A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL

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Nas últimas décadas a agricultura sofreu modificações ainda mais intensas que resultaram no agravamento das dificuldades enfrentadas na resolução da questão agrária. O fator gerador dessa intensificação das disparidades na questão agrária foi o capitalismo com enfoque no mercado financeiro. Ou seja, a acumulação de riquezas passou a se dar principalmente no mercado financeiro. Sendo a terra comercializada como uma mercadoria qualquer e ignorando seu inestimável valor social e cultural já que ela viabiliza a permanência do homem no campo preservando sua identidade, dignidade e história.

O desenvolvimento e fortalecimento do modelo de economia baseada em capital financeiro que no agronegócio vem das exportações, é alimentado através das demandas criadas na sociedade como um todo. Sendo que ainda há pouca discussão sobre isso e não percebem o quanto repercute em sua qualidade de vida a questão agrária. Principalmente na alimentação os custos para os consumidores têm aumentado, além disso a qualidade dos produtos ofertados não é das melhores. Como consequência de se transformar bens de grande valor social, ecológico e cultural como as terras e a água em meros ativos de segurança financeira.

No modelo vendido pelo capital, chamado agronegócio, há a compra e venda de ações de empresas do ramo agrícola no mercado financeiro. Com isso os preços da terra e de diversos produtos agrícolas aumentam ano após ano, sem que a riqueza produzida a partir deles chegue ao campo. As commodities negociadas na bolsa de valores não apresentam vantagem para os agricultores familiares, já que os lucros gerados vão para o mercado financeiro e investidores que muitas vezes são de outras nacionalidades. Nesse contexto ainda é possível encontrar no campo pessoas sendo submetidos a trabalho escravo e subempregos nos quais trabalham muitas vezes em troca de apenas um prato de comida e habitam em locais precários sem as condições sanitárias mínimas. Muitos chegam a perecer, na maioria das vezes por conta do excesso de trabalho. Outra situação comum são pessoas atingidas pelo êxodo rural que em busca de empregos na cidade acabam em profissões legalizadas porém mal remuneradas por conta do pouco acesso que tiveram a educação fundamental e nível médio.

É fácil perceber que é falsa a afirmativa de que a questão agrária foi resolvida e não há necessidade de mudanças na utilização e distribuição no meio rural brasileiro. Principalmente após a crise de 2008, com a instabilidade em diversos mercados, o agronegócio brasileiro passou a receber mais investimentos de empresas transnacionais pois se mostra promissor, dificultando ainda mais o acesso dos camponeses a terra e consequentemente a resolução da questão agrária no país.

CONCLUSÃOA questão agrária é muito antiga e ampla. Compreende questões de ordem geopolítica, econômica, ambiental, cultural e principalmente a esfera social. É notória a injustiça social praticada no meio rural brasileiro, enquanto se aplicam tecnologias de ponta nos latifúndios. Os assentamentos, por exemplo, mal recebem infraestrutura básica como saúde e educação garantidas aos cidadãos brasileiros pela Constituição. Não se pode esperar crescimento econômico saudável num país que apesar de rico seus cidadãos não conseguem usufruir desse patrimônio. Desse modo, se faz necessário, além de uma reforma agrária, a fiscalização e comprometimento do governo na implantação das políticas públicas, para que a distribuição de terras seja eficaz na garantia da autonomia e qualidade de vida dos camponeses. Desse modo, ainda é preciso que hajam muitos debates a respeito, bem como a conscientização da sociedade como um todo de que essa questão deve ser prioridade em nosso país.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A questão agrária no Brasil: O debate tradicional – 1500-1960. João Pedro Stedile; Douglas Estevam –1. Ed. – São Paulo: Expressão Popular, 2005. 304p.

A questão agrária no Brasil: O debate na década de 2000. João Pedro Stedile; Douglas Estevam –1. Ed. – São Paulo: Expressão Popular, 2013. 283p.

Reforma agrária: experiências de reordenamento agrário e a evolução da terra no Brasil. – Eduardo Ernesto Filippi – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005. 143p.

O que é questão agrária. José Graziano da Silva – 5. Ed. – Brasiliense, 1984. 108p.