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O CABELO CRESPO COMO FORMA DE VALORIZAÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA

Por:   •  29/11/2018  •  1.535 Palavras (7 Páginas)  •  373 Visualizações

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Na procura de emprego estas significações também aparecem como fatores geradores de mudanças no cabelo e na construção da identidade. Ao se arrumar para uma entrevista de emprego muitas mulheres primeiramente pensam se elas serão aceitas ou não com o cabelo natural, recebendo muitos e muitos conselhos para que não se use o cabelo Black, nem tranças como o dread, parra mudar o estilo de cabelo para serem bem aceitas. Algumas empresas, independente da habilidade profissional que o candidato negro tenha ele é recusado, por conta de sua aparência, em outras palavras, o seu cabelo. Não é preciso que permanentemente renuncie-se à maestria de ser uma pessoa que se auto define para ter sucesso no emprego, essas relações estabelecidas a cerca deste fator explicitado acima passa a impedir que excepcionais profissionais adentrem no mercado de trabalho e mostrem seu potencial.

Considerando o ser humano como “livre” em sua vida o cabelo também deve fazer parte da concepção subjetiva de cada mulher negra de que são livres para usar os cabelos sem refletir antes de tudo sobre as possíveis implicações negativas, deixando-o movimentar na direção que desejar sem se importar com comentários maldosos e negativos.

Uma grande parte das mulheres negras utiliza-se de um subterfúgio de sobrevivência acreditando ser mais fácil e prático ter êxito e viver na sociedade com o cabelo alisado e domado, que os problemas são reduzidos, o tempo gasto é menor. Entretanto é expressamente podante e abafador da expressividade de cada ser humano. Independentemente da forma como a mulher negra utiliza seu cabelo é notório que o nível de sofrimento mediante a opressão e exploração racista e sexistas afeta sumariamente a medida que nos sentimos eficiente no amor próprio e na afirmação de uma presença autônoma aceitável e agradável para si mesmas.

A realidade é que o cabelo alisado esta associado historicamente e atualmente a um sistema de dominação racial que é incutida nas pessoas negras, e especialmente nas mulheres negras de que não são aceitas como são porque não são belas (Bell Hooks, 2005). São raros os salões especializados em cabelo natural como forma de valorização da identidade negra, mas existem e vem se tornando cada vez mais frequente. De forma indireta esses salões contribuem para que a mulher negra se reconheça como bela, se aceite e acredite que o cabelo reforce a sua própria individualidade e identidade indo ao encontro da busca pela valorização da sociedade à estética negra. Assumir o cabelo natural não envolve apenas a aparência, mudança de visual ou estético, mas um incentivo para os conceitos de negritude de cada uma. O assumir simboliza um grito de liberdade de uma realidade racista, preconceituosa e sexista cheia de padrões e estereótipos estereotipados.

O mercado capitalista também incorporou a grande demanda de produtos de beleza e cosméticos para cabelos naturais e crespos e ondulados incentivando até certo ponto a valorização do cabelo crespo. O essencial é que o cabelo seja sincero à sua dona como uma importante forma de representar a identidade e personalidade, como a música de Gal Costa: “Cabelo quando cresce é tempo, cabelo embaraçado é vento. Cabelo vem lá de dentro, cabelo é como pensamento”.

É de grande importância que a mulher negra se posicione, reflita criticamente a cerca desses processos que envolvem o cabelo crespo relacionado com a valorização da identidade e façam resistência ao racismo, ao sexismo que é propagado nas grandes redes midiáticas e no dia a dia rotineiro, adquirindo uma consciência crítica que as habilitem para explorar as questões de raça e beleza (corporal e dos cabelos) para que possam pautar suas escolhas de uma perspectiva política e social.

Quando eu pude fotografar e experienciar duas mulheres jovens negras de cabelo crespo com toda resistência, atitude e que vai de encontro à opressão valorizando a identidade e o cabelo crespo como uma coroa, uma armadura é impossível não ser tocada, não ser contaminada por toda essa força e valorização. Enfatizando, portanto, de forma excepcional todo o tema trabalhado neste ensaio. Aí se então a produção de presença propagada por Hans Gumbrecht.

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REFERENCIAL TEÓRICO

HOOKS, Bell. Alisando nosso cabelo. Revista Gazeta de Cuba – Unión de escritores y artista de Cuba, jan-fev. 2005. Tradução do espanhol: Lia Maria dos Santos.

LODY, Raul Giovanni. Cabelos de axé: identidade e resistência. Rio de Janeiro: Ed. SENAC. Nacional, 2004. p. 119 e 123.

Eu, mulher, psicóloga e negra. Psicol. cienc. prof. [online]. 1984, vol.4, n.2, pp.10-15. ISSN 1414-9893. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98931984000200004.

CORADINI, Angela Mastella; GALINDO, Dolores Cristina Gomes; LEITE, Jose Carlos. HANS GUMBRECHT: CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR NO EXTERIOR DA CLAUSURA HERMENÊUTICA. Ciências & Cognição, [S.l.], v. 20, n. 2, set. 2015. ISSN 1806-5821. Disponível em: . Acesso em: 19 Abr. 2016.

SATO, Leny. Olhar, ser olhado

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