de crescimento proposto por Hausmann, Rodrik e Velasco (HRV – 2005), com o propósito de analisar todas as possíveis e significantes restrições ao acúmulo de capital e às atividades que aumentam a produtividade de determinado país. No presente estudo, analisamos o caso da Índia: país com grande potencial de crescimento, mas que por diferentes motivos ainda se encontra em fase estagnada de desenvolvimento.
O método utilizado analisa minunciosamente diferentes fatores relacionados à economia indiana afim de identificar as principais restrições ao crescimento do país. O objetivo aqui é, após essa identificação, orientar a política econômica para a correção dos fatores mais agravantes, aumentando a eficácia das medidas tomadas pelo governo indiano. Os fatores analisados foram elencados por Hausmann, Rodrik e Velasco (HRV – 2005) através de uma árvore, representada abaixo.
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Os dados utilizados em nossas análises foram, em sua maior parte, retirados do World Bank. Foram feitas comparações dentre diferentes épocas e com diferentes regiões do globo, afim da plena compreensão de cenários, dos mais simples aos mais abrangentes. Ao final do trabalho, são elaboradas algumas propostas, com base no que foi discutido, para orientação da política econômica indiana.
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3 Revisão de Literatura
O presente trabalho busca analisar os empecilhos ao crescimento econômico da Índia, afim de orientar a política macro e microeconômica do país. Para tal, é necessário primeiramente um “background” sobre a economia e a história indiana.
J. Bradford DeLong (India Since Independence: An Analytic Growth Narrative, 2001) fez um exame detalhado do histórico econômico indiano em meio às sucessivas conjunturas do governo. A partir disso, o autor formulou algumas hipóteses a respeito de qual deve ter sido a principal causa para o alto crescimento indiano desde o final dos anos 1980.
Neste capítulo é apresentada uma breve descrição da trajetória econômica da Índia nas últimas seis décadas. Foram caracterizadas as principais medidas tomadas em cada momento político, assim como seus respectivos desdobramentos e efeitos.
A Índia é uma democracia estável. O Primeiro Ministro Narendra Modi tomou posse em 2014 e é visto como um dos agentes responsáveis por reviver a economia e revigorar a política estrangeira indiana. Corrupção, infraestrutura precária e déficits fiscais são alguns dos entraves ao desenvolvimento do país. Entretanto, com os baixos preços do petróleo no mercado mundial, a economia indiana tem conseguido sustentar a taxa de crescimento em torno de 7%. Modi abriu os setores de defesa e seguros ao investimento privado, mas seu governo tem falhado em realizar algumas promessas de reformas na aquisição de terras e nos impostos de bens e serviços. A Índia apresenta uma força expressiva no comércio internacional, mas seu crescimento permanece abaixo do potencial.
O alto crescimento econômico do país nos anos 1990 e 2000, e que permanece relativamente estável nos dias de hoje, deve-se às reformas econômicas liberais, iniciadas em 1991 com o Primeiro Ministro Narasimha Rao, com o objetivo de tornar a economia nacional mais voltada ao mercado e de expandir o papel dos investimentos externos e privados.
Antes desse período de liberalização econômica, a economia da índia recém independente (1947) era influenciada pela experiência colonial, exploradora por natureza, e pela exposição ao socialismo Fabiano (movimento político-social nascido em Londres no fim do século XIX). A política era voltada ao protecionismo, com grande ênfase dada à substituição de importações, industrialização sob monitoramento do governo, intervenção do estado no nível micro e planejamento central. Muitas indústrias, como as de ferro, telecomunicações e energia, haviam sido estatizadas nos anos 1950. Uma variedade de licenças, regulações e uma extensa burocracia, referidas em conjunto como “License Raj”, eram necessárias para se iniciar negócios na índia entre 1947 e 1990.
Ao final de 1990, a Índia enfrentava uma séria crise econômica em sua balança de pagamentos. O governo estava próximo a dar um “default” na dívida externa, o banco central indiano recusava conceder mais crédito e as reservas internacionais estavam extremamente baixas. Foi feito então, um acordo de resgate com o Fundo Monetário Internacional (IMF), e em troca a Índia se comprometia a realizar reformas econômicas a fim de libertar a economia. Foi dado um fim ao “License Raj”; impostos, taxas de juros e tarifas foram progressivamente reduzidos; monopólios estatais foram rompidos; a economia foi aberta ao investimento e mercado global e a competição e empreendimento no setor privado foram encorajados.
Na virada do século 21, a Índia já havia progredido em direção a uma economia de livre mercado, com significativa redução do estado na economia e substancial liberalização financeira. Esse cenário veio acompanhado de aumentos na expectativa de vida, taxas de alfabetização e acesso à alimentação, embora habitantes das áreas urbanas tenham sido mais beneficiados do que os que vivem nas áreas rurais. O impacto das reformas pode ser medido pelo fato de que o total de investimentos estrangeiros na Índia cresceu de baixos US$132 milhões em 1991-92 para US$5.3 bilhões em 1995-96.
O processo de reformas econômicas continua até os dias de hoje na Índia. No entanto, recentemente, tem havido um debate acerca da liberalização econômica como uma estratégia de crescimento inclusivo. Desde 1992 a desigualdade de renda no país vem aumentando, com o consumo permanecendo estável entre os mais pobres, e crescendo entre os ricos. Tal conjuntura aponta para a necessidade de futuras reformas com o objetivo de, cada vez mais, proporcionar desenvolvimento do país, combinando crescimento sustentável com inclusão social.
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4 A Economia Indiana Atual
Atualmente, a Índia é um dos países que mais crescem no mundo: 7.3% ao ano (últimos dados de 2014). Com um PIB de $2.049 trilhões, o país só foi realmente se integrar à economia
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