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Resumo sobre Linguística

Por:   •  30/5/2018  •  1.573 Palavras (7 Páginas)  •  273 Visualizações

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Tento em vista essa problemática, muito recorrente nesse processo de apropriação, do uso e da transformação da linguagem, faz-se necessário um constante trabalho de desconstrução desse preconceito por meio da conscientização a respeito das ideologias por trás delas, que em suma negam a inerente complexidade das manifestações linguísticas. Nesse sentido, na terceira parte do livro, são discutidas as possibilidades de se romper com o círculo vicioso, no qual se dá a transmissão e a perpetuação do preconceito lingüístico, com intuito de libertar esse conhecimento, a fim de que o indivíduo vivencie o fenômeno linguístico de todas as formas e do melhor modo possível.

Para que essa tomada de consciência torne-se efetiva, segundo o autor, alguns passos importantes devem ser tomados, no processo de ensino e apropriação da língua. Dentre eles estão: reconhecer a crise no ensino da língua portuguesa do Brasil, que há um abismo entre a norma culta real, falada e escrita pelas classes cultas brasileiras, e a norma culta ideal, com alicerce no português de Portugal; mudar de atitude ao adotar uma nova postura que implique reflexão, como buscar conhecimento especializado e atualizado acerca dos avanços na ciência da linguagem e da educação, como também, do ponto de vista prático ao estimular, de forma prazerosa e inteligente, outros indivíduos a pesquisar sobre essa e outras temáticas.

Bagno ainda aborda mais alguns outros passos fundamentais para uma compreensão dos fenômenos linguísticos mais condizentes com a realidade brasileira. São elas: analisar os métodos de ensino do português utilizados, com o intuito de fazer com que o sujeito seja um eficiente usuário da língua e de suas formas padronizadas; compreender que não há erro de português e sim erro de ortografia, pois o errar está ligado a um conhecimento secundário e não a um saber adquirido mediante a potencialidade inerente do ser humano de desenvolver, de forma eficaz, uma língua; esclarecer os conceitos de aceitabilidade e adequabilidade, ao fazer uso da língua, tanto na fala quanto na escrita, com a finalidade de evitar a difusão da ideia de que, por não existir erro de português, vale tudo no que se refere ao uso de todas as variações da língua.

Com vista à necessidade e as possibilidades de se romper o preconceito linguístico, o autor ainda salienta a necessidade de entender que a forma como é escrito não deve ser mais importante que o que é escrito, e vice versa, e a importância de combater os preconceitos acerca da linguística. Ao tratar dessa última observação o autor lista algumas considerações importantes para essa constante conscientização. São elas: o falante nativo sabe sua língua sim, por dominar integralmente a gramática ainda nos primeiros anos de vida; a aceitação de que não existe o erro de português e sim o de uma ortografia instituída por decisão política, portanto passível a mudanças; a compreensão de que a língua é um fenômeno dinâmico, no qual os “erros” de hoje podem também ser vistos como possíveis indícios de como será a língua no futuro.

Ainda segundo o autor, acerca das considerações conscientizadoras, é importante respeitar a variedade linguística do outro, uma vez que a mesma reflete a forma como o mesmo existe no mundo e lembrar que o professor de português, por lecionar uma língua que está em tudo e vice versa, tem a responsabilidade de lecionar para o bem desse indivíduo, ao respeitá-lo como ser ativo e passivo no processo de aprendizado e transformação da língua. Nesse sentido, de minimizar os preconceitos que envolvem o uso, o desenvolvimento e o estudo da língua, na quarta e última parte, é discutido o preconceito contra a linguística e os linguistas, por esse dificultar diálogos que objetivam a redução de questões como esse fato social. Sobre mais essa dificuldade, Bagno começa a discussão ao afirmar que é possível conceber e ensinar a língua de duas formas, de acordo com a gramática tradicional (Séc. III a. C.) ou com a língua moderna (Séc. XIX-XX).

Mesmo com os avanços da ciência da língua (a linguística) o que se observa ainda é uma forte influência da gramática tradicional, bastante criticada pelos estudiosos da língua (os linguistas). Ainda segundo o autor, isso se deve ao fato de que a “(...) a língua deixou de ser fato concreto para se transformar em valor abstrato” (p.149). Por esse motivo a gramática tradicional é mantida como mais um dos elementos de dominação de uma pequena parcela da população sobre as demais. Isso pode ser tido como o porquê do preconceito contra a linguística e contra o(a) lingüista, pois à medida que a primeira devolve a língua sua característica inata de fato social, o segunda(o) dissemina esse conhecimento, que consequentemente abala concepções ultrapassadas, que têm a língua como “(...) um valor ideológico (...)” (p.150).

Diante desses fatos, a importância de se dar voz aos estudiosos da língua é tão enfatizada, nesse livro, e é levantado, de forma contundente, o seguinte questionamento: “(...) Por que o discurso gramatical tradicional, já tão

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