REFLEXÃO SOBRE O FILME PERSONA
Por: kamys17 • 1/5/2018 • 947 Palavras (4 Páginas) • 353 Visualizações
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Alma e Elizabet formam duas personas de uma mesma pessoa. Como as duas são muito diferentes, elas parecem se completar. Há primeiro uma comparação com as mãos, que podem significar a individualidade, depois as duas faces, por fim a junção. A simbiose se concretiza na tela pela fusão das duas faces num mesmo rosto. Elizabeth se apodera da personalidade de Alma, formando as duas mentes de um mesmo ser. A fita de Moebius parece caracterizar à perfeição este momento do filme : concretiza a relação Persona/Sombra, Verdade/mentira e sujeito/objeto a.
As imagens iniciais ganham todo o sentido ao final do filme. As Películas de filme, luzes, pênis, mãos de criança, cinema mudo, crivo na mão numa “crucificação” (expiação dos pecados), barulho de gotas de agua pingando, pessoas estiradas em macas fazendo alusão ao necrotério (morte), “cobertor curto” (tentativa de cobrir um lado, descobre o outro), menino que acaricia o rosto da “mãe” ganham o contorno das verdades /mentiras; da angústia da sra. Vogler e da própria Alma; da negação; da luta entre poder e submissão; do ser/não ser e da castração.
Alma parece nunca ter questionado a realidade que a envolvia e, através do relacionamento que estabelece com Elisabet, observa a possibilidade, antes inacessível, de existir outra Alma em si mesma. Alma olha-se a si mesma como é e, na observação atenta de Elisabet (através dela), vê o modo como se representa. Esta presença dupla só é possível, porque alguém escuta com atenção aquilo que ela diz.
Considero este trecho de Lacan bastante apropriado para a compreensão do que o filme deixa entrever sobre Elisabet:
“O neurótico não sabe, e não sem razão, que é o significante enquanto o significante é o apagador principal da coisa; que é ele, o sujeito que, ao apagar todos os traços da coisa, faz o significante. O neurótico quer apagar esse apagamento, quer fazer com que isso não tenha acontecido (Lacan, 1961-1962)”.
No final do filme, as duas mulheres regressam às suas máscaras e aos papéis que representam na sociedade. Alma veste novamente o seu uniforme e Elisabete representa frente às câmaras um novo personagem. Não há verdade que resista, o que sobra são apenas mentiras.
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