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GEORGE HERBERT MEAD

Por:   •  30/4/2018  •  2.756 Palavras (12 Páginas)  •  252 Visualizações

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O envolvimento prático de Mead na educação e política embora tenha recebido pouca atenção teve grande influencia em sua teoria. Não foi por acaso seu chamado para o desenvolvimento de uma psicologia social justamente por sua importância para uma teoria científica da educação, Mead escreveu diversos artigos onde descreve os passos fundamentais para uma psicologia social. Em 1900 Mead começou a dar aulas em psicologia social e sua importância para o desenvolvimento da sociologia logo foi reconhecida pelo professor patrono da cadeira de sociologia. Nessa época, Chicago já era uma grande metrópole industrial. A população, em rápido crescimento, era em grande parte constituída de imigrantes de primeira geração - trabalhadores inexperientes ou semi qualificados. Nessa época, Mead se comprometeu fortemente com a luta pelos direitos da mulher e pelo sufrágio feminino. Envolveu-se com a reforma do código penal juvenil. Era sócio de vários comitês de arbitragem de greve e também atuava em comissões públicas que visavam reformas sociais. Foi tesoureiro do movimento social de apoio aos imigrantes (Settlement House Movement) e tornou-se amigo pessoal da filósofa feminista Jane Addams.

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- Pressupostos teóricos - Teoria Meadiana

Mead criou um programa para a produção de um conhecimento científico que permitiu o surgimento de uma nova perspectiva em psicologia social; elaborou diversos conceitos para melhor compreender a relação entre indivíduo e sociedade. Sua teoria ampliou a reflexão sobre o processo de interação social, significando a linguagem como elemento central para a formação social do self e da gênese constitutiva das identidades psicossociais. Para assimilar e comprovar a importância da teoria meadiana, podemos destacar alguns de seus conceitos que foram apropriados como auxilio científico da teoria social. Nesse intuito, indicamos partes representativas dessa condição no trabalho em parceria dos sociólogos Berger e Luckmann e da obra do filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas, por entender, se tratar de autores referidos dentro do campo de estudos da psicologia social.

Ao eleger a construção social da realidade enquanto objeto primordial da disciplina sociológica, Berger e Luckmann (1966/2004) destacam em seu livro os autores que contribuiriam para essa empreitada teórica; dentre eles, citam Marx, especialmente seus primeiros escritos; Helmuth Plessner e Arnold Souza. “George Herbert Mead: contribuições para a história da psicologia social” Gehlen pelas implicações antropológicas; Durkheim pela introdução de uma perspectiva dialética derivada de Marx; Weber e sua teoria sobre a constituição da realidade e, por fim, enfatizam: “nossos pressupostos sócio-psicológicos, especialmente importantes para a análise da interiorização da realidade social, são grandemente influenciados por George Herbert Mead” (Berger & Luckmann, 1966/2004, p. 31). Habermas (1988) indica que nesse mesmo processo intersubjetivo de interiorização da realidade, dialeticamente ocorre à individuação do sujeito em meio a estes processos sociais.

Percebemos, com estas leituras, que os autores acima referidos, destacam a importância da linguagem, pois intrínseca a esses fenômenos psicossociais citados. A importância dada à função da linguagem foi descrita por George Mead (1903), ao considerá-la como o medium fundamental que possibilita a formação do self no processo de interação entre o indivíduo e a sociedade. “A linguagem usada na vida cotidiana fornece-me continuamente as necessárias objetivações e determina a ordem em que estas adquirem sentido e na qual a vida cotidiana ganha significado para mim” (Berger & Luckmann, 1966/2004, p. 38). Para Habermas, ocorre uma guinada pragmático formal quando Mead atribui primazia à linguagem como possibilidade de entendimento, de cooperação social, e como elemento constitutivo da consciência. Mead tem outro mérito, no meu entender, que é o de ter acolhido certos motivos encontráveis em Humboldt e Kierkegaard: que a individuação não é representada como a auto-realização de um sujeito auto-ativo na liberdade e na solidão, mas como um processo linguisticamente mediado da socialização e, ao mesmo tempo, da constituição de uma história de vida consciente de si mesma. A identidade de indivíduos socializados forma-se simultaneamente no meio do entendimento linguístico com outros e no meio do entendimento intersubjetivo-histórico-vital consigo mesmo. A individualidade forma-se em condições de reconhecimento intersubjetivo e de auto entendimento mediado intersubjetivamente. (Habermas, 1988, pp. 186-187).

A linguagem, base e instrumento do acervo cultural e simbólico de uma sociedade é o mais importante sistema de sinais humano, pois se torna repositório de vários tipos de acumulações de significados e experiências que se perpetuam sendo transmitidas para diferentes gerações. Para Berger e Luckmann, essa transmissão seria mediatizada pelos “outros significativos”. Em relação a isso, afirmam os sociólogos: “O termo ‘outros significativos’ foi tomado de Mead.” (1966/2004, p. 71). E acrescentam que o conceito de “outro generalizado”, também utilizado por eles, é usado inteiramente no sentido que lhe foi dado por Mead. A formação na consciência do outro generalizado marca uma fase decisiva na socialização. Implica a interiorização da sociedade enquanto tal e da realidade objetiva nela estabelecida e, ao mesmo tempo, o estabelecimento subjetivo de uma identidade coerente e contínua.

A sociedade, a identidade e a realidade cristalizam subjetivamente no mesmo processo de interiorização. (Berger & Luckmann, 1966/2004, p. 179). O conceito meadiano de outro generalizado nos lembra (Sass, 2004), se constitui em um elemento de mediação entre o indivíduo e a sociedade, ou seja, é a forma concreta com que esta opera sobre aquele. “No pensamento abstrato o indivíduo adota a atitude do outro generalizado” (Mead, 1972, p. 155). Mead, pesquisando sobre a formação social do self, ressalta a importância constitutiva de sermos capazes de nos colocar no lugar do outro pela assimilação ampla de papéis sociais; advém daí sua análise sobre o caráter funcional dos jogos e dos esportes infantis, subdivididos, por ele, didaticamente, em dois estágios (jogo e esporte).

No primeiro estágio, a criança se relaciona com sua sociedade à medida que toma para si papéis sociais; é capaz, em brincadeira, de tornar-se, descompromissadamente, médica, mãe, motorista, jogador, professora, etc. Já no segundo estágio, a criança começaria a participar do jogo com regras, como no esporte, por exemplo,

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