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O Serviço Social, a quebra de paradigmas

Por:   •  25/12/2018  •  1.613 Palavras (7 Páginas)  •  600 Visualizações

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A Igreja viu na insatisfação do proletário uma forma de adquirir ainda mais força sobre as massas populacionais e, usando de sua ideologia cristã sobre um grupo desiludido e desesperado, foi conquistando espaço ideológico e obtendo ainda mais devotos.

E em 1932 foi inaugurado o CEAS (Centro de Estudos e Ação Social) de São Paulo como primeira iniciativa de formação de “trabalhadoras sociais”, O CEAS foi se expandindo no Brasil com a doutrina e a prática voltadas para atendimentos individuais, sob a orientação da igreja consequentemente de sua metodologia europeia. Em 1940 surge o Instituto de Serviço Social de São Paulo, uma escola de Serviço Social destinada a homens e com a oferta de bolsas gratuitas, subsidiadas pelo Estado. Essa iniciativa partiu da necessidade de levar o trabalho social para os presídios masculinos, bem como para instituições de internação e correção de menores (sempre com teores ideológicos cristãos).

Percebe-se então um questionamento ideológico dentro da própria igreja católica através de grupos de esquerda; esses questionamentos eram justamente sobre os moldes somente assistencialistas do trabalho, sem a perspectiva de mudança das realidades assistidas. Esses questionamentos foram externados na formação de grupos de discussão entre os profissionais, em longos debates em congressos da categoria, dividindo-os em dois grupos ideológicos: Conservadores (os que queriam manter o modelo tradicional) e os Modernizadores (um projeto de transformação movido pelo debate); com a Ditadura Militar, os debates foram sufocados, só ressurgindo com o processo de renovação do Serviço Social que ocorreu entre os anos de 1967 e 1984. Os eventos deste período foram organizados num primeiro momento por iniciativa do CBCISS (Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social), que envolveu profissionais e professores da área. E depois se articulando com a ABESS1 (Associação Brasileira de Assistentes Sociais).

Citam-se momentos cruciais para a consolidação da reestruturação do Serviço Social, dentre eles destacam-se: A educação por Paulo Freire, a criação do Partido dos Trabalhadores, as “Diretas Já”, e o fortalecimento dos sindicatos. Esse movimento foi amplamente visto no III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, o “ano da virada”, como ficou conhecido 1979, onde se consolidou a destituição do conservadorismo e a ocupação do povo quando a mesa mediadora saiu das posses do governo para entidades populares. Em 1982 então foi introduzida uma nova proposta curricular, fundamentada na teoria marxista do mundo do trabalho e seu materialismo histórico-dialético, pois o Assistente Social atua nas sequelas que as contradições da relação capital e trabalho produzem.

O neoliberalismo, a produção capitalista desenfreada e as condições sociais mínimas causadas por estes, evidencia o trabalho do Assistente Social como tanto a serviço do estado, agindo em áreas como: saúde, educação, assistência social, como com o desafio de romper com práticas exploradoras e alienantes dos dominantes para com os trabalhadores e também em ONG’S (Organizações Não Governamentais), OSCIPS (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e Movimentos Populares, rompendo com práticas clientelistas e assistencialistas que são abominadas pelo Código de Ética (2005).

Devido à repressão histórica que sofreu o processo de reestruturação do Serviço Social, inclusive com a oposição das forças governamentais e da Igreja Católica, ainda hoje é aplicado o Senso comum decorrente dessa alienação ao Serviço Social e à profissão Assistente Social. Findando teorias conspiratórias, historicamente se fala do bloqueio da elite à programas que ameacem sua hegemonia perante as classes mais pobres; quando o Serviço Social “ousou” desafiar essas relações de poder, foi reprimido, evidenciando ainda mais a importância dos movimentos sociais de ruptura dos domínios sociais impostos pela colonização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Serviço Social saiu então da minha concepção por senso comum somente depois do início da graduação; para mim, evidenciou-se uma necessidade e importância não dada pela sociedade ao trabalho realizado, que além de revolucionário, é um agente que provoca a ruptura das relações de poder, levando informação à população, possibilitando o processo de obtenção da autocrítica, citada anteriormente. O Serviço Social não torna as pessoas dependentes, ele age como provedor da busca ativa, fazendo com as pessoas assim que cientes dos seus direitos os proclamem e exerçam suas funções como cidadãos e usuários de direitos constitucionais.

Além de romper o ciclo vicioso do conceito de assistencialismo, auxilia na busca por uma sociedade menos desigual, estabelecendo a assistência desigual para os desiguais em busca então da tão sonhada igualdade.

O maio desafio hoje do Serviço Social é romper com esse estigma ainda posto sobre o trabalho, desvinculando-o do assistencialismo e levar essa informação justamente às classes que não tem acesso.

REFERÊNCIAS

BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética e Serviço Social fundamentos ontológicos. 4 ed. – São Paulo: Cortez, 2006.

CRESS, (Conselho Regional de Serviço Social 6ª Região) Código de ética Profissional dos Assistentes Sociais. In: Coletânea de Leis- Belo Horizonte: CRESS, 2005.

SILVA, Maria Ozanira da Silva e. O Serviço Social e o Popular: resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. 1. ed. – São Paulo: Cortez, 1995.

ASSISTENTE SOCIAL: UM

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