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Saúde da Mulher - Aborto e Mutilação Genital

Por:   •  12/3/2018  •  3.407 Palavras (14 Páginas)  •  344 Visualizações

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clandestinas, que não são legalizadas, mas que são seguras. Segundo relatório da ONU, foi possível constatar que o Brasil é pouco eficiente na discussão e implantação de políticas públicas voltada para as mulheres. E como é de fácil percepção as mulheres negras, pobres e de periferias são as mais vulneráveis, e que menos tem acesso as políticas de saúde materna. Destacando então a opinião de Telia Negrão:

A política nacional para a saúde das mulheres é uma política maternal e infantil, limitada. Não aborda todas as causas que levam as mulheres a morrer e não dá atenção para populações mais vulneráveis. As mulheres continuam morrendo por causas ligadas à gestação, por serem pobres, negras, viverem nas periferias. As mulheres engravidam e abortam e, na medida em que nós temos o aborto proibido, abortam de maneira insegura.

Essa opinião da um destaque ao fato de que quanto mais pobre a mulher maior risco ela corre por causa dos métodos em que ela tem acesso. Existem diversas formas de se induzir um aborto, seja pelas vias clinicas clandestinas utilizando os métodos de aspiração, curetagem, solução salina, histerotomia e nascimento parcial, ou pode-se também ingerir drogas ou bebidas que podem e são abortivas como por exemplo chá verde, RU-486, metotrexato e a prostaglandina. Existem também as formas nada seguras de se introduzir objetos perfurantes na genitália, que, em decorrência da hemorragia, pode-se levar a mulher a óbito em questões de minutos. Muitas dessas mulheres por desconhecimento da situação que precede a ingestão de certos medicamentos ou a perfuração da placenta acabam por não conseguir pedir socorro, onde em decorrência disso acorrem os maiores números de mortes maternas no Brasil.

Hoje é possível o aborto em caso gravidez de feto anencéfalos, de estupro ou se estiver à beira da morte, entretanto, em caso de estupro você é submetido a diversos exames, para que o mesmo seja comprovado. Caso a pessoa tenha condições financeiras para realizar o procedimento, o aborto de certa forma é concedido no Brasil. Como consequência, milhares de mães e adolescentes, diariamente recorrem a abortos clandestinos. São procedimentos dolorosos, e que dificultam a procura por socorro, tanto pela dor instaurada no corpo, quanto pela insegurança, pelo medo dos comentários e perguntas nos hospitais, pela vergonha da vizinhança, e até mesmo por ignorância a respeito da gravidade do quadro em que se encontra a mulher.

O momento de descoberta de uma gravidez não desejada, por si só já é um momento doloroso e de diversas questões, que traz sofrimento não só a mulher mas a todos que estão ao seu redor. O aborto não é um método contraceptivo escolhido pelas mulheres, elas só o fazem quando é realmente necessário, e a gravidez é totalmente indesejada, e somente as mulheres que fazem essa escolha sabem o motivo que as levaram até ali. Diante desta gravidez indesejada a mulher começa a decidir que medidas tomar: manter a gestação e inserir a criança na família, o que para uma gravidez indesejada pode levar a mãe a renegar o filho assim que estiver ao mundo; manter a gestação até o termino e depois tomar medidas legais para doar a criança, ou simplesmente abandona-la; ou interromper a gestação por meio do aborto ilegal e clandestinos.

Um estudo feito pela associação americana de psicologia, comprovou que o abortamento legal não causa danos psíquicos a maioria das mulheres que se submetem ao mesmo, já a outra parcela da população onde o aborto é proibido, sofrem tanto corporal quanto psiquicamente, e a não legalização não as proíbem de fazer, só as deixam fazer por métodos não seguros, e que as deixam marcada em diversos casos, por um grande período da vida.

ABORTO E O FEMINISMO

O aborto é um dos fatores que destaca a desigualdade de gênero pelo simples fato de não deixarem a mulher escolher o que pretende fazer com o seu corpo, não deixarem a decidir o que será mais benéfico a ela. A criminalização do aborto fere os direitos humanos, a qual não permite que a mulher venha a decidir sobre o que é seu por direito: a autonomia.

É no contexto do movimento feminista da década de 1970 que se coloca com intensidade a luta para reformar o Código Penal em relação ao aborto. A legalização do aborto sempre foi para o feminismo o carro chefe de suas reivindicações de direitos humanos das mulheres. Porém, um dos aspectos que mais enfraquecem as lutas feministas da descriminalização do aborto tem sido a impossibilidade de atingir um público maior, já que o filtro dos meios de comunicação e das instituições educacionais e religiosas na maioria das vezes evita falar sobre o tema transformando-o em um grande tabu. E em cada possibilidade de descriminalizar aborto o público conservador contra-atacava, cada vez com maior agressividade, convencendo a opinião pública a ficar a seu favor. Sendo essa o grande desafio enfrentado pelas feministas do Brasil e de países onde o aborto ainda não legalizado ou descriminalizado.

Para o feminismo, defender a descriminalização ou legalização do aborto é lutar por um projeto de sociedade igualitária nas relações de gênero, tendo a igualdade como princípio e orientação para que as diferenças possuem ser convividas e vivenciadas dentro do mesmo espaço. Ao negar a inserção das mulheres à maternidade, afirmando que elas podem ser sim mulheres na sua integralidade e totalidade sem necessariamente ter filhos e fazendo uma desassociação entre sexualidade e reprodução, constrói-se o ponto de partida e cenário necessário para abordar a questão do aborto no âmbito dos direitos humanos e dos direitos reprodutivos e sexuais, onde quebrar esse tabu estabelecido pela sociedade, é a luta diária do feminismo desde a década de 70 até os dias de hoje.

Entretanto, é importante salientar que ainda é difícil imaginar a legalização do aborto sem ser uma luta dos movimentos feministas, contudo, essa associação nem sempre foi direta. As pioneiras do feminismo do século XIX eram totalmente contra o aborto, e ainda comparavam o aborto ao infanticídio. O aborto é uma demanda recente, e que não é implantado por todas as feministas ainda hoje, muitas condenam o aborto, e seus argumentos dizem que o direito ao aborto não só fere os princípios mais básicos do feminismo, como contribui para restringir a liberdade das mulheres, colaborando com a ideia também de que os abortos contribuem para a implantação das distorções sociais que oprimem o sexo feminino, produzindo ainda mais distorções. Seus argumentos também são embasados, no fato de que o aborto seria apenas uma forma encontrada para desviar o foco das mulheres da real questão

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