Pesquisa sexologia
Por: Kleber.Oliveira • 25/2/2018 • 2.945 Palavras (12 Páginas) • 301 Visualizações
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As mulheres gregas estiveram relativamente em pé de igualdade legal e social com suas contemporâneas orientais: são consideradas inferiores aos homens e constituem propriedade dos pais. Tanto que o pai pode vender a filha como escrava ou prostituta caso perca a virgindade, mesmo por estupro. A autoridade paterna passa para o marido ou para o irmão mais velho se a mulher não se casar. Também são vistas como procriadoras por excelências.
A mulher, na baixa Idade Média, conquista o interior da Igreja institucional. Muraro (1993, p.103) acentua que o “celibato livrava as mulheres não só da sobrecarga da domesticidade e da reprodução, mas também do domínio masculino”. A posição legal e social da mulher da era cristã é praticamente a mesma que a da Antiguidade, pois a liberdade oferecida pelo cristianismo é somente espiritual. As esposas, na definição cristã, são fracas, frágeis, lentas de entendimento, emocionalmente instáveis, fúteis, hipócritas e indignas de confiança no que diz respeito às questões públicas. Além disso, representam uma ameaça sexual.
A moralidade cristã é investida de autoridade religiosa e social, e os padres utilizam uma ameaça eficaz: o fogo do inferno. O cristianismo é severo com a mulher, começando por sua interpretação do Antigo Testamento: Eva é a segunda na ordem da criação (é feita a partir da costela de Adão) e é a origem do pecado, dos sofrimentos e de todos os males (é ela quem tenta Adão). A mulher e o prazer são instrumentos do diabo, destinados a afastar o homem de Deus e da transcendência. Deus é sexualizado na figura de Cristo-homem, enquanto a mulher é valorizada na figura de Maria, enaltecida especialmente por permanecer virgem apesar de ser mãe de Cristo.
O celibato é exaltado pelo modelo de casamento de Maria e José, sem relações sexuais, pela virgindade de Maria e pelo exemplo de Jesus, que viveu solteiro. O sexo, para a Igreja, deve ocorrer apenas no casamento e com o único objetivo da procriação. Toda atividade sexual fora do casamento, ou que seja voltada para o prazer, é condenada como pecado. O casamento monogâmico. O adultério é proibido para os homens e as mulheres, mas o adultério feminino é julgado com maior rigor, por implicar a ilegitimidade da prole e por causar “maior escândalo”. A contracepção é vista como o pecado maior do sexo. O aborto é proibido, mas é menos pecaminoso que a contracepção se cometido até quarenta dias a contar da concepção. O infanticídio feminino também é praticado. (SEIXAS,1998, p. 43)
A partir do século XV, falar de sexo é a forma mais popular de auto-expressão. A nudez entra em moda na pintura e escultura, mas o comportamento sexual da plebe é mais submetido à autoridade da Igreja, enquanto os nobres gozam de total liberdade. O adultério feminino torna-se comum e inaugura-se a era dos bastardos – o filhos das amantes reais são conhecidos como a “nobreza de alcova”. Há uma vulgarização da mulher e a prostituição, passa a ser tolerada e até incentivada. (SEIXAS,1998, p. 65).
No Brasil, no início do século XVI, desembarcam três mil portugueses, homens, para a tarefa da colonização. As mulheres brancas só vêm cerca de cinquenta anos depois. Enquanto isso, os portugueses vão se misturando com as índias e, mais tarde, com as escravas negras africanas. No final do século, há na colônia uma população de aproximadamente cem mil pessoas, entre brancos, negros, caboclos e mulatos. Durante esse século a sexualidade não tem limites. Reina a poligamia, incesto, bestialidade, subjugação de escravas pelos senhores, diferentes formas de cópulas, e inúmeros filhos bastardos na senzala. Essa sexualidade exacerbada é
“resultado direto das relações de poder e dominação e do sistema de produção econômica que marcou a vida colonial – que havia distinguido conquistadores de conquistados, colonizadores de colonizados, senhores de terra de escravos” (SEIXAS, 1998, p.65)
No século XIX, com a Revolução Industrial, surgem as máquinas que tornam possível a fabricação de bens de consumo. A energia mecânica substitui a energia muscular, alterando radicalmente as relações do ser humano com o seu trabalho, com o meio ambiente, com os outros e consigo mesmo.
O séc. XIX assiste a um retorno às normas, à virtude e ao combate à permissividade. É o vitorianismo, uma onda de pudor e recato um tanto hipócrita, pois as pessoas podem fazer tudo, desde que não provoquem alarido público e mantenham as aparências. O namoro é casto, vigiado pelos familiares da moça, e o rapaz faz o pedido de casamento ao pai da noiva, geralmente por escrito. O casamento e o divórcio são legalizados em 1792, através de uma convenção. O lar é valorizado como propiciador de emoções e tem início uma vivência de afetividade nas relações familiares. A mulher se transforma em emissário da Igreja junto ao esposo, que deve corrigir e manter no leito conjugal.
Os homens, privados de viver com as esposas os impulsos sensuais, procuram as empregadas, escravas (nos países coloniais) ou prostitutas. E dessa forma também se faz presente a antiga dicotomia entre a mulher privada e a mulher pública e a prostituta. A Revolução Industrial é acompanhada por um significativo crescimento demográfico nos centros urbanos. A população mais pobre, atingida pela miséria material, entrega-se à promiscuidade e à ausência de moral. O incesto é frequente. A prostituição é combatida e circunscrita aos bordéis. Paradoxalmente, floresce como nunca.
O Brasil do século XIX apresenta uma classe dominante formada por brancos europeus e classes subordinadas compostas de caboclos, negros e mulatos. As relações sociais e a vida familiar são essencialmente patriarcais. Apenas em 1879 as instituições de ensino superior se abrem às mulheres, mas a desaprovação social das universitárias é muito grande.
No discurso médico produzido no Rio de Janeiro, a sexualidade é definida como função orgânica vinculada à necessidade de reprodução da espécie e, portanto, como um dado da natureza. Até o final do século XIX, a sexualidade, do ponto de vista médico, enfatiza duas temáticas centrais e contrapostas: a do casamento, espaço da sexualidade sadia, e a da prostituição, espaço da sexualidade doente. Segundo o diagnóstico médico, a mulher é portadora de instintos sexuais mais aguçados e, portanto, mais propensa do que o homem às anomalias sexuais. O instinto sexual não controlado gera a depravação, o que mostra a construção da concepção de prostituta em oposição ao papel de esposa e mãe.(SEIXAS, 1998, p.83).
No ocidente, no início do século XX, o sexo é considerado
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