O Solstício do Outono – Jung, Junguianos e o Meio Da Vida
Por: Sara • 26/3/2018 • 1.533 Palavras (7 Páginas) • 393 Visualizações
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Várias são as justificativas. Quem permanece na casa dos pais fala do alto custo de vida, das facilidades para guardar dinheiro para aquisição de bens, além de todas as benesses que a casa dos pais oferece. Os defensores da independência relativa alegam que é preciso aproveitar o viver ao máximo sem comprometimentos que impliquem limitações. O paradoxo entre crescer e se independer versus apegos e necessidades de ser cuidado compromete a construção da subjetividade. Segundo um amigo, que se retardou na independência e vive transição difícil com ansiedade, depressão e paralisia, além de enfrentar a resistência sedutora dos pais, “muitos pais que não se preparam para o envelhecimento, que não pensam na própria felicidade, estimulam direta e indiretamente a imaturidade dos filhos, assim se sentem menos abandonados”.
Objetivos:
O meio da vida chega sem avisos e o Self força a porta. Dr. Jung escreveu que “quem se identifica com sua atitude externa, torna-se irremediavelmente prisioneiro de processos internos”. A referência do estudo é o arquétipo do herói Heitor, sua recusa em enterrar o que morreu, a perspectiva da juventude eternamente presente, a atração por honra e glória.
Atualmente a atração não é por honra e glória, mas por sucesso, pelo princípio da celebridade, da fama, da fortuna, das diversões e prazeres sem limites. Esse ideal persiste mesmo em pessoas com idade muito além do meio da vida. O estudo investigará os medos no meio da vida, a rejeição ao envelhecimento como tentativa de manutenção da imagem do jovem sedutor e viril, a atração por tudo que pertence ao mundo dos jovens, a busca por sucesso a todo custo. James Hollis escreveu na Passagem do Meio que, para Jung, “sobrevive ao meio da vida quem quebra o perfeccionismo, não mais busca fama, nem fortuna e nem eterna juventude”.
A monografia mostrará a transição de como algumas pessoas, lidam ou não com as mudanças que o Self exige, se trabalhamos para enterrar o herói e a perspectiva da eterna juventude, se adquirimos consciência do imenso papel dos medos e do feminino na organização psíquica dos homens, se compreendemos o que precisamos ativar interiormente com compensação ao que não recebemos exteriormente, para reequilibrarmos as energias que expressam o outro lado da personalidade.
Problematização:
Por que a crise no meio da vida implica que os homens se tornem psicológicos? Como o Self vivencia essa nova transformação? De que modo a “emergência psicológica” desmente o mito de que a vida adulta é período estável de crescimento? Como se relacionam entre si as pessoas no meio da vida? Qual a consciência da crise?
Apresentação da hipótese:
No meio da vida manifestamos novos comportamentos muitas vezes estranhos, inconvenientes, intempestivos, até mesmo ameaçadores. Alguns amigos falam que foram revirados pelo avesso e paralisados pelos medos ao constatarem que a estrutura organizada desabou.
À medida que a crise se estende, algo maior se revela e exige atenção e espaço, exige ser honrado, e igualmente é temido pela força e determinação com que avança. Sem buscar ou apontar soluções, investigaremos e tentaremos esclarecer como cada um citado no trabalho lida com a pressão assustadora das forças mobilizadoras pela crise e se aceitam ou não as mudanças exigidas pelo Self.
Explicitação do quadro teórico e conceitual:
Serão utilizados na monografia conceitos e teorias da psicologia analítica sobre o meio da vida, o arquétipo do herói e o puer aeternus, igualmente conflitos nos planos físicos, psíquico e afetivo.
Uma das referências será o trabalho de compreensão das mensagens enviadas pelo inconsciente que quando não compreendidas e assimiladas podem se tornar dramáticas ou mesmo trágicas. A Dra. Viviane Thibaudier denomina as reações do inconsciente quando suas mensagens não são compreendidas e assimiladas de “demônios do meio-dia:
ansiedade, depressão, graves acidentes, somatizações invalidantes, AVCs, enfartes, comportamentos intempestivos”, etc.
Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos:
Estudo da bibliografia, artigos, filmes, entrevistas com pessoas no meio da vida. A preocupação central foca as diferentes manifestações na transição, avanços e retrocessos, a luta para se encontrar o senso de integridade pessoal através da coragem para mudar o que se tornou excessivamente unilateral.
Estrutura do trabalho:
- Capa
- Introdução: Comentários sobre a atual sociedade que se recusa a envelhecer. Percepção e experiência pessoal com o meio da vida.
- Capítulo I: Conceitos e teorias da psicologia analítica. Contribuição de Jung e Junguianos à compreensão do meio da vida. A importância dos sonhos como mensageiros do inconsciente.
- Capítulo II: Localização de facilitadores para a transição do meio da vida na atual sociedade. Retomada da jornada da alma para que os homens se curem. Importância da literatura e da psicoterapia junguiana.
- Capítulo III: Comentários e síntese sobre o estudo.
- Conclusão: Comentários sobre a crise na transformação psicológica. O mito do deus Hermes e o correr riscos com o amor.
Cronograma de desenvolvimento:
- Recebimento do projeto: 06/10/2015
- Pesquisa bibliográfica: 07/10/2015
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