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O Processo de Luto

Por:   •  11/3/2018  •  4.108 Palavras (17 Páginas)  •  319 Visualizações

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Quanto ao fato na verdade até mesmo para crianças que não tiveram perdas é necessário que o adulto esclareça suas duvidas e converse a respeito da morte sendo o mais honesto possível, levando em consideração seu desenvolvimento cognitivo. Crianças pré-escolares acreditam que a morte seja temporária e reversível como acontece nos desenhos animados onde os personagens morrem e tornam a viver (Papalia, OLDS, 2000, pág 365).

Segundo Piaget (1967) quanto ao desenvolvimento cognitivo infantil, conceituou como um processo progressivo de equilíbrio com formas cada vez mais aperfeiçoadas, dividindo em quatro grandes estágios sequenciais com o propósito de definir as diferentes formas de interação; a primeira fase é chamada sensório-motor (0-2 anos) onde não há formado um conceito sobre a morte, e a segunda chamada de pré-operacional (2-7 anos) onde a morte é irreversível, e conforme Piaget percebemos que a cada estágio existe uma estrutura onde é possível à criança representar certos conceitos.

A não funcionalidade (entendimento que as funções cessam com a morte) e universalidade (todas as coisas morrem) estão correlacionadas com os estágios de desenvolvimento cognitivo, de Piaget. A compreensão da reversibilidade das coisas que a cercam ocorre nos estágios operacionais. Se a criança consegue entender o reversível a partir disto ela concebe o conceito irreversível.

A maioria tem o conceito de finitude formado entre os cinco e sete anos, no período de transição do pensamento pré-operacional para o operacional concreto, nesta idade possuem um entendimento sobre a irreversibilidade da morte.

Estudos sobre aquisições do conceito de morte em crianças são importantes, porém o que parece ser um consenso é de que crianças fazem perguntas profundas ou complexas sobre a morte e deixá-la sem resposta ou ignorar, principalmente as pessoas em quem ela confia, é grave, e a mesma tomará por exemplo a ser seguido e deixará de perguntar sobre o que sua percepção lhe diz de fatos que cedo ou tarde ela irá descobrir.

A COMPREENSÃO DA MORTE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA -

07 AOS 14 ANOS

A compreensão da morte na faixa etária entre sete e onze anos é evidenciada pela “negação” à morte. As crianças só passam a reconhecê-la como fator próximo, quando alguém do vínculo social falece. Aos oito anos, a percepção causal da morte, como, idade, doença ou acidente, gera medo do próprio falecimento, bem como, a dos pais.

Entre nove e dez anos, a morte apresenta-se como um ciclo inevitável que todos fazem parte. A criança apercebe-se na morte, foge do fantasioso, mas nega o seu significado emocional. Revela uma espécie de “controle” que, não raramente, preocupa os familiares mais próximos, questionando-nos. Esta necessidade de “controle” resulta de dois motivos: por um lado, junto dos familiares, a criança deseja mostrar-se tão adulta quanto eles e não mostrar vulnerabilidade ou fragilidade; em relação aos pares, inibe os seus medos e expressões normais de tristeza, para que estes não se preocupem consigo não a tratem de forma diferente e mantenham o mesmo tipo de atitude e comportamentos que sempre tiveram. Assim, as expressões emocionais tornam-se ocasionais e ocorrem apenas quando a criança se sente protegida e segura.

As crianças, por vezes assumem funções paternais, procurando ajudar em relação aos irmãos mais novos, sendo mais solícitos face ao pai ou mãe. Nesta idade, é igualmente comum a culpabilização, ou seja, a criança preocupa-se sobre o que “poderia ter feito” ou “não deveria ter feito” para impedir ou evitar a morte.

No caso de morte súbita, podem surgir comportamentos fóbicos e, mais especificamente, hipocondríacos.Já a relação do adolescente, frente à morte e suas reações à perda de um ente querido, são peculiares. Por estar em construção quanto a sua personalidade, o adolescente compreende a morte, porém, volta-se para se adequar ao mundo, tampouco preocupar-se com sua finitude. Pois as perdas enfrentadas pelos adolescentes são bastante significativas, das quais se destaca as perdas do corpo infantil, o que está associado às transformações corporais e fisiológicas correspondentes, a perda dos pais da infância e da identidade e do papel infantil descritos por Aberasturye Knobel (1981). Efetivamente, o confronto com morte na adolescência pode esgotar as limitadas estruturas defensivas inerentes a essa fase de desenvolvimento, precipitando respostas radicais (Kastenbaum, 1986).

A perda de um dos pais na adolescência pode comprometer o processo de aquisição da independência e da autonomia adulta pelo jovem. Entretanto, a morte de um colega, de um amigo íntimo, pelo fato deste ocupar um lugar importante na vida do adolescente, podendo até suprir necessidades de ordem social e emocional negligenciadas pela família (Skalar&Hartley, 1990), pode ser igualmente desestruturante, principalmente porque perdas de pessoas próximas e parecidas com ele mesmo têm a força de alertá-lo vigorosamente sobre sua vulnerabilidade e mortalidade, na medida em que sua fantasia de imortalidade é questionada, especialmente se essas perdas são repentinas, como, em casos de suicídio e homicídio (Gordon, 1986; Schacter, 1991/1992).

A necessidade de não transparecer qualquer tipo de afeição provocada pela morte é ainda mais intensa na adolescência, nomeadamente, em relação aos pares. Os adolescentes tendem a viver a morte em privado e denotam maior dificuldade em expressar emoções. Consequentemente, tende a rejeitar e suprimir o luto, visto como indigno, vergonhoso, e também sinônimo de fraqueza de caráter, prestando-se apenas para exacerbar desnecessariamente a dor (Ariès, 1977, 1982).

Considerando que a adolescência é um fator de risco para o luto, verifica-se que, à semelhança do que acontece na sociedade, a família não tem desempenhado a contento o papel de fonte de suporte para o adolescente enlutado. O mesmo se pode dizer da escola, particularmente dos professores, que podem ser surpreendidos por situações de morte e luto com as quais não estão preparados para lidar, nem na prática e nem emocionalmente.

O objetivo é evidenciar que desde a infância as pessoas têm o contato com as perdas, mas é a partir da adolescência que se compreende o significado da morte. Trata-se de um assunto difícil de entender até para os adultos, para os pequenos e adolescentes é ainda mais confuso, por isso, eles precisam de todo o apoio e sinceridade

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