O JOGO E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Por: Hugo.bassi • 7/6/2018 • 2.032 Palavras (9 Páginas) • 306 Visualizações
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criança não consegue abstrair, por isso seus pensamentos se refletem em forma de ação. A criança que domina o mundo ao seu redor é a criança que se esforça para atuar neste mundo. E segundo Piaget (1978, p. 93),
...a criança tenta usar livremente seus poderes individuais, reproduzir suas próprias ações pelo prazer de ver-se desempenhá-las, numa palavra, para expressar-se e para assimilar, sem sofrer o empecilho da necessidade de acomodar-se ao mesmo tempo.
As apresentações lúdicas desenvolvem na criança vários aspectos positivos, entre eles o ato de questionar, buscar soluções resolver seus próprios problemas tornando-a mais independente. Conciliar as brincadeiras, que também são atividades lúdicas, próprias da infância, ao processo ensinoaprendizagem deve ser uma relação natural e indispensável na hora da aula. No regime educacional vigente costuma-se desvencilhar o brincar do aprender, enquanto que ambos devem fazer parte do mesmo objetivo à construção do conhecimento e segundo Piaget (1978, p. 98),
Se a criança começa a arrumar cubos de acordo com o seu tamanho e forma, por exemplo, está passando do mero jogo à construção do conhecimento, passo intermediário entre o brinquedo e o trabalho adaptado (conhecimento matemático).
O uso do lúdico como parte de uma metodologia educacional possibilita o desenvolvimento educacional de potencialidades de forma harmoniosa respeitando os aspectos biológicos e psicológicos em cada fase da escolaridade. Tratando-se da Educação de Jovens e Adultos apoiada em atividades lúdicas é muito importante que esses alunos tenham esses momentos de aprendizagem com descontração o, pois embora não sendo mais criança, um dia já foram e já aprenderam muito com isso. O papel do professor durante a aplicação dos jogos e atividades lúdicas deve ser o de provocar a participação coletiva e desafiar o aluno na busca de encaminhamento e resolução dos problemas, pois é através do jogo que podemos despertar e incentivar o espírito de companheirismo e de cooperação, quando gradativamente vai assumindo e compreendendo sua posição como membro de um grupo social. Segundo Vigotski (1991, p. 32),
...o poder do adulto deve ser reduzido porque a criança só pode constituir regras morais e conhecimentos quando está livre para chegar às suas próprias conclusões de forma autônoma.
Para que os jogos se mostrem produtivos, o professor deve buscar neles um instrumento, um facilitador de aprendizagem. O jogo é uma técnica muito propícia para a compreensão de muitas estruturas s e de muitos conteúdos. Piaget (1978, p.19) afirma que:
para os jogos contribuírem pedagogicamente com o processo de construção do conhecimento é preciso: diminuir o autoritarismo (poder de mando) do professor, criar situações para o desenvolvimento da autonomia, incrementar as ações que favoreçam a troca de opiniões e sugestões sobre as questões surgidas durante a atividade.
É preciso incentivar e desafiar o aluno, criando um ambiente propício para o desenvolvimento do pensamento crítico e a tomada de decisões a respeito de seu grupo social. É fundamental que os alunos participem dos jogos, da discussão das regras de jogar, da sua participação como elemento do conjunto de jogadores. Mas o importante mesmo é a participação e não a eliminação. O fundamental é jogar do início ao fim. Só existe jogo se houver a participação, tanto dos perdedores como dos vencedores. E segundo Kishimoto (1994, p. 24)
[…]] o jogo, por ser uma ação voluntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa nem um resultado final. O que importa é o processo em si de brincar que as crianças se impõem.
Dentro desses princípios, a espontaneidade do aluno, bem como as atividades culturais, que não são denominados de jogos tradicionais, podem contribuir para a construção do conhecimento. Deve-se ter cuidado para não transformar uma atividade lúdica em uma atividade mecânica, repetitiva, que visa principalmente atingir os objetivos da educação formal. Quando buscam-se apenas os conteúdos escolares, há uma transformação em atividades didáticas que têm como finalidade o produto e não o processo. No conceito de jogo o mais importante é o processo.
Neste processo estão a busca, as descobertas e a apropriação do mundo onde os seres humanos inventam e reinventam palavras, ações, objetos, leis e normas. Os jogos, historicamente, são criados e recriados pelo homem. A criança, que é um ser em pleno processo de apropriação da cultura elaborada historicamente, precisa participar dos jogos de uma forma espontânea e criativa. Só assim elas serão curiosas, críticas, confiantes e participativas na resolução de problemas relacionados ao conhecimento necessário para a apropriação do mundo da cultura. A imaginação é um processo psicológico, representa uma forma especificamente humana de atitudes conscientes, ela surge originalmente da ação. A imaginação nos adolescentes e nas crianças em pré-escolar é o brinquedo em ação. Quando o desejo da criança não é imediato satisfeito, ela imagina, faz de conta que está vivendo este desejo, entende as motivações que dão origem ao jogo. Com os jovens e adultos, não é diferente, eles devem ser estimulados a serem criativos e participativos, mediante comportamentos que os possibilite. Como todo o brinquedo é a realização na brincadeira das tendências que não podem ser imediatamente satisfeitas, então os elementos das situações imaginárias constituíram uma parte da atmosfera emocional do próprio brinquedo. Para Piaget (1978, p. 94), “estreitamente ligada ao jogo está a brincadeira em que a emoção é manifestada em uma progressão gradual, até que se torne suportável”. A situação imaginária de qualquer forma de brinquedo e jogo já contém regras de comportamento. Ao analisar o brinquedo e o jogo o pesquisador tem demonstrado que os jogos puros com regras são jogos com situações imaginárias. Nessas formas de jogo, como assinala Piaget (1978, p. 95),
... a criança amplia sua consciência através de novas experiências ou se vinga da realidade pelas que lhe são agradáveis. Pode inclusive antever os resultados de suas ações e projetar, em sua imaginação, as conseqüências que adviriam se desobedece às instruções ou se envolvessem problemas.
Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. Vigotski (1989, p. 38) conclui a discussão sobre o brinquedo e o jogo mostrando que são fatores importantes no desenvolvimento da criança; demonstra o significado de uma predominância de situações imaginárias para a de regras; as transformações
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